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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

American Football – A cara da cultura americana

Se o futebol diz muito a respeito do Brasil, depois de assistir a um jogo do New York Giants no MetLife Stadium, posso dizer o mesmo na relação entre Estados Unidos e futebol americano. Na verdade, a maioria das pessoas aqui dizem que o baseball é o esporte mais popular