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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Pior que chute no saco

Aconteceu algo muito estranho comigo nessa semana, que fez com que eu fizesse vários questionamentos e revesse diversos conceitos. Vou relatar desde o início, para ver se o astuto leitorinho consegue acompanhar meu raciocínio. Na última semana participei de um processo seletivo na universidade em que me formei, a Unijuí. A vaga era para jornalista para trabalhar na Coordenadoria de Marketing, a antiga Assessoria de Comunicação Social, onde eu fiz estágio em 2005. Fiz a prova juntamente com os outros 11 concorrentes. Saí da sala sem ter muita ideia se iria ficar entre os cinco primeiros que passariam para a segunda etapa: a entrevista com a banca e o teste psicológico.
Para a minha surpresa, ao ver o resultado da prova escrita, eu estava em primeiro lugar, juntamente com outra candidata. Nós dois tiramos 10 e, juntamente com outras três candidatas, passamos para a fase seguinte. Nessa semana, fizemos todos a entrevista com a psicóloga, em grupo, e a entrevista com a banca, além de entregarmos o nosso currículo documentado. Resumindo a história, no meu currículo, para somar a nota da prova, estava documentada toda a minha produção acadêmica (artigos, textos publicados em revistas, jornais, portais, etc), a minha participação no projeto do MIT, da Universidade de Massachusetts (EUA) com a PUCRS e com parceria do grupo RBS, o meu diploma de mestrado, que conclui com a orientação do professor Antonio Hohlfeldt, ex-vice governador, presidente da Intercom e uma das maiores referências da área, o meu diploma de graduação, da própria Unijuí (que teoricamente teria que ter me capacitado para essa vaga), as minhas participações em eventos, como Intercom, SBPJor (que discute, dentre outras coisas, o trabalho do jornalista no marketing), enfim, também tinha a comprovação de todos os meus trabalhos práticos, incluindo o estágio que fiz na própria Unijuí. Mas, pelo visto, tudo isso não valeu nada.
Após a entrevista psicológica, outras candidatas vieram me dizer que eu tinha ido super bem, já que, resumindo, a gente tinha que contar a nossa história, dizer nossas qualidades e defeitos e participar de uma dinâmica de grupo. Até onde eu sei, o teste psicológico não avalia positiva ou negativamente, ele apenas traça um perfil que é encaminhado para a banca que, essa sim, tem o poder de decisão. Na entrevista com a banca, contei novamente minha trajetória profissional, respondi à questões relacionadas ao meu currículo, ao meu futuro e outras questões práticas, que achei estranhas, pois deveriam ter sido feitas na primeira prova. Mas enfim, não lembro de ter falado nada que comprometesse a minha nota na prova nem o meu currículo. Sabia que não tinha nada garantido que eu seria o selecionado, pois também sabia da qualidade das concorrentes, e não me surpreenderia se ficasse em segundo, terceiro ou quinto lugar, apesar que, se somassem a nota da prova com o currículo, teoricamente a vaga ficaria entre a outra candidata que também tirou 10 e eu. Nessa disputa, eu achava até que o diploma do mestrado, que exigiu dois anos de estudo, muitas leituras sobre todos os tipos de livros sobre comunicação, jornalismo, persuasão, sociologia, etc, pudessem fazer o diferencial, afinal, eu estava fazendo a seleção para trabalhar dentro de uma UNIVERSIDADE, que achava que valorizava a produção e a formação ACADÊMICA. Mas, doce ilusão.
Ao ver hoje de tarde o resultado final, constatei que não fui selecionado. Até aí tudo bem, até porque a candidata escolhida é a que também tirou 10, é uma excelente profissional e me dou super bem com ela e sei que ela merece, provavelmente até mais do que eu, a vaga. Entretanto, eu também não estava em segundo lugar. Nem em terceiro. Nem em quarto. Nem em quinto. No edital diz o seguinte: EDUARDO RITTER – NÃO SELECIONADO. Ou seja, esse concurso tem validade de um ano. Caso a primeira colocada deixe a Unijuí, chamam a segunda, e assim sucessivamente. Entretanto, só ficaram classificadas as duas primeiras. Se a segunda desistir, abrem novo concurso. Isso tudo quer dizer, então, que eu não estou apto para trabalhar na Coordenadoria de Marketing da Unijuí. Meu diploma de jornalismo e de mestrado em Comunicação Social, em uma universidade com conceito 5 na tabela da Capes dos cursos de pós-graduação (só a UFRJ é 6, ou seja, é a segunda melhor do Brasil), com a orientação do presidente da Intercom (entidade mais conhecida no meio acadêmico da área), com a participação em um projeto reconhecido como o MIT, não valem de nada. Assim como também não valeram de nada a leitura de uns cinco ou seis livros de assessoria de imprensa que tenho em casa que, duvido muito, todos os que lá trabalham tenham lido. Aliás, acho que só serviu para tirar o 10 na prova. Descobri com tudo isso que a Unijuí não acredita na união entre prática e teoria. Que a Unijuí, que é uma universidade que tem como seu principal produto o ensino superior, não valoriza o próprio produto. Não valoriza títulos acadêmicos nem publicações. Não quer investir em pessoas que buscam o crescimento profissional, pois, na entrevista foi-me questionado se eu iria seguir investindo na minha carreira acadêmica e se eu queria ser professor universitário. Óbvio que eu quero ser professor universitário, mas isso me tira da disputa por uma vaga dentro da própria Unijuí? Não seria mais coerente se a universidade utilizasse o meu currículo justamente para me explorar (no bom sentido) em outras áreas. Porra, uma das primeiras coisas que eu planejava fazer, caso fosse selecionado, ou até se ficasse em segundo ou terceiro, enfim, se eu fosse selecionado era tentar (leia-se pagar) a publicação da minha dissertação pela Editora da Unijuí. Iria abrir mão da própria Editora da PUC, que é mil vezes mais conhecida que a Unijuí, para publicar o meu trabalho pela universidade na qual eu me formei.
Enfim, como eu fui aluno da Unijuí, bem como meu irmão (formado em jornalismo), meu pai (formado em Direito) e minha irmã (formada em Serviço Social), achei que teria no mínimo a mínima das considerações, que seria um digno quinto lugar no processo seletivo, tendo alguma chance, mesmo que remota, de ser chamado para a vaga. Agora, ser eliminado de vez do processo, tendo condições, experiência e titulação para tal, e ainda mais depois de tirar 10 na prova que eles mesmo elaboraram, dói mais que um chute no saco.
Hoje, depois dessa, só posso dizer o seguinte: se eu estivesse entrando na universidade hoje, não optaria pela Unijuí. Pagaria um pouco mais, moraria com meu tio, mas faria a graduação numa PUC, Unisinos ou Feevale da vida. E para os alunos da Unijuí fica a dica: se liguem, porque depois que vocês pegam o diploma e vão embora, a universidade vira as costas para vocês.
E não adianta me dizerem: "tu és louco, agora sim que não vais conseguir emprego na Unijuí" porque, como sempre digo, não consigo engolir coisas que fedem a podridão.
Hasta!

