A arte de secar
Secar, no futebol, é uma arte. Não basta simplesmente assistir ao rival perder, tem que torcer, ficar nervoso, vibrar e comemorar a derrota alheia. Durante boa parte da década de 1980 e durante toda a década de 1990 os colorados foram especialistas nisso. Compraram camisas do Palmeiras do Luxemburgo, do Corinthians do Marcelinho Carioca, do Flamengo do Romário, do Nacional de Higuita e Aristizabal, do Ajax de Kanu, Finidi, Litmanen, Davids, dos irmãos De Boer e Cia, e por aí vai. Dia desses, numa estação de ônibus aqui em Porto Alegre, cruzei com um cara que estava vestindo a camisa do Ajax de 1995... Murmurei comigo mesmo “aguarde...”.
E, como diria o Renato Russo, quem acredita sempre alcança. Aprendemos com os colorados a arte de secar. Admito que começamos de forma mal-sucedida. Em 2006, não adiantou secar o Inter contra o Barcelona. Mas nos aprimoramos nessa arte, afinal, o artista não nasce feito, ele precisa praticar para tornar-se efetivamente um artista. E eis que, depois de secarmos com inigualável sucesso o Goiás contra o Independiente, fizemos, na última terça-feira, em todas as cidades do Rio Grande do Sul, a maior secação da história do futebol mundial, e, graças a essa arte e a incompetência do Celso Roth e seu time, que demonstrava há tempos uma mediocridade bisonha, o Inter perdeu para uma equipe semi-amadora e desconhecida da República do Congo! Mazembe ou Mabemze? Benzer? Talvez, se tivessem benzido os colorados a história teria sido diferente...
Em Porto Alegre, foi um festival de carros buzinando, gremistas gritando Mazembe, e colorados andando pelas ruas, enrolados em bandeiras, com os olhos vermelhos, andando feito baratas tontas, sem saber para onde ir. Inclusive, antes da bola rola já tinha visto dois ou três zanzando com a camisa preta e branca do Mazembe. Esse é o novo sucesso dos muambeiros da capital.
Enfim, independente de quem foi o culpado (Roth, direção, jogadores), o fato é que o Inter segue fazendo história: pela primeira vez o Mundial Interclubes não terá um sul-americano na final. Não há como negar que esse é um fato que ficará para a história.
CORNETA – Às vezes a gente arrisca a perder o amigo para não perder a piada. Dessa vez, em meio à imprensa santo-angelense majoritariamente colorada, arrisco perder a coluna, mas não vou perder a corneta. Os colorados achavam que tinham duas possibilidades nesse Mundial. Na primeira, eles seriam bicampeões mundiais e passariam o Grêmio: duas Libertadores e dois mundiais colorados contra duas Libertadores e um mundial gremista. Na segunda hipótese, eles se igualariam ao Grêmio: duas Libertadores, um mundial e um vice-mundial para cada um. Entretanto, como no futebol há um infindável número de possibilidades, eles conseguiram o que parecia impossível: permanecer atrás do Grêmio. Com o Inter perdendo nas semifinais, o Grêmio segue na frente. Agora são duas Libertadores gremistas, um mundial e um vice-mundial contra duas Libertadores coloradas e apenas um Mundial! Tu vês.
Um bom final de semana a todos. E, como a língua oficial do Congo é o francês: Au revoir!
* Texto que será publicado no Jornal das Missões deste sábado.
6 Comentários:
Mas tem uns poréns......mundial toyota era uma coisa, mundial fifa é outra.....e como tudo é relativo, também dá para dizer que o grêmio foi último em 1995, não é mesmo?
Por Silvério, às 16 de dezembro de 2010 às 15:30
Recordar é viver. Segue a escalação completa daquele timinho do Ajax que empatou com o Grêmio em 1995.
Van der Sar
Reizeger
Blind
F. de Boer
Bogarde
R. de Boer
Davids
Litmanen
Finidi
Kluivert
Overmars
Era simplesmente a base da seleção Holandesa que chegou à semifinal contra o Brasil em 98 - o time que,a até perder para o time do zagalo nos pênaltis, vinha jogando o futebol mais bonito da copa. Não tem um jogador ruim nessa lista. O time ainda se dava ao luxo de ter o Kanu, carrasco do Brasil nas Olimpíadas de Atlanta, no banco!!!
Não faz nem sentido comparar aquele empate heróico que o Grêmio arrancou da melhor equipe que o mundo viu jogar naquela década com a derrota patética do milionário Inter para um desconhecido time da República do Congo. E eu tenho certeza que os colorados, no fundo, sabem muito bem disso.
E é isso.
Por ababeladomundo, às 17 de dezembro de 2010 às 10:17
O leitor tem razão, é um dos maiores fiascos de todos os tempos (sem ironia). O Grêmio sempre é heróico, mesmo quando sofre contra o Náutico. O problema é que a felicidade gremista em 2010 se resumiu a receber técnico em aeroporto, chegar na frente do colorado no brasileiro, em quarto, que dá acesso a uma repescagem na libertadores.....ver o fiasco colorado....ah e heroicamente ganhar o título de musa do brasileirão. Gauchão já não vale para nenhum, cada um ganha um ano, qd não é um de Caxias. Mas a roda gira, ali na frente estará por cima e o outro por baixo. E eu tb tenho certeza de que o que os gremistas mais querem é jogar um mundial Fifa...em 2007 quase deu, mas o Riquelme fez aquela desgraceira....vamos torcer em 2011. Mas a relatividade continua, chegar em segundo em torneio de dois é último.
E tanto faz tb, tudo é um jogo e como não ganho R$ 200.000 por mês, vou trabalhar para pagar as contas...rerere
Tá vendo Eduardo, os textos de futebol já estão rendendo um pouco!
Por Silvério, às 17 de dezembro de 2010 às 15:33
porra, esqueci de outros detalhes, sinlveriiiiiiio! agora o Grêmio é o único time gaúcho invicto em mundiais!! e mundial fifa?? fifa e merda eh a mesma coisa (denúncias de corrupção, uma mafia comandando, etc), e se é fifa, entao akele titulizinho de merda do corinthians no rio foi mundial?? auhauhua. ta bom, daqui a pouco a fifa reconhece o citadino de santo angelo como mais importante que a libertadores... e não tem papo, o fato é q esse foi o maior fiasco da historia de clubes sul-americanos! perde pro mazembe!!! falaserio!!! uahauhauhauahuu
é a piada do milênio!! e, sinceramente, prefiro não ganhar a libertadores do que fazer um fiasco mundial desses!!!
Por Eduardo, às 17 de dezembro de 2010 às 19:25
Hahahahahaha.....já que a CBF está reconhecendo o Roberto Gomes Pedrosa e Rio São Paulo como campeonatos brasileiros, um dia a Fifa reconhece o mundial Toyota com dela também. Mas não é culpa do Grêmio, era o que tinha na época.....como hj tem celular e internet, uma vez era a Toyota que promovia...porra alemão, já tens 4 comentários no teu texto de futebol!
Por Silvério, às 18 de dezembro de 2010 às 03:10
Sou colorado, mas tenho que concordar com o Dudu. Foi um fiasco mega,hiper, ultra-vergonhoso(esse troço ainda tem tracinho?).
começou com a tal festa antes de viajar. Festa se faz na volta com o caneco na mão, campeão e talz...
Depois os craques do time afundaram perante os africanos, tiro o Sóbis e olhe lá(pelo menos se esforçou).
E por fim nosso treinador, tirou o Sóbis,colocou um garoto inexperiente. Porquê não o Andrézinho?
Viramos fato histórico.
Meu prazer foi ver a Inter poderosa, toda recuada no 2º tempo jogando com o regulamento debaixo do braço e tomando sufoco dos negrão.
Por Marcos, às 21 de dezembro de 2010 às 14:49
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