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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A injeção do gordo

Ao entrar na farmácia, dei de cara com um gordo.
- Pois não?
- Queria esses medicamentos... – murmurei, entregando a receita médica.
O gordo deu as costas para mim e se dirigiu até as prateleiras dos remédios. Comecei a suar frio, pois sabia que geralmente essas injeções para tosse alérgica e gripe são na bunda. Fiquei imaginando o que poderia estar se passando pela cabeça do gordo enquanto ele pegava os remédios indicados pelo médico. Tentei adivinhar observando a sua expressão facial, entretanto, ele estava indiferente, lendo atentamente o nome dos remédios. Quando veio em minha direção, cuidei para ver se ele me olharia no olho, com medo de que ele pudesse dar uma piscadinha, lamber os beiços ou algo assim. Entretanto, enquanto eu já fazia mentalmente minhas preces, ele disse:
- Pode ir passando naquela salinha – apontando para uma sala minúscula.
Passei a suar mais. Acho que sequer cabia eu e o gordo naquela sala. Comecei a estralar os dedos, balançar as pernas, olhar para os lados... Meu sovaco, a essas alturas, já estava encharcado. O que seria de mim após sair daquela sala onde um gordo enfiaria uma agulha no meu rabo? O mundo estava desabando diante de meus olhos quando, de repente, entrou uma guria.... bom... como direi?... uma guria que era... A GURIA! Caramboles. Ela entrou sorrindo e me cumprimentou. Eu sorri aliviado, certo de que havia escapado do gordo, já fazendo preces de agradecimento, quando ela perguntou:
- Vai querer no braço ou no glúteo?
Bah! Que cosa. Após escapar do gordo, estava ali, diante daquela criaturinha meiga que me perguntava toda sorridente se eu queria a injeção no braço ou no glúteo... Vejam vocês. Quase pedi para que ela falasse de novo “glúteo”. Se fosse o gordo, decerto perguntaria: “Vai querer levar no braço ou no rabo?”. Após ficar algum tempo olhando para o além com cara de bobo, fiz um “hummmm” e respondi:
- Não sei, qual é melhor?
- No glúteo.
Macacos me mordam, já diria o marinheiro Popeye. Bom, então que seja no glúteo. Baixei a bermuda até uma altura em que ela pudesse visualizar meu glúteo descoberto e, então, ela tocou aquela mãozinha delicada na minha pele bundica, olhando para meu glúteo com um meio-sorriso no rosto, e, como se estivesse tomando um Milk Shake, pinicou a agulha. Caraca, estava tão entorpecido que nem senti nada. Ao sair da farmácia, quase disse: “qualquer hora volto para você pinicar meu glúteo de novo”, mas achei que seria inoportuno.
Depois, indo para casa, fiquei imaginando como seria se eu fosse solteiro e encontrasse a farmacêutica em uma balada.
- E aiãm?
- Er... oi.
- Tudo bem, lembra de mim?
- Hmmmm. Não...
- E do meu glúteo?
- Ah, sim! Como iria esquecer! Quer que eu te pague uma cerveja?
Caraca. Acho que estou sentido os efeitos colaterais dos remédios. Melhor eu pegar uma cerveja na geladeira para ver se aumenta o barato... Hasta la vista!

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