11 Comentários:

  • sim, eu o q o diga das minhas decepções com a unijuí, seja em momentos antes da formatura que meu curso se quer estava reconhecido por falha deles, seja por um professor que disse q se eu nao estava satisfeita era pra ir pra unicruz, uri, ou qualquer faculdade a distância...seja tb pelo concurso que fiz depois lá e me perguntaram o q eu achava de dar aula para minhas colegas? como se fosse um problema... mas como diria minha amiga professora Carol: fecha-se uma porta abrem-se janelas com vista pro mar!!! força e ânimo!!!

    Por Blogger Carolina, às 27 de maio de 2011 às 17:59  

  • Acho que tu tem muito conhecimento Ritter, e eles não devem estar é muito afim de pagar o que tu realmente merece, por todo o nível de estudo que tu tens. Agora, ficar de fora depois de um 10 é de uma sacanagem sem tamanho... Eu me formei na Unijuí, tentei a pós que não fechou turma (aliás, nem fui restituir minha inscrição até hoje), mas sempre que tentei uns concursos, o que pesava era o velho QIsmo que todos nós sabemos existir lá, ao qual até favoreceu amigos meus familiares de professores de lá... Dias atrás eu fui chamado lá por um concurso que tinha feito há quase um ano, mas no momento não vou largar a profissão que me formei (professor) para ser assistente de Departamento...
    Me decepciona muito a Universidade tratar aqueles que ela formou desse jeito... lamantável...
    Mas tu tem o teu caminho traçado Ritter, tu sabe que pode ter algo bem melhor que trabalhar no marketing da universidade, que aliás, em minha opinião é só disso que a Unijuí vive hoje: marketing, pq qualidade de ensino... deixa pra lá...

