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terça-feira, 3 de março de 2009

E se eu bebo?


Tem gente que não suporta quem é feliz. Que literalmente se irrita em ver alguém alegre, satisfeito, empolgado e tal. Os chefes e alguns professores são especialistas nisso. Certa vez, o David Coimbra escreveu uma crônica genial sobre esse assunto. Sugeriu que você sempre esteja de carranca no trabalho, como se estivesse preocupado com algo importante. Eu, particularmente, conheço algumas pessoas assim, e que não são meus chefes nem professores.
São pessoas que ficam trabalhando o tempo inteiro, então, elas se irritam se você aproveitou, por exemplo, o feriado ou o final de semana. Elas não falam, mas está estampado na carranca delas. Você faz um comentário sobre como estava bom e divertido o jantar na pizzaria nova da cidade, e ela puxa conversa com outra pessoa, te deixando a falar sozinho, como um louco. É simplesmente proibido ser feliz. Tem que trabalhar para ganhar mais dinheiro, para colocar todos aqueles brinquedos caros dentro de uma caixinha, sem aproveitá-los, enquanto trabalha mais, para acumular mais, e vai enchendo a caixinha cada vez mais, sem aproveitar nada, e sem deixar que ninguém brinque com os seus brinquedos, afinal, eles são SEUS!
Que cosa. Eu tento entender essas pessoas, mas não consigo, de jeito nenhum. E o pior: elas ainda admiram aquelas outras pessoas que acumularam muitos brinquedos levando vidas mais miseráveis do que muita gente que vai no baile funk na favela no sábado de noite leva. Quem se diverte é vagabundo (ou Arionzinho). Quem trabalha feito um louco, sem aproveitar nada, mantendo a pose perante a sociedade, por mais falcatruas que faça as escondidas, é digno de admiração. Confesso que não entendo essa lógica, e acho que nunca vou conseguir entender.
Eu sempre trabalhei relativamente bastante (mas não demais, porque faz mal) e sempre estudei num ritmo legal, ao ponto de chegar aonde sempre sonhei, que é ao mestrado na minha área, pesquisando aquilo que eu gosto, e me mantendo ativo como jornalista. Mas nem por isso abri mão de aproveitar a vida, de me divertir e tudo mais. Aliás, acho que o segredo está em ter prazer no que se faz, ora pois! Assim, você sente prazer enquanto trabalha, enquanto estuda, e sente mais ainda ao sair para se divertir, conversar com os amigos, namorar, passear, viajar etecétera & tal. A vida se torna bela! Quanto clichê, devem estar murmurando os meus milhares de leitores tupiniquins.
Mas vou dar um exemplo, sem citar nomes, para evitar novas censuras, ainda mais tratando-se de um advogado. Tem um amigo meu, que conheço desde os tempos de colégio. O cara sempre foi o mais festeiro da turma, e sempre curtiu os belos prazeres da vida, como por exemplo, sair, fazer festa, viajar, beber, namorar, ver jogos do Grêmio e tudo o mais. No entanto, o cara sempre foi bem no colégio. Sem muito esforço, entrou em uma das universidades federais mais concorridas do país, e, agora, parece que com menos esforço ainda, ele passou em um concurso público federal para a sua área e vai receber um caminhão de dinheiro, que vão lhe garantir mais condições para aproveitar ainda mais a vida. Eis um caso de um cara bem sucedido. Não por só fazer festa, nem por só trabalhar. Mas sim, por saber dosar os dois. O cara pode curtir a vida sendo um ótimo profissional, e, como diria o Jardel, vice-versa. E digo mais: acredito que você pode fazer tudo isso, e ainda manter um relacionamento sério, constituindo uma família, formada por várias pessoas semelhantes a VOCÊ, até que seus sucessores dominem o mundo! Ta bom, ta bom, me empolguei demais, mas é por aí...
Voltando a realidade, você deve estar irritado pelas obviedades que acabo de dizer, mas acreditem, tem muita gente que só aceita estar em um dos lados, se é que existe lado em algo indefinido como um círculo, que é como são as nossas vidas...
Ah, e só para encerrar: curti o carnaval pra carajo! E se eu bebo? É problema meu...

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