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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Abre aspas - by Adson Santos Santana

“Pegue seu colchão e ponha onde quiser”. Foi a frase que ficou na minha memória em meio a resolução de em qual lugar eu ia ficar no Hostel, depois de ser acolhido provisoriamente (logo mais definitivo) em quarto maravilhoso, é claro. Isso só era o começo, pois não podia imaginar as coisas que iam me acontecer já que na semana que antecedia a tão esperada viagem para o Intercom eu não estava com o mínimo de empolgação. Depois de tantos altos e baixos no tocante da minha hospedagem e como eu ia me portar numa nova cidade, pus a carapuça e disse: vou lá!
No início foi tudo incerto, confuso e incomum, onde todos os estranhos fariam parte da minha vida, onde todos os cantos teriam histórias escondidas, onde eu pude compartilhar mais um momento da minha existência com os amigos e conhecidos. E nessa conjuntura não tinha mais para onde fugir. O jeito era se jogar de corpo e alma. E a frase, mais uma vez, ecoou em minha cabeça - pegue seu colchão e ponha onde quiser.
E num encontro de muita gente inteligente, boa, bonita, alto astral, tímida, singela e secreta tudo aconteceu de forma intensa, feroz, feliz, corrida e sempre de maneira jocosa de levar a vida todos se deixaram levar pela onda. Eu nem sabia que dia era, muito menos, a hora que teimava em passar. Só tinha em mente que estava ali naquele momento e tinha que viver cada minuto em seu vão momento.
E Papicu? Sim! Não podia esquecer o terminal que leva o nome de um bairro (preferia que fosse nome de peixe ou algo indígena – risos) no qual todos os caminhos de Fortaleza se direcionavam para lá, onde muitas histórias, conversas, ansiedades, risadas, decisões foram tomadas em seu caminho ou como forma de aclamação, pois bastava estar perdido o primeiro pensamento que vinha a mente era: moço passa em Papicu? Oh! Nobre Papicu que de uma singela brincadeira fez com que almas se encontrassem para a partir de então um nova história ser contada – a cúpula Papicu.
Apresentei meu primeiro artigo em congresso e envolvido no clima tive a certeza de que devo tentar uma vida acadêmica, pois diante de conversas pude perceber que nada é descartável e que, quase tudo, dá um artigo. Além da percepção de que sou capaz de fazer algo de boa qualidade. Destarte, para a minha loucura dos slides que só ficaram prontos no dia da apresentação e acho que devo ter enchido o saco falando: e meus slides que não estão prontos?
Sem mais delongas, em Fortaleza passei bons momentos de minha vida, fiz amigos, muitos dos quais creio que me acompanharão para sempre. Por isso tenho que comemorar!
Olho para trás e vejo que eu tenho que voltar para Fortaleza para encontrar uma amizade que não vi, para visitar o que não deu, para fazer a falsa pool party no fundo do hostel e para lembrar os bons momentos vividos tomando o velho e bom chop de vinho do Bixiga.
E no fim de tudo, o colchão que eu pus onde eu queria, teve que voltar para o seu lugar para que outras pessoas, outras histórias, outras realidades possam ser vividas, rememoradas e sonhadas. E para mais, fica o abraço meio desconcertado e choroso na última festa, o aperto de mão que acalenta o choro no táxi, a conversa de 30 min dos mais sinceros corações, o olhar de adeus ou até breve do portão com a benção da Santa Virgem de Guadalupe, o soluço preso na garganta que a cada poste que passava trazendo o clarão de luz era uma lembrança, do check in bêbado, da viagem faminta e fria com direito a dor de ouvido e cabeça, da não lembrança de ter pego a mala e depois ficar encucado como ela apareceu na sua mão, do primeiro abraço forte de despedida, da carona perfeita, dos tchaus dados, da Barra, do acarajé e do fim.
- Alô, Fundação Brasil Criativo. O que deseja?
- Quem fala?
- Adson da UFS.
- Oi. Por onde você andou?
- Estava em Fortaleza participando do Intercom. Melhor experiência não há. Ano que vem vamos falar com a galera para ir viu? Pois tem uma cúpula que atenderá pelo nome de Pirarucu a nossa espera.

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