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domingo, 11 de maio de 2014

Gonzofest - last day

Acordamos mais cedo: meio-dia. O sexto e último dia de Gonzofest tinha a programação toda em um espaço aberto, perto do Muhammad Ali Center, e seria durante a tarde inteira. Comemos uma pizza de fazer no micro-ondas e fomos de busão.
Chegando lá, deparamo-nos com uma infraestrutura similar a uma dessas feiras que temos no Brasil. Várias banquinhas vendendo comida, bebida e tendas com souvenir, quadros, roupas, etc, da Gonzofest. No centro, havia um palco grande aonde aconteceriam as atividades da programação. O tempo também ajudou, pois vez um solaço.
Fomos comprar uma para tomar, mas levei um susto: cinco pila o copo. Caracas. E te botavam uma fita no braço, sei lá, acho que para identificar que você está bebendo, ou para os pais afastarem as crianças dos bêbados marcados com as fitas... Vá saber...
- Gonzinho, só vamos poder tomar essa. Tá muito caro.
- Teu cu, quero encher a cara! Hoje é o último dia, caralho!
- Então vá dar uma de brasileiro e cate alguém pra te pagar bebida, porque eu to duro!
- Porra! Eu sou nova-iorquino, lembra? Mas vou abrir uma exceção...
E lá se foi o Gonzinho. Foi engraçado, porque encontramos uma baixinha loirinha que parecia a minha Larissa com um outro Gonzinho – primo do meu.
Novamente tiveram apresentações, shows musicais, leituras e interpretação de textos, etc. Lá pelas tantas, apareceu um grupo todo fantasiado com um boneco gigante de Hunter Thompson. Eles ficaram andando pelo espaço por um bom tempo, tocando tambores e fazendo barulho. Fiquei pensando que provavelmente Hunter Thompson gostaria daquele espetáculo, afinal, ele sempre gostou de coisas grandiosas, como o seu funeral, que ele deixou todo programado e que foi cumprido à risca, com fogos de artifício nas montanhas de Aspen e tudo o mais. Um dia quero escrever um texto só falando da biografia dele para o blog, mas fica para outra hora...
Falando nisso, tinha alguns imitadores – apesar de que Hunter odiava os imitadores. Tinha um que era convidado e estava na programação, pois ele leu alguns textos do Hunter no palco. Mas outros estavam simplesmente vestidos de Hunter Thompson, tentando agir e se mexer como ele... Porra, por mais que o Hunter odiasse esses caras, eles fazem parte do espetáculo, pois aí você se sente ainda mais inserido no mundo Gonzo da Gonzofest.


O grande momento do evento foi quando o ator Frank Masina leu a mensagem de Anita Thompson, justificando a sua ausência e falando justamente o quanto Hunter Thompson se orgulharia de um evento como esse.
Ela também anunciou uma bolsa na Universidade de Louisville no nome do poeta, escritor e professor Ron Whitehead, que, creio eu, vai repassar para que alguém estude o Jornalismo Gonzo ou similar. Também estava o prefeito de Louisville, que se declarou um leitor e fã do Hunter desde criança, e outras "autoridades".
Ainda conversei bastante com a Margaret, a editora do Hunter Thompson nos Hell’s Angels, e com o Brad, o cara de Chicago que me passou várias dicas.
Conversamos muito sobre a minha pesquisa e foi sensacional poder explicar a minha pesquisa com eles ouvindo atentamente. E a satisfação foi muito grande quando ouvi da boca da Margaret que o meu enfoque era “genial”. Realmente, eles, e vários outros participantes com quem conversei, fizeram eu me sentir em casa.
A essas horas o Gonzinho já tinha achado uma loira que estava pagando cerveja para ele. Dei dinheiro para o busão e disse que estava indo embora. Antes de sair do parque, uma senhora, que eu tinha conversado antes, me pegou pelo braço para me apresentar ao filho dela.
- Olha, esse é o cara do Brasil.
- Eu sei mãe, eu já conheço ele.
- Mas ele é do Brasil!
- Eu sei, mãe!
Aliás, nessa tarde eu me senti mais ou menos famoso no evento, pois vários vieram falar comigo para saber se eu era o cara que tinha vindo do Brasil. Por pouco não dei autógrafos.
Mas enfim, chegou uma hora em que o sol estava se pondo e o cansaço estava batendo. Despedi-me do pessoal, em especial do Ron Whitehead, e saí para fora do parque e fiquei olhando o banner gigante que estava atrás do palco, com aquele monte de quadros e pinturas do Hunter Thompson, do Gonzo, dos livros, etc. Olhei tudo aquilo, respirei fundo, e murmurei pra mim mesmo: é, amigo. Valeu muito a pena!

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