Gonzofest - Day 4
Então, Gonzinho e eu partimos rumo Monkey Wrench, que é uma espécie de Pub a moda antiga. Dessa vez consegui convencer o Gonzinho a não se chapar antes de sair, pois começava a temer pela sanidade mental dele. Chegamos lá e comecei a fotografar a decoração do troço, novamente toda em estilo Gonzo. Começamos a beber.
O problema é que a cada uma que eu tomava o Gonzinho tomava duas, ou mais. Ou seja, logo ele estava viajando.
- Gonzinho, vamos com calma, temos tempo.
- Não fode.
Esse Gonzinho.. Já não sei mais o que fazer com esse guri. Enfim, na primeira fala da noite aquele mesmo jornalista do primeiro dia que estava vendendo livros e foi embora depois de 20 minutos de evento falou sobre a sua obra. Na verdade até é interessante: é um livro-reportagem sobre plantações de maconha nos Estados Unidos. No entanto, como a minha mala já estava transbordando com super excesso de bagagem – e eu também queria economizar – acabei apenas ouvindo.
Depois, foi a vez do show de Ron Whitehead. E foi literalmente um show. Ele contou um pouco das histórias dele com o Hunter Thompson e recitou – com um super acompanhamento musical – alguns de seus textos, como o “searching for Jack Kerouac” (procure no youtube).
Em seguida, Frank Masina, um escritor, poeta e ator de New York deu um puta depoimento sobre Hunter Thompson. Postei algo no youtube. O cara, que até então eu achava apenas um “metido a besta bonitão com topete que se acha”, matou a pau. Até o Gonzinho estava concentrado nas apresentações. No entanto, um dos pontos altos da noite foi quando chamaram o poeta, músico e escritor David Amram. O cara deve ter, sei lá, uns 80 anos. Tinha dificuldades para caminhar e parecia não estar lúcido. No entanto, foi só passarem-lhe o microfone que ele matou a pau. Porra, o cara foi amigo e andou com ninguém mais ninguém menos do que Jack Kerouac. Compôs músicas com ele. E tocou. Deu show. Deixou todos embasbacados. Sentíamo-nos em Big Sur nos anos 1950.
Quando terminaram as apresentações, Gonzinho estava emotivo. Com lágrimas nos olhos.
- Quê passa, azulzinho?
Nada. Silêncio.
- Porra, Gonzinho! Que merda é essa???? Vamos beber aê???
Ele nem dava sinal. Estava emocionado, saudosista, nostálgico. Acabei pagando uma pra ele. A depressão passou rápido quando apareceu uma ruiva que se sentou ao seu lado. O foda foi que do outro lado sentou a chapeleira maluca das noites anteriores. Acabei sobrando e deixei ele sozinho com as duas, afinal, ele estava precisando de consolo.
Fui para o bar e tomei umas com o Nick e outras pessoas. Sempre era apresentado como “o brasileiro que veio para Louisville para a Gonzofest”. Um até disse “cara, tu já tá famoso”. Apareceu até um americano que morou seis meses no Brasil e que falava mais ou menos português. Ele disse que morou em Goiás e que adorava as brasucas. E eu, caralho, me sentia muito valorizado com uma rodinha de americanos querendo ouvir sobre a minha pesquisa about Hunter S Thompson. É, amigos, provavelmente eu sinta falta disso tudo quando voltar ao Brasil e voltar a ser apenas mais um na multidão...
- Hey, this guy is the Brazilian that is here researching about Hunter Thompson!
E então mudava tudo. Provavelmente porque eu era o único gringo às avessas no local. O Gonzinho também estava fazendo sucesso. Só que, novamente, o problema era arrancar ele do meio da chapeleira maluca e da ruiva para ir pra casa.
- Gonzinho, vambora, tá tarde.
- Porra, caralho! Tu tá é velho! Me deixa um minuto!
Sinceramente, a essa hora o cansaço tinha me batido. E eu estava feliz de ver o Gonzinho recuperado do baque de horas antes. Então, botei em seu bolso uma nota de 50 dólares e disse:
- Enjoy, my friend. Mas lembre-se de guardar para o táxi.
E parti. Enquanto saía porta afora, ouvi as risadas do Gonzinho ao fundo.
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