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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Livros

Uma das serventias desse blog, pelo menos para mim, são os comentários que coloco acerca dos livros que estou lendo. Assim, daqui alguns meses ou anos, quando eu já tiver esquecido completamente sobre o que se trata tal obra, eu posso vir aqui e catar os resumos/comentários. Sei que tem livros que são bons de serem lidos mais de uma vez, mas como são tantos os títulos que ainda não li, mas que ainda quero ler, que acho que só vou realmente entender esse prazer de leitura dupla quando estiver lá pela quarta idade (se assim me for permitido, o que acho difícil...). Ou seja, até hoje eu só li o mesmo livro mais de uma vez para escrever minha monografia/dissertação/tese (Solo de Clarineta, do Erico Verissimo, por enquanto é o meu recorde, pois acho que já li ele umas três ou quatro vezes). Ou ainda quando estou completamente impossibilitado de adquirir (comprado ou emprestado) algum livro novo que eu não tenha lido. Creio que Isso só aconteceu uma vez e, no referido caso, eu peguei uns livros do Bukowski para ler novamente. Afora isso, sempre busco algo novo. Mas chega de trova e vamos ao que interessa.
Na volta do Nordeste, eu terminei de ler Diário da Corte, do Paulo Francis. Na verdade, comprei esse livro por interesse pessoal, pois o PF viveu a maior parte da sua vida em Nova York, onde pretendo estar daqui a um ano. Lendo, descobri que ele fez uma pós na mesma universidade que, se tudo der certo, vai me receber: a New York University (NUY). Quanto ao texto, confesso que gostei mais dos dois Conexões e (Re) Conexões do Lucas Mendes. O Diário da Corte consta de textos publicados na Folha de São Paulo de 1970 e poucos até 1990. Muita política, alguma coisa de teatro e cinema, e mais política. O objetivo do livro, conforme relata o seu organizador, é mostrar a transição do PF da extrema esquerda para a extrema direita. Acho exagero dizer que ele tenha sido extremista qualquer coisa. Na verdade, ele era como a maioria dos escritores, intelectuais, artistas, etc, são (e o Schereck também, claro): não gostam de pessoas. Aliás, ele dizia que só gostava de gente que tivesse conteúdo para conversar com ele. Os demais, ele nem se prestava a dar um cumprimento ou alguma desculpa. Dizia na lata “não quero falar com você e ponto”. Creio que, enquanto ser humano livre, ele tinha esse direito. Mas enfim, teria muito mais a escrever sobre ele, entretanto estou cansando, então vou partir para os próximos.
Ainda na volta do Nordeste, li As pernas de Úrsula, da Cláudia Tajes. É um livro pequeno, que li em umas quatro ou cinco horas. Resumindo, trata da necessidade que o homem (no sentido masculino do termo) tem de buscar possibilidades. Mas é um romance, com personagens e tudo. O personagem principal é recém casado, tem um filho bebê, e se apaixona pelas pernas da Úrsula. Assim, ele faz de tudo para encontrar a dona daquelas pernas e, então, acaba realizando o seu sonho. Entretanto, vou me limitar a contar que ele passa por toda a lambança mental que um homem que tem mulher e filho passa ao se apaixonar loucamente por outra. Porém, na verdade, ele não está apaixonado por outra, mas sim, como a maioria dos homens, ele está apaixonado pelas possibilidades causadas pela outra. Depois que a possibilidade se concretiza, ele tem uma necessidade, quase que biológica, de buscar outras possibilidades, e assim sucessivamente. É algo mais velho que Jerusalém, mas que segue surpreendendo todas as gerações como se fosse algo completamente contemporâneo e pós-moderno.
Por fim, comecei a ler (fora os livros acadêmicos, lógico) Animal Tropical, do Pedro Juan Gutierrez. Esse livro, lembro que meu primo Gérson-Alemão me indicou há anos. Entretanto, primeiro li Trilogia Suja de Havana e O Rei de Havana, para só agora ler o Animal Tropical. Realmente, faz jus a indicação, pois as primeiras 30 páginas são sensacionais (creio que as demais também). Resumindo, Gutierrez relata dois relacionamentos: um com uma prostituta pobre de Cuba, e outro com uma intelectual sueca. Para quem não está a par, ele é cubano, mas ficou alguns meses na Suécia a convite de uma universidade, onde se envolveu com a tal sueca. E, lá na Suécia, ele era visto como um “animal tropical”, daí o título da obra.
Como sei que o vagabundo leitor tem preguiça de textos longos (e entendam aqui “vagabundo” como um elogio, no sentido kerouacquiano do termo) vou pondo um ponto final nessa porra toda.
Hasta!

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