Triângulo das águas
Enfim, terminei de ler Triângulo das Águas, vencedor do Prêmio Jabuti de 1984. São três novelas, sendo que, nas duas primeiras, considerei o texto como uma espécie de poesia em prosa. Trata-se de um punhado de idéias e misticismos colocados em meio a acontecimentos confusos. Admito que, após terminar a segunda novela, quase desisti de ler o livro, pensando “esse é o livro mais viajandão do Caio, e possivelmente o pior”. Entretanto, a última novela, intitulada “Pela noite”, que é a maior das três, salva a obra. Creio ainda que foi graças a ela que Caio Fernando Abreu ganhou o Jabuti de 1984.
Não vou tentar explicar o inexplicável aqui (afinal, poesia não se entende, se sente) dos dois primeiros textos. Vou direto ao terceiro. Trata-se de uma história de dois caras que praticamente não se conhecem, e que resolvem passar a noite juntos (conversando, passeando, e não fazendo aquilo que o malicioso leitorinho está pensando). O relacionamento deles, que logo se percebe que é gay, sim, acaba englobando questões que, na verdade, se aplicam aos casais homossexuais, heterossexuais, pamsexuais, e por aí vai. Enquanto um dos caras viveu dois relacionamentos de longo prazo (um com uma menina, que durou 6 anos, e outro com um cara, que durou 10 anos), o outro nunca namorou firme com ninguém, sendo um legítimo “deixa a vida me levar”, ficando, no máximo, um ou dois meses com a mesma pessoa. Apesar das diferenças, vai pintando um clima entre os dois, que começam a noite no apartamento de um deles, vão para um restaurante heterossexual e dali vão para um lugar gay e assim segue a noite. Aliás, durante a saída, eles acabam vivendo várias etapas de relacionamentos: conhecimento mútuo, discussões, reflexões, ciúmes, brigas, cenas novelescas, silêncios, etc. Inclusive, numa breve separação dos dois, no meio da madrugada, em uma balada, um deles pensa:
“Desejou que ele estivesse logo de volta, para dizer coisas sem sentido, para se mexer, para ferir e ferir-se, para sorrir de lado, esfregar as mãos fazendo estalar as juntas dos dedos, uma saudade prévia, para ficar perto e fazê-lo rir de susto, de prazer, etc”. Por isso que, independente da opção sexual de Caio, ele acaba englobando sentimentos e relacionamentos que são comuns a todos os tipos de casos, namoros, ficadas, casamentos, separações, etc. E é por isso que ele é um escritor universal.
Bom, findado esse livro, vou tirar no cara ou coroa o próximo, que pretendo ler até o final de semana: “O jogador”, de Dostoiévski, ou “A dama das camélias”, de Alexandre Dumas Filho. Provavelmente eu opte, ainda hoje, pela segunda opção.
Salve, salve Brasil!
Hasta!
4 Comentários:
Num esforço conjunto e hercúleo aumentaremos a média nacional caro Dudu! Me abasteço na biblioteca da escola, e vez por outra nos sebos em POA. É um vício, hehehehehe!
Por isso comecei a escrever no blog, já estava saindo letra pelas orelhas!
Por Marcos, às 21 de dezembro de 2010 às 14:35
mui bien
Por Carolina, às 21 de dezembro de 2010 às 16:25
Cara ou coroa porra nenhuma! Dumas Filho de cu é rola, rapá! Vai ler Dostoiévski!
Por ababeladomundo, às 22 de dezembro de 2010 às 02:58
tarde demais, caro ababelado, já comecei com o Dumas Filho. O dost fica pra dpois.
Por Eduardo, às 22 de dezembro de 2010 às 06:15
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