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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Minha guria

Eu já vi o por do sol do Guaíba e do Arpoador. Já vi meu time ser campeão do estado, do Brasil e do Mundo. Já vi o Brasil conquistar duas Copas. Já quase morri ao ter certeza de que o avião em que estava cairia no meio da serra paranaense, perto do aeroporto de Curitiba. Já fiz gol no último segundo em torneios importantes do colégio. Já beijei lindas garotas e já tive os mais enlouquecedores orgasmos. Já comemorei das arquibancadas de um estádio de futebol o gol da vitória marcado no último minuto em um clássico Gre-Nal. Já tive os mais loucos e engraçados ataques de riso. Já chorei por dor física, por perder amigos e parentes na guerra das estradas, por dor de amor romântico e por descobrir que a guria da outra turma nem sabia que eu existia. Já caminhei a beira-mar ao amanhecer e ao entardecer. Já pulei carnaval em blocos de Santo Ângelo, Camboriú e Rio de Janeiro. Já me enterrei, bêbado e são, nas areias monalíticas do Espírito Santo. Já entrevistei pessoas na qual sou fã. Já tirei 0 no colégio e 100 na monografia da graduação. Já achei que tudo daria errado como já tive certeza de que tudo daria certo. Já fiz “uhhhhmmmm” comendo chocolate, churrasco e tomando cerveja e vinho. Já matei a fome com lasanha e a sede com água gelada. Já li Shakespeare, Dostoiévski, Nietzsche, Freud, Jack London, Truman Capote, Erico Verissimo, Machado de Assis, e uma porção de autores clássicos da literatura brasileira e mundial e já vi os mais emocionantes filmes de Hollyood e dos cinemas europeu, sul-americano, asiático e africano. Já mandei às favas o mundo todo, como já fui mandado para aquele lugar por meio mundo. Enfim, já vivi uma porção de emoções e sensações diferentes, porém, por mais que eu puxe lá do fundo do escaninho da memória as mais obscuras e claras experiências de minha vida, nenhuma é comparável com o que senti no dia 8 de novembro de 2010 quando, às 18h57, quando nasceu minha filha Larissa Aguiar Ritter.
Pela primeira vez na vida, quando a enfermeira abriu a porta para informar que minha filha tinha nascido com 3 quilos e 300 gramas, medindo 51 centímetros, eu chorei de alegria. Sempre quando via alguém chorando de alegria eu pensava: “é possível? Não será encenação? Ou será que eu é que sou frio, quiçá um monstro? Pow, eu nunca chorei de alegria...”. Mas, nesse dia 8 de novembro, descobri o que é chorar de alegria. Já tinha chorado de rir (que não é o mesmo que chorar de alegria), de dor e de tristeza, mas nunca, de alegria. Nesse momento você tem a confirmação absoluta de que Deus existe e que, por mais genial que possa ser um escritor ateu, nenhum consegue colocar em palavras 1% do que você sente quando se tem nos braços um anjo que está ali, pequenina, abrindo a boquinha e chorando enquanto você simplesmente ri de felicidade...
Bom, vou parando por aqui, por que nada mais que eu venha a escrever vai adiantar muita coisa, pois, apenas vivendo isso se torna compreensível o que é o amor dos pais para com seus filhos. Para encerrar a coluna dessa semana, apenas tenho que agradecer pelas congratulações enviadas por muitos e dizer: “bem-vinda ao mundo minha guria!”. Um bom final de semana a todos!

*Texto que será publicado em A Tribuna Regional
PS: Os maliciosos leitorinhos que pensaram maldosamente (e que não são todos) "que falta de criatividade, copiou o título do livro do 'Meu Guri', do David Coimbra", podem imprimir esse texto, enrolar e... bem, o resto, quem pensou isso já sabe o que fazer... Rará!

9 Comentários:

  • Pô, Dudu, de agora em diante vais entender o q é o amor de pai/mãe: difere de todos os outros amores q temos!! E poderás entender mt mais teus papis, de agora em diante! Este é um momento único, e aproveite ao máximo, pq vcs crescem depressa demais!! Bjs, filho querido!

    Por Blogger Nara Miriam, às 10 de novembro de 2010 às 15:37  

  • De todos os textos teus que já li por aqui esse é, sem dúvidas, o melhor. Eu nunca senti essa emoção mas confesso que enchi meus olhos de água ao ler tuas palavras.
    Mais uma vez parabéns papai e juízo viu hahaha.

    Ps: apesar de ter dito pra ti q era hora de ler o Meu Guri juro que não relacionei o teu título ao do David por isso não vou fazer o q vc sugeriu kkkkk

    Por Blogger Dilea Pase, às 11 de novembro de 2010 às 09:03  

  • auhauhauhau. valew dilea! eu comprei o livro na feira do livro de 2008, muito bom! abração!

    Por Blogger Eduardo, às 11 de novembro de 2010 às 13:54  

  • Acabei de ser apresentada ao seu nome por um Quiz do Facebook! Não tenho mais nada pra fazer? não, é hora da folga... Mas ao procurá-lo na internet me deparei com textos inteligentes, bem humorados e, este aqui, que quase me levou às lágrimas. Já és um favorito!

    Ah, Parabéns pela filhota!

    Por Blogger Joy Kwiatkowski, às 11 de novembro de 2010 às 14:54  

  • Parabéns, grande Ritter!
    Que mais uma gremista seja bastante feliz nessa vida! hahaha

    E aqui ela tem q ser Bahia, viu porra? oihuaioha

    Abraços, Sadan!

    Por Blogger Matos, às 11 de novembro de 2010 às 15:19  

  • porra alemao! vou fazer um quiz no facebook pra mim tb...ahah

    abraço

    Por Blogger Zaratustra, às 12 de novembro de 2010 às 04:42  

  • eu tbm vo nessa zaratustra... sauhasuhaush...

    mas então... manolo...

    acho que tu escreveu certinho, a gente pode até tentar, mas não vai ter com saber o que se sente nessa hora, sem viver isso... um dia eu espero ter essa experiência também... enquanto não tenho, me deleito com um texto como esse, que deixa claro, que até os mais "frios" podem se derreter com um sorrisinho, um chorinho, ou qualquer coisa vindo de um filho...

    parabéns mais uma vez, pela pequena, e agora também pelo texto... show di bola|!

    Abração!

    Por Blogger Mr. Gomelli, às 12 de novembro de 2010 às 20:32  

  • Aliàs, se alguém disser que tu copiou o David Coimbra, fala que o David copiou o Chico Buarque, que escreveu a musica Meu guri là pelos anos 70/80

    porra alemao

    Por Blogger Zaratustra, às 14 de novembro de 2010 às 10:57  

  • Dudu, que lindo o texto! Adorei! Fiquei imaginando e sabe... não dá pra imaginar como é... Então, sem muitas palavras, o que digo é, de novo: parabéns! Parabéns pela filhota, e parabéns pelo paizão que já demonstra ser! (só não vai derrubar o bebê! Vê se aprende direito a pegar no colo! hahhaha)

    Por Blogger Lara, às 15 de novembro de 2010 às 12:39  

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