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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Filadélfia

Dias atrás fui pra Filadélfia. Resolvi traduzir o nome da cidade (oficialmente Philadelphia) pois os americanos também traduzem o Brasil para Brazil. Então, foda-se, pra mim é Filadélfia mesmo. Na verdade, antes de vir pra cá, não sabia nada sobre a Filadélfia, capital da Pennsylvania. Ok, sabia que existia, já tinha ouvido falar, óbvio, mas não associava a cidade com as coisas que lá aconteceram. Então, um dia, num churrasco na casa do gaúcho-americano-gremista Henrique, um outro gremista me deu essa dica: vai pra Filadélfia. É perto e tem vários pontos turísticos interessantes. Na real, o que me atraiu mesmo, foi quando ele disse que tinha as escadarias que o Rocky Balboa sobe na cena do treino no filme clássico dos anos 1980. Durante minha infância e adolescência vi esse filme uma dúzia de vezes, então, pensei comigo mesmo “vou ter que ir lá”. E foi então que comecei a descobrir a importância da Filadélfia.
Pra começo de conversa, a Filadélfia, apesar de ficar em outro estado, está a apenas duas horas de viagem de ônibus de Nova York. Pra quem é missioneiro, é mais ou menos a mesma distância entre Santo Ângelo e Cruz Alta. Pra quem não é, bom, que encontre uma analogia equivalente. Então, resolvi comprar a passagem pela Megabus. Segue a dica para quem um dia vir pra cá: a Megabus faz o serviço de Nova York para várias outras cidades aqui perto por passagens a partir de um dólar. Para conseguir essas passagens, você deve comprar pelo menos uns 15 dias antes. Como comprei na terça-feira para viajar na sexta, paguei 11 dólares. E foi então, logo depois de comprar a passagem, que vi a previsão do tempo: terça-feira = sol, quarta-feira = sol, quinta-feira = sol, sexta-feira = chuva, sábado = sol, domingo = sol, etc.... Mas, fazer o quê, vambora.
E, ao contrário das previsões do tempo brasileiras, aqui o troço funciona. Acordei e já vi a chuva pela janela. Então, preparei a mochila, pois sai de manhã para passar o dia lá. Um dia antes, tinha feito o roteiro, mas imaginando uma cidade grande, pois a população da Filadélfia é de mais de um milhão e 500 mil habitantes, ou seja, mais ou menos do tamanho de Porto Alegre. Mas, aos poucos, fui vendo que a cara do monstro não era tão feia.
Chegando lá, identifiquei de cara a estação de trem na rua 30. Sim, as ruas são todas numeradas. Só que, ao contrário daqui, pois Manhattan conta com mais de 250 quadras numeradas, na Filadélfia os pontos turísticos ficam entre as ruas 30 e 4. Ou seja, apenas 26 quadras, e pequenas. Então, comecei a fazer o meu “turismo” a pé mesmo.
Primeira parada: escadarias do filme Rocky Balboa. Não tem como não achar, pois entre uma espécie de “praça central” da cidade até as escadarias há bandeiras de todos os países do mundo. Isso mesmo, bandeira do Brasil, da Escócia, da Espanha, do Azerbaijão, etc. Você só segue as bandeiras e está nas escadarias. Chegando lá, mesmo com frio e chuva, apareceram uns carinhas sem camisa com luva de boxe imitando a cena do filme. Aí pensei: “caralho, o filme foi há 30 anos e ainda hoje as pessoas vêm aqui, aos montes, e querem imitar o Rocky”. E é verdade. Em uma hora que fiquei ali vi excursões, casais, pessoas avulsas, etc, subindo as escadarias, e praticamente todas elas, ao subir, faziam os gestos do Rocky, dando pulinhos e soquinhos no ar...
E aí, pra completar, meu guarda-chuva arrebentou. Na verdade ficou meio “cuenco”, como dizem nas Missões. Mas, como já estava todo molhado mesmo, concluí que não valia a pena comprar um novo. Então, segui com o troço todo torto, protegendo praticamente só a minha cabeça e a máquina fotográfica. Voltei pelo mesmo caminho, até a dita praça, e entrei na igreja, que é sensacional. Dali, fui indo à procura do Independence Hall, mas no caminho achei um espaço reservado para o Natal, com venda de produtos artesanais. Como já era de tarde e ainda não tinha comido nada, acabei parando para um lanche e, pela primeira vez em quatro meses, comi um Mac Donalds nos Estados Unidos. Mas confirmei o que já tinham me dito: aqui o Mac Donalds é xinelagem, como diria o Panchinho, do Jornal da Manhã de Ijuí. É um hamburger barato e servido de qualquer jeito (o funcionário nem termina de te servir e está berrando na sua cara “next!”. De lá, segui meu caminho. Fui até o Indepence Hall, que é o lugar onde foi proclamada a independência dos Estados Unidos. E o sino da liberdade, um sino histórico, que tocou para anunciar a independência, dentre outros fatos históricos, como a Guerra Civil Americana, etc. E, claro, tinha foto de figuras históricas, como Ghandi e Mandela ao lado do sino.
E eu, óbvio, tive que tirar uma foto com o sino....
A chuva seguia.. Cada vez me molhava mais. Mas era apenas seis da tarde e já tinha conhecido os principais pontos turísticos da Filadélfia, incluindo o belo prédio da City Hall. E fiz tudo a pé, sem pegar um metrô e um ônibus. Resolvi ir voltando, pois minha passagem era para às onze e 20. Pensei “bom, vou tentar trocar a passagem para mais cedo”. Cheguei no local da saída do bus e tinha uma fila gigante. Achei que não ia dar, mas deu. Às oito da noite peguei o ônibus de volta para Nova York.


Filadélfia. Terra do Rocky Balboa. Terra da independência americana. E terra do Will Smith. Aliás, pensei isso: hoje não há nada turístico na cidade referente ao Will Smith. O nome dele não aparece nos catálogos de turismo, etc. Mas, aposto que quando ele morrer, vão fazer estátua e rotas turísticas passando pela casa onde ele nasceu. Esse é o ocidente. Esse é o mundo. Esses são os Estados Unidos da América...

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