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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Apocalipse do jornal impresso

Usando o twitter, começo a rever meus conceitos. Eu pregava, visceralmente, a sobrevivência do jornal impresso, mesmo com a maior das expansões do meio digital. Mas, ficando conectado boa parte do dia no twiter, acabo concluindo que ele acaba prejudicando não só os jornais impressos, mas também os próprios portais da internet. Nesse contexto todo, acredito que, apesar de parecer contraditório, apenas o rádio e a TV se salvam, por dois motivos bem simples: o rádio é e sempre vai ser fácil de carregar. Você está no ônibus e, para não perder o jogo do seu time, você ouve o rádio. Ou para ouvir música. Ou para se informar, enfim, sempre vai ter gente ouvindo rádio, mesmo que seja através da própria internet. E a TV tem a grande vantagem da imagem, que, ainda não encontra concorrente a altura nos computadores, por mais variado e inovador que seja o seu formato, afinal, nada substitui você se atirar na cama com o controle remoto e assistir a uma partida de futebol, um filme ou ao CQC. Sei, astuto leitor, que parece estranho criticar o jornal impresso no próprio jornal impresso, mas já foi feito algo parecido quando Pierre Bourdieu criticou a televisão, na própria televisão. As declarações de Bourdieu viraram o clássico livro, Sobre a Televisão. Meu texto dificilmente se tornará livro, mas enfim, vamos lá.
Então, como eu ia dizendo, com a TV e o rádio a salvo, sobrou para os portais e o jornal impresso. O livro, por abranger um conteúdo mais específico e por sobreviver durante décadas às telenovelas e outros programas televisivos, acho que ele ainda tem longa vida. Talvez não seja imortal, mas tem muitas décadas de reserva. Já o jornal está perdendo a função de informar. Ainda tem o caráter local, mas, daqui a alguns anos, quando a internet estiver ainda mais infiltrada na sociedade (dados do Ibope já mostram um crescimento rápido no número de internautas no Brasil, ultrapassando se aproximando aos 50 milhões em ritmo acelerado), os próprios meios impressos locais vão migrar para o digital. A única alternativa, a única esperança, a luz no fim do túnel do jornal impresso passa a ser, então, o jornalismo de profundidade, o jornalismo opinativo e o jornalismo analítico. Ou seja, não basta informar, tem que analisar para o leitor, que só vai buscar o jornal impresso para ver opinião e fotos. Quem quer informação (no sentido de novidade), não vai usar nem os portais, vai utilizar diretamente o tiwtter. Eu, por exemplo, estou seguindo políticos, de vereadores a Dilma, passando pelo Tarso, além dos principais portais de notícia, os principais veículos do país, os principais analistas políticos do Brasil, colunistas, escritores, além de amigos e outras pessoas que escrevem só bobagem mesmo. Ah, e sigo também o Rafinha Bastos, o twittero que mais teve posts retwitados no mundo, segundo o New York Times. Aliás, segundo matéria da revista Info, agora ele recebe até R$4 mil para twitar algo sobre alguma empresa. Ou seja, gradativamente, estamos deixando de pegar o jornal de manhã cedo ou de entrar nos portais para saber o que de importante está acontecendo. As coisas importantes que estão rolando no mundo estão sendo postadas no twitter. Primeiro, dizia-se que o que não saiu no jornal não aconteceu. Depois, diziam que o que não foi dito no rádio não passou de ilusão. Por fim, passou-se a se dizer que o que não apareceu na televisão não existiu, e agora, podemos dizer que o que não está sendo twitado também não está rolando.
É a vida. É a evolução do ser humano. Alguns não concordam, alguns lamentam, alguns dizem que é o fim dos tempos, mas é a realidade, doa a quem doer, custe o que custar. É a era CQC.

Texto publicado em A Tribuna Regional

6 Comentários:

  • Não creio que vá acabar, não; já decretaram a morte do livro, mas ele sobrevive heroicamente; o twiter (é assim que escreve?) é mais uma forma de comunicação; apenas isto. E tenho dito!

    Por Blogger Lorení , às 18 de maio de 2011 às 14:59  

  • fala tia (prima!). eu também pensava ãnsim. o livro acho que não vai morrer, mas o jornal, se não mudar, vai. ou, alguns, tipo o formato do correio do povo de hoje em dia...
    o new york times, por exemplo, já está programando a retirada da versão impressa... enfim. só o tempo dirá...heheh

    Por Blogger Eduardo, às 19 de maio de 2011 às 05:37  

  • Concordo plenamente com o papel que "sobra" à imprensa . O único senão, é que para ler texto de análise, contextualização, opinativos, será necessário tempo, tens? Eu vou tendo cada vez menos.

    (o que significa CQC?)

    Por Anonymous Anônimo, às 19 de maio de 2011 às 08:10  

  • Olha, também acho que o Jornal impresso não vai acabar tão cedo. Só que para sobreviver, precisará se adaptar cada vez mais aos modernismos da prática jornalística.

    Logo, também, ao invés de editorias tradicionais, como política, saúde e esportes, precisarão ser trabalhadas outra, que combinem mais com a época, como Tecnologia, Games, etc.

    Coisa que os grandes grupos já vêm introduzido nos seus jornais.

    É uma tendência até mesmo paa atrair os novos leitores, que se interessam cada vez mais por tecnologias...

    Sei lá, eu gosto do Twitter, da internet e toda essas inovações, mas não abro mão de ler um bom jornal.

    Abraço ae manolo!

    Por Blogger Mr. Gomelli, às 19 de maio de 2011 às 14:11  

  • Porra alemao!

    Analisando essa porra toda aqui de Joinville, cercado por loiras de calça branca, tenho que concordar contigo, o jornal impresso já era.

    E eu acho que nem adianta mudar o estilo e fazer jornal opinativo, analítico. Além do tempo que urge nesta era moderna, quem vai entender as análises, com um povo cada vez mais alienado?

    Eu sou contra o twitter e me nego a entrar nesse programa. Abaixo o twitter!

    Por Blogger Zaratustra, às 20 de maio de 2011 às 05:05  

  • porra alemão! kdaum, kdaum. mas é muito mais prático. ao invés d vc entrar nos sites pra ver o q ta rolando, os sites vem até vc. ou seja, vc fica ainda mais vagabundo, mas isso eh o d menos, pois no fim, da tudo na mesma... e sobre o tempo, porra, kdum faz o q keh com o tempo q tem disponivel. eu, por exemplo, gosto de ler e do ócio. tem gente que gosta de ficar babando no carro dos outros, outros nas mulheres dos outros, e por ai vai..

    Por Blogger Eduardo, às 20 de maio de 2011 às 05:56  

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