    Por Anonymous Anônimo, às 27 de maio de 2011 às 18:25  

  • Dudu, contrata o melhor advogado de Santo Ângelo, que é teu pai, e questiona a Unijuí; sugestão, é claro, tu que decides se queres comprar esta briga. Com um 10 e toda tua titulação, deves pelo menos interpelar a unijuí para saber as razões da desclassificação. É absurdo! Te dou todo apoio, tu mereces muito mais que isto. Grande abraço, Lorení.

    Por Blogger Lorení , às 28 de maio de 2011 às 14:59  

  • Já não é o primeiro caso que assisto!
    As pessoas participam da seleção, classificam-se bem, apresentam titulação compatível e "rodam" no psico.
    O problema é justamente o "QI", assim sendo o melhor é nem trabalhar num lugar destes!
    Guri, tu és muito melhor que esses babacas que ficam nessa "ação entre amigos", não esquenta que coisa melhor tu vais conseguir!
    Porra alemão!

    Por Blogger Marcos, às 28 de maio de 2011 às 16:48  

  • Diz pra eles: "azar de vocês, vão perder todo este talento que tenho!"
    Hehehehe...

    Por Blogger Marcos, às 28 de maio de 2011 às 17:01  

  • Porra Alemão, perdeu porque eram 4 gurias, se fossem +4 barbados tu levava....bola para frente que tem coisa melhor! Ou faz uma operação de mudança de sexo!

    Por Blogger Silvério, às 29 de maio de 2011 às 06:06  

  • porra alemao! foda, mas eu assino embaixo de tudo que os outros disseram ali em cima.

    Por Blogger Zaratustra, às 29 de maio de 2011 às 09:15  

  • Dudu!!!
    Isso não é novidade... Já viu a situação dos próprios departamentos e o quadro de professores da Unijuí?
    O que esperar de uma "universidade" que detona o curso de Filosofia porque ele dá "déficit"?
    Que diminui drasticamente da grade curricular de comunicação as disciplinas relacionadas , justamente, à "parte social" da comunicação?
    o que esperar de uma "universidade" que quer passar toda a formação geral e humanística para o famigerado sistema EaD?
    Realmente, eu também não estudaria lá se fosse prestar vestibular agora. e essa história das "seleções" na Unijuí sempre foram assim, é ridículo....
    segue em frente que tu é um BAITA jornalista, merece muito mais....

    Por Blogger Ana Júlia, às 30 de maio de 2011 às 10:43  

  • É ridculo que tu tenha ido tao bem e não tenha sido classificado. Não tem argumento que sustente isso!

    Por Blogger Edili Bof, às 30 de maio de 2011 às 12:43  

  • Só pra reforçar o que todo mundo já disse PQP!
    Olha Dudu, o que mais me surpreende na Unijuí é justamente sua capacidade de sempre nos surpreender. Fica cada vez pior mesmo ou é só impressão minha?

    Ou tu tem algum problema mental muito grave e foi reprovado na avaliação psicológica (que em geral não avalia) ou a situação da Unijuí é que é muito grave pra que não se tenha nem vergonha de um aburdo desses. Tipo, te "desclassificaram" do processo que tu tirou nota máxima. QUal o motivo???
    Também acho que tu deveria cobrar uma explicação formal.
    E lamento muito assistir isso. Essa não é a universidade pela qual tanta gente lutou.

    Por Blogger Lara, às 30 de maio de 2011 às 17:26  

  • Dudu!

    Só tenho uma coisa pra te dizer: MUITO OBRIGADA! Cara, tudo que eu li nas tuas palavras é o que um dia eu gostaria de ter dito pra essa universidade onde fiz graduação e pós-graduação e que em um teste semelhante com esse teu para Santa Rosa fui obrigada a responder a ridícula pergunta de "Tu acha que morando em Tucunduva tem condições de trabalhar em Santa Rosa? Vai conhecer aqui?"
    Pra quem não sabe, as cidades citadas ficam 27km distantes uma da outra.

    E é isso que os outros já comentaram aí. Lamentável a situação dessa universidade. Espero que um dia ela mude, pois acho q desse jeito nem o marketing salva.

    Por Blogger Dilea Pase, às 30 de maio de 2011 às 17:37  

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