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segunda-feira, 14 de abril de 2014

Sim, o Grêmio será campeão da Libertadores

Vou dar uma breve pausa no diário de estrada para escrever um texto futebolístico. Sei que os textos futebolísticos são os que menos dão audiência no blog, mas enfim, antes do Grenal do final de semana eu já tinha pensado sobre isso, portanto, a derrota na decisão era de certa forma esperada. Então, ao contrário de muitos gremistas que estão botando toda a campanha do Grêmio na primeira fase da Libertadores na lixeira e estão só preocupados com as duas atuações nos grenais, eu analiso o troço todo de maneira um pouco diferente. Podem me questionar sobre isso tudo após o final da Libertadores.

Primeiro, o óbvio, mas que nem torcedores do Grêmio nem do Inter aceitam como desculpa, mas que qualquer analista de futebol de fora do Rio Grande vai concordar: faz diferença você ter uma semana inteira para treinar manhã e tarde pensando apenas na decisão em que você terá vantagem e você ter que jogar na quinta-feira uma decisão, mesmo contra um time fraco, pela Libertadores, como foi o caso do Grêmio. Ou seja, querendo ou não, o Grêmio teve apenas a sexta e o sábado para se preparar para o Grenal. E isso que teve que viajar para Caxias. Vejo a transferência da decisão para o Centenário como algo estratégico também nesse sentido: enquanto os jogadores do Inter puderam ir bem antes para Caxias, ou ir em cima da hora descansados, os jogadores do Grêmio jogaram na quinta e já tiveram que ir para Caxias para jogar a final.

Segundo, a ausência do seu jogador mais experiente, Zé Roberto, e de Luan. Não creio que o Grêmio teria vencido o Grenal, mas nos jogos da Libertadores os dois fazem diferença. E o Luan pode fazer A DIFERENÇA.

Terceiro, a cabeça dos jogadores. Os caras são seres humanos. Não é bem assim “desliga o botão da Libertadores e liga o do Gauchão”. O fato é que o Inter SÓ TINHA O GRENAL PARA PENSAR. E o Grêmio não.

Quarto, a força do time do Inter, óbvio. Passar por tudo isso que citei antes e pegar um time mediano é uma coisa. Agora, jogar na quinta, jogar em Caxias, com a torcida contra, e diante de um time qualificado como o Inter é fatal. Então, óbvio que, além de tudo o que falei, a qualidade do Inter também foi fundamental. O que estou dizendo é que se o jogo fosse com os dois times em condições iguais, só pensando no título, tendo treinado durante a semana inteira de maneira igual, com certeza não teríamos a goleada.

Quinto, o apagão. O Grêmio estava todo projetado para tentar fazer dois gols. Quando o Inter fez 2 a 0, acabou. Houve uma pane cerebral no time e o Inter soube aproveitar. É como aquele momento do boxe que o adversário tonteia. Ou você apenas administra ou vai para o nocaute. E o Inter foi para o nocaute. Deu mais duas porradas e liquidou a fatura. De certa forma, é bom para o Grêmio aprender a não perder a cabeça nos jogos da Libertadores.

Sexto, Abel Braga. Foi a melhor contratação do Inter nesse ano. Além de saber motivar o time, ele sabe como se preparar para esse tipo de jogo. Não adianta, ele é uma espécie de Felipão dos colorados. No primeiro Grenal ele fez a diferença. Antes dos dois gols do Rafael Moura, o Marcelo já tinha evitado um gol em jogada idêntica: bola no fundo e cruzamento no segundo pau. Isso é treino. O Inter aplicou três vezes e fez dois gols.

Sétimo, Enderson Moreira. Se excluirmos do papel os dois Grenais, o trabalho do Enderson, a forma do Grêmio jogar, etc, tem todos os atributos de time campeão. Sei que serei apedrejado por gremistas e colorados, mas é fato. O Grêmio e o Enderson foram obrigados a passar por toda essa situação. Jogo na quinta da Libertadores e domingo decisão em Caxias contra um time forte. Não tem o que fazer. Ponto. No restante da Libertadores isso não vai acontecer, pois o foco será para os jogos de mata-mata e com praticamente toda a certeza terão jogos do Brasileirão em que o Grêmio terá que botar o time reserva.

Oitavo, os adversários da Libertadores. Não tem nenhum grande bicho papão. O melhor time, teoricamente, é Velez, mas que o Grêmio só pega na final, e numa final tudo pode acontecer. A trajetória é difícil: provavelmente Cruzeiro na próxima fase e Atlético na
Semifinal (considerando que passe pelo San Lorenzo, que só por ser argentino já é difícil). Mas são todos times nivelados. Nenhum está muito acima do outro e, nesse cenário, um time que tem jogadores como Luan e Barcos pode levar a melhor.

Nono, a parada da Copa. Isso pode ser bom ou ruim. Tivemos vários casos, inclusive com o Inter, que mostram isso. Em 2010, antes da Copa o São Paulo estava bem e o Inter mal. Depois da Copa, inverteram-se os papeis, e o Inter eliminou o São Paulo, que era o seu grande adversário na busca pelo título.

Décimo e último: creio, e quero deixar registrado aqui, que o Rio Grande do Sul vai repetir o que Minas fez em 2013: Grêmio ganha a Libertadores e o Inter o Brasileirão. Torço para estar enganado, pois não quero o Inter campeão do Brasileirão. Mas fica o registro da previsão do Pai Dudu.

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