Livros
Na volta do Nordeste, eu terminei de ler Diário da Corte, do Paulo Francis. Na verdade, comprei esse livro por interesse pessoal, pois o PF viveu a maior parte da sua vida em Nova York, onde pretendo estar daqui a um ano. Lendo, descobri que ele fez uma pós na mesma universidade que, se tudo der certo, vai me receber: a New York University (NUY). Quanto ao texto, confesso que gostei mais dos dois Conexões e (Re) Conexões do Lucas Mendes. O Diário da Corte consta de textos publicados na Folha de São Paulo de 1970 e poucos até 1990. Muita política, alguma coisa de teatro e cinema, e mais política. O objetivo do livro, conforme relata o seu organizador, é mostrar a transição do PF da extrema esquerda para a extrema direita. Acho exagero dizer que ele tenha sido extremista qualquer coisa. Na verdade, ele era como a maioria dos escritores, intelectuais, artistas, etc, são (e o Schereck também, claro): não gostam de pessoas. Aliás, ele dizia que só gostava de gente que tivesse conteúdo para conversar com ele. Os demais, ele nem se prestava a dar um cumprimento ou alguma desculpa. Dizia na lata “não quero falar com você e ponto”. Creio que, enquanto ser humano livre, ele tinha esse direito. Mas enfim, teria muito mais a escrever sobre ele, entretanto estou cansando, então vou partir para os próximos.
Ainda na volta do Nordeste, li As pernas de Úrsula, da Cláudia Tajes. É um livro pequeno, que li em umas quatro ou cinco horas. Resumindo, trata da necessidade que o homem (no sentido masculino do termo) tem de buscar possibilidades. Mas é um romance, com personagens e tudo. O personagem principal é recém casado, tem um filho bebê, e se apaixona pelas pernas da Úrsula. Assim, ele faz de tudo para encontrar a dona daquelas pernas e, então, acaba realizando o seu sonho. Entretanto, vou me limitar a contar que ele passa por toda a lambança mental que um homem que tem mulher e filho passa ao se apaixonar loucamente por outra. Porém, na verdade, ele não está apaixonado por outra, mas sim, como a maioria dos homens, ele está apaixonado pelas possibilidades causadas pela outra. Depois que a possibilidade se concretiza, ele tem uma necessidade, quase que biológica, de buscar outras possibilidades, e assim sucessivamente. É algo mais velho que Jerusalém, mas que segue surpreendendo todas as gerações como se fosse algo completamente contemporâneo e pós-moderno.
Por fim, comecei a ler (fora os livros acadêmicos, lógico) Animal Tropical, do Pedro Juan Gutierrez. Esse livro, lembro que meu primo Gérson-Alemão me indicou há anos. Entretanto, primeiro li Trilogia Suja de Havana e O Rei de Havana, para só agora ler o Animal Tropical. Realmente, faz jus a indicação, pois as primeiras 30 páginas são sensacionais (creio que as demais também). Resumindo, Gutierrez relata dois relacionamentos: um com uma prostituta pobre de Cuba, e outro com uma intelectual sueca. Para quem não está a par, ele é cubano, mas ficou alguns meses na Suécia a convite de uma universidade, onde se envolveu com a tal sueca. E, lá na Suécia, ele era visto como um “animal tropical”, daí o título da obra.
Como sei que o vagabundo leitor tem preguiça de textos longos (e entendam aqui “vagabundo” como um elogio, no sentido kerouacquiano do termo) vou pondo um ponto final nessa porra toda.
Hasta!