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sexta-feira, 2 de maio de 2014

Gonzofest - Day 3

Acordamos e entrei no Facebook. A princípio, a programação do terceiro dia começava às sete da noite, porém, havia uma postagem na página do evento dizendo que o troço todo iria começar às seis. Tive uma discussão de relacionamento com o Gonzinho.
- Gonzinho, precisamos conversar.
- Não fode.
- Gonzinho, esse teu comportamento rebelde não vai nos levar a nada...
- Não fode.
- Gonzinho, seu filho da puta. Quantas vezes já te disse que o Hunter S Thompson, teu criador, odiava os imitadores, aqueles que bebiam e usavam drogas e falavam palavrões desordenadamente achando que se tornariam amigos dele por se portarem como idiotas... Então...
- Não fode.
- Porra, Gonzinho! Tá bom, caralho, vamos ao que interessa: hoje tem jogo do Grêmio, então, vamos voltar mais cedo e...
- Nem a pau! Eu vou perder uma noitada de mulheres pegando no meu narigão e de bebedeira para ver esse teu time de merda! Nem fodendo!
- Gonzinho. Escuta aqui, caralho. Eu sou responsável por você. Não posso te largar sozinho, portanto, eu não estou pedindo, tampouco estou consultando a sua opinião, apenas estou te comunicando que voltaremos mais cedo.
- Vou enfiar meu nariz no teu cu!
É, o Gonzinho tem um gênio difícil. Não tive escolha a não ser pegar ele e enfiar na minha mochila. Ele ficou lá dentro, xingando durante todo o trajeto, feito de busão, até o local do evento.
Aí aconteceu o seguinte: chegamos às seis no Revelry Boutique Gallery, aonde aconteceria a porra toda do terceiro dia. No entanto, fomos os primeiros a chegar e a mulher que estava por lá disse que, na verdade, a expectativa era que o negócio começasse lá por sete e quinze. Ou seja, tínhamos uma hora e quinze de bobeira. O Gonzinho se encheu de razão e berrou lá de dentro da mochila: “eu te falei, ô filho da puta!”. Dessa vez fui eu quem disse “não fode”.
Como o lugar do evento era em Highland, o mesmo bairro da casa em que viveu Hunter Thompson durante a sua infância e juventude, acabei catando o endereço pelo celular e, com o GPS, acabei chegando lá (dinossauros, como eu, também se beneficiam da tecnologia vez em quando).
O bairro é muito bom. Diria que de classe média alta. Tem muitas casinhas daquelas sem cerca com gramadão na frente e é totalmente residencial. Caminhei bastante até achar a casa, que é a última de uma ruazinha sem saída. A tal da casa, como expliquei para o Gonzinho, foi comprada pelo pai de Hunter, Jack Thompson, nos anos 1930. A casa pertenceu à família (Hunter, seus pais e seus dois irmãos) até a morte de Virgínia Thompson em 1998. Agora uma outra família vive lá.
E eis que eu estava fotografando a casa de todos os ângulos, com o Gonzinho me enchendo o saco, querendo palpitar sobre o que eu deveria fazer, quando chegou um vizinho. Ao descer do carro ele veio em nossa direção e perguntou:
- What’s going on? – quis saber.
Expliquei que Hunter Thompson havia morado naquela casa, ao que ele disse, “sim, mas foi há muito tempo”. Eu retruquei que sabia, mas aproveitei e pedi para o cara tirar uma foto minha, já que o Gonzinho estava reinando.
Bom, da casa de Hunter, voltamos para o evento. Chegamos lá na hora e de uma hora pra outra o troço encheu. Conseguimos catar um canto, pois o espaço aonde aconteceria a apresentação do poeta Russel Hulsey era pequeno. Acompanhado por um som meio místico, Russel representou seus textos, muitos fazendo referências ao Hunter e ao pessoal beat, especialmente Alen Ginsberg e Jack Keroac.
Estava tudo indo muito bem, mas a hora de ir estava chegando. O Gonzinho estava lá, hipnotizado pela apresentação do poeta, então, aproximei-me vagorosamente por trás dele, tapei a sua boca e saí correndo para fora do prédio. Já na rua, simplesmente joguei ele para dentro da mochila, que ficou me xingando de todos os palavrões possíveis e imagináveis.
Em casa, tranquei ele no armário, que ficou gritando “Nacional, Nacional!”. Mas não adiantou. Mesmo jogando na Colômbia, o Grêmio venceu por 2 a 0. Como eu tinha pego cerveja no mercado de tarde, o Gonzinho acabou se acalmando e tomamos umas antes de dormir. No fim da conversa ele já estava vestindo a minha camisa do Grêmio e cantando “eu sou borracho sim senhor! E bebo todas que vier! Eu sou do meu tricoloooooooooooooooor! Meu único amor, e da-lhe, da-lhe tricolor!”.
E assim, tudo terminou bem na terceira noite de Gonzofest em Louisville.

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