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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Diário de um nenê

Olhando minha baby, fico imaginando no que ela está pensando. Às vezes ela acorda às três e meia da madrugada querendo mamá. Então ela mama, e ficamos esperando ela arrotar. Ninguém espera eu arrotar. Vezenquando, quando arroto, sou xingado. As pessoas são estranhas, vá entender? Depois que arrota, lá por quatro horas da manhã, ela fica olhando tudo com os olhos BEM abertos. Olha para mim, nos meus olhos. Fica ali, me olhando. Então, ela começa a fazer força, dá uma gemidinha, fica vermelhinha igual uma pimentinha e faz “ããããhhhhmmmmmmmmmm”. Depois que se retorce, ela volta a olhar tudo e, dali a pouco, ela começa a abrir a boca procurando a teta. Aliás, a coisa que ela mais gosta na vida é teta. Teta, teta, teta, teta, teta! Ela só pensa em teta.
De início até tentamos dar um bico pra ela. Mas que nada. Via que era pura tapeação, não saía nada daquele pedaço de plástico, e começava a chorar, até que ganhava a teta. Aliás, vendo minha baby, descobri que os bebês têm uma arma mortal: o choro. Quando quer a teta, ela abre aquela boquinha minúscula, mas abre BEM mesmo, e põe a goela no mundo. É um Deus nos acuda. Todo mundo sai correndo para colocar ela a postos para mamar. E enquanto não tiver segurando a teta e tomando mamá, ninguém faz ela parar de chorar. É uma verdadeira arma e que funciona perfeitamente. Fiquei imaginando o presidente de algum país qualquer em uma reunião com o Fundo Monetário Internacional:

- Queremos renegociar a dívida.
- Desculpe, senhor presidente, mas essa dívida é irrenegociável.
- Ah é?
- É.
- Então tome isso: nhéééééééééééé! buááááááááá!!! nhéééééééééééé! buááááááááá!!! nhéééééééééééé! buááááááááá!!!
- Tá bom, senhor presidente, tá bom! Renegociamos a dívida!

Vejam vocês. É uma verdadeira arma.
Também imagino como seria o diário da minha baby.


“Querido diário. Hoje acordei com fome. Tinha um homem com cara de bobo, provavelmente meu pai, me olhando com cara de idiota, falando ‘guti-guti’ e apertando minhas bochechas. Olhei bem pra ele para ver se ele se mancava que estou com fome. Ele achou graça do troço e então chorei beeeeem forte pra me darem logo meu mamá. Minha mãe me pegou no colo e ganhei minha teta. Gosto daquela teta. Não vivo sem ela. Depois que não agüentava mais mamá, ela me deixou em pé no colo dela. Meu pai seguia ao redor de nós, com cara de bobo. To começando a desconfiar que ele é meio idiota. Mas gosto dele. Meu estômago começou a doer, e chorei um pouco. Depois arrotei, peguei no sono e dormi.
Quando estava sonhando com a teta, me acordaram. Tiraram toda a minha roupa, e meu pai seguia com cara de bobo ao redor, agora disparando uma luz forte na minha cara, enquanto minha mãe brigava com ele, dizendo: ‘coitadinha, ela se assusta com esse flash”. Flash deve ser a luz que sai daquele quadrado que ele fica segurando e rindo. Minha mãe me revira toda, e volta e meia eu resmungo. Mas, depois que me vestem de novo, sinto-me bem melhor, mais seca e limpa. Aí percebo que estou com fome de novo. Quando esses dois idiotas vão perceber isso? Eles ficam ali, ao redor, com caras de bobo. Então, choro e logo em seguida ganho minha teta...”.

Tu vês. Qualquer hora terei que ter uma conversa séria com essa guria, pois, como já disse o David Coimbra em Meu Guri, a vida não é só teta.

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