Aconteceu algo muito estranho comigo nessa semana, que fez com que eu fizesse vários questionamentos e revesse diversos conceitos. Vou relatar desde o início, para ver se o astuto leitorinho consegue acompanhar meu raciocínio. Na última semana participei de um processo seletivo na universidade em que me formei, a Unijuí. A vaga era para jornalista para trabalhar na Coordenadoria de Marketing, a antiga Assessoria de Comunicação Social, onde eu fiz estágio em 2005. Fiz a prova juntamente com os outros 11 concorrentes. Saí da sala sem ter muita ideia se iria ficar entre os cinco primeiros que passariam para a segunda etapa: a entrevista com a banca e o teste psicológico.
Para a minha surpresa, ao ver o resultado da prova escrita, eu estava em primeiro lugar, juntamente com outra candidata. Nós dois tiramos 10 e, juntamente com outras três candidatas, passamos para a fase seguinte. Nessa semana, fizemos todos a entrevista com a psicóloga, em grupo, e a entrevista com a banca, além de entregarmos o nosso currículo documentado. Resumindo a história, no meu currículo, para somar a nota da prova, estava documentada toda a minha produção acadêmica (artigos, textos publicados em revistas, jornais, portais, etc), a minha participação no projeto do MIT, da Universidade de Massachusetts (EUA) com a PUCRS e com parceria do grupo RBS, o meu diploma de mestrado, que conclui com a orientação do professor Antonio Hohlfeldt, ex-vice governador, presidente da Intercom e uma das maiores referências da área, o meu diploma de graduação, da própria Unijuí (que teoricamente teria que ter me capacitado para essa vaga), as minhas participações em eventos, como Intercom, SBPJor (que discute, dentre outras coisas, o trabalho do jornalista no marketing), enfim, também tinha a comprovação de todos os meus trabalhos práticos, incluindo o estágio que fiz na própria Unijuí. Mas, pelo visto, tudo isso não valeu nada.
Após a entrevista psicológica, outras candidatas vieram me dizer que eu tinha ido super bem, já que, resumindo, a gente tinha que contar a nossa história, dizer nossas qualidades e defeitos e participar de uma dinâmica de grupo. Até onde eu sei, o teste psicológico não avalia positiva ou negativamente, ele apenas traça um perfil que é encaminhado para a banca que, essa sim, tem o poder de decisão. Na entrevista com a banca, contei novamente minha trajetória profissional, respondi à questões relacionadas ao meu currículo, ao meu futuro e outras questões práticas, que achei estranhas, pois deveriam ter sido feitas na primeira prova. Mas enfim, não lembro de ter falado nada que comprometesse a minha nota na prova nem o meu currículo. Sabia que não tinha nada garantido que eu seria o selecionado, pois também sabia da qualidade das concorrentes, e não me surpreenderia se ficasse em segundo, terceiro ou quinto lugar, apesar que, se somassem a nota da prova com o currículo, teoricamente a vaga ficaria entre a outra candidata que também tirou 10 e eu. Nessa disputa, eu achava até que o diploma do mestrado, que exigiu dois anos de estudo, muitas leituras sobre todos os tipos de livros sobre comunicação, jornalismo, persuasão, sociologia, etc, pudessem fazer o diferencial, afinal, eu estava fazendo a seleção para trabalhar dentro de uma UNIVERSIDADE, que achava que valorizava a produção e a formação ACADÊMICA. Mas, doce ilusão.
Ao ver hoje de tarde o resultado final, constatei que não fui selecionado. Até aí tudo bem, até porque a candidata escolhida é a que também tirou 10, é uma excelente profissional e me dou super bem com ela e sei que ela merece, provavelmente até mais do que eu, a vaga. Entretanto, eu também não estava em segundo lugar. Nem em terceiro. Nem em quarto. Nem em quinto. No edital diz o seguinte: EDUARDO RITTER – NÃO SELECIONADO. Ou seja, esse concurso tem validade de um ano. Caso a primeira colocada deixe a Unijuí, chamam a segunda, e assim sucessivamente. Entretanto, só ficaram classificadas as duas primeiras. Se a segunda desistir, abrem novo concurso. Isso tudo quer dizer, então, que eu não estou apto para trabalhar na Coordenadoria de Marketing da Unijuí. Meu diploma de jornalismo e de mestrado em Comunicação Social, em uma universidade com conceito 5 na tabela da Capes dos cursos de pós-graduação (só a UFRJ é 6, ou seja, é a segunda melhor do Brasil), com a orientação do presidente da Intercom (entidade mais conhecida no meio acadêmico da área), com a participação em um projeto reconhecido como o MIT, não valem de nada. Assim como também não valeram de nada a leitura de uns cinco ou seis livros de assessoria de imprensa que tenho em casa que, duvido muito, todos os que lá trabalham tenham lido. Aliás, acho que só serviu para tirar o 10 na prova. Descobri com tudo isso que a Unijuí não acredita na união entre prática e teoria. Que a Unijuí, que é uma universidade que tem como seu principal produto o ensino superior, não valoriza o próprio produto. Não valoriza títulos acadêmicos nem publicações. Não quer investir em pessoas que buscam o crescimento profissional, pois, na entrevista foi-me questionado se eu iria seguir investindo na minha carreira acadêmica e se eu queria ser professor universitário. Óbvio que eu quero ser professor universitário, mas isso me tira da disputa por uma vaga dentro da própria Unijuí? Não seria mais coerente se a universidade utilizasse o meu currículo justamente para me explorar (no bom sentido) em outras áreas. Porra, uma das primeiras coisas que eu planejava fazer, caso fosse selecionado, ou até se ficasse em segundo ou terceiro, enfim, se eu fosse selecionado era tentar (leia-se pagar) a publicação da minha dissertação pela Editora da Unijuí. Iria abrir mão da própria Editora da PUC, que é mil vezes mais conhecida que a Unijuí, para publicar o meu trabalho pela universidade na qual eu me formei.
Enfim, como eu fui aluno da Unijuí, bem como meu irmão (formado em jornalismo), meu pai (formado em Direito) e minha irmã (formada em Serviço Social), achei que teria no mínimo a mínima das considerações, que seria um digno quinto lugar no processo seletivo, tendo alguma chance, mesmo que remota, de ser chamado para a vaga. Agora, ser eliminado de vez do processo, tendo condições, experiência e titulação para tal, e ainda mais depois de tirar 10 na prova que eles mesmo elaboraram, dói mais que um chute no saco.
Hoje, depois dessa, só posso dizer o seguinte: se eu estivesse entrando na universidade hoje, não optaria pela Unijuí. Pagaria um pouco mais, moraria com meu tio, mas faria a graduação numa PUC, Unisinos ou Feevale da vida. E para os alunos da Unijuí fica a dica: se liguem, porque depois que vocês pegam o diploma e vão embora, a universidade vira as costas para vocês.
E não adianta me dizerem: "tu és louco, agora sim que não vais conseguir emprego na Unijuí" porque, como sempre digo, não consigo engolir coisas que fedem a podridão.
Hasta!