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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Cúpula Papicu

Para uma crise de criatividade e produção, nada como um Intercom Nacional. Segue o texto que escrevi para a minha coluna no Jornal das Missões, ou seja, algo mais "moderado". Em breve, prometo publicar algo mais atrativo e mais gonzo, se é que isso é possível, inclusive, tentando explicar a origem do nome da referida cúpula...

Passei praticamente as duas últimas semanas no nordeste. Mais especificamente, em Fortaleza, no Ceará, terra do Jardel. Estive participando do encontro Intercom, que envolve acadêmicos, pesquisadores e profissionais da área da Comunicação Social no Brasil. Fiquei hospedado em um hostel, que é uma espécie de albergue sofisticado. Várias pessoas do Intercom ficaram lá. Formou-se uma cúpula com gente do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Amazonas, Minas Gerais, Sergipe, Argentina e México. A cúpula, que foi batizada de Cúpula Papicu, ainda recebeu convidados da França e Alemanha. Algo internacional, no bom sentido do termo.
O fato é que, quando eu disse que estávamos na terra do Jardel, as pessoas começaram a pensar que eu era louco e que o Jardel fosse um personagem imaginário criado a partir de alucinações causadas pelo forte calor cearense misturado com as poucas horas de sono. Como a cúpula era formada por comunicadores, eles foram à rua para checar a informação e, para meu espanto, os primeiros entrevistados diziam nunca ter ouvido falar do Jardel. Eu já estava me convencendo de que era um gaúcho lunático perdido em Fortaleza quando, em um restaurante, perguntamos para o garçom se ele conhecia o Jardel. Diante de tal questão, ele respondeu de bate-pronto: “claro, ele é daqui de Fortaleza! Jogou no Grêmio, no Palmeiras, em Portugal, no Vasco...”. Como a cúpula de Papicu é muito exigente e desconfiada, inicialmente suspeitaram que eu tinha subornado o tal garçom. Mas, depois, quando um morador de rua confirmou a existência do Jardel, inclusive mencionando o seu vício em cocaína, ficou provado que eu não era um gaúcho louco, mas sim, o Jardel realmente existiu.
Durante esse tempo todo, conheci toda essa gente, andei de skibunda e buggy pelas dunas de Fortaleza, ouvi uma palestra sensacional do Roberto Damatta, apresentei trabalho sobre Jornalismo Gonzo, conheci a praia de Iracema, o Dragão do Mar e a praia do Cumbuco, passei por Salvador, comi um acarajé, dei uma passadinha no Farol da Barra, assisti ao Bahia fazer 4 a 0 no Vasco no Rio, passei pelo próprio Rio, por Curitiba, por Porto Alegre, até chegar em Pelotas e, depois de tanto tempo e de tantas experiências, ao chegar em casa e checar a situação do campeonato brasileiro, descubro que nada mudou. Quando o Grêmio perdeu, o Inter também perdeu. E quando o Grêmio ganhou, o Inter empatou. Ou seja, o Inter segue longe do G-4, o Grêmio segue em 3° com folga em relação ao Vasco, e Fluminense e Atlético-MG seguem monopolizando a disputa pelo título. A impressão que eu tenho é que posso sair do país e voltar só no final do ano que vai estar tudo do mesmo jeito. Os quatro últimos seguem os mesmos, os quatro primeiros também, e a turma do não fede nem cheira continua no mesmo lugar. Esse é o nosso campeonato brasileiro por pontos corridos. Tão emocionante quanto uma corrida de tartarugas. Aplicar num país do tamanho do Brasil, que tem tantas diferenças, tantos sotaques, tantas peculiaridades, uma fórmula européia, que é válida para países menores do que o Rio Grande do Sul, é bem a cara dos brasileiros, que seguem achando que copiando irracionalmente os países desenvolvidos vai chegar a algum lugar melhor...
Enfim, acabou o espaço, portanto, um bom final de semana a todos, que domingo tem mais mesmices com Flamengo x Grêmio e Inter x Sport. O resultado desses jogos vai mudar alguma coisa na classificação, tanto quanto a classificação do Grêmio para a Libertadores vai alterar a sua seca de títulos...
Hasta
*Texto publicado no Jornal das Missões de sábado.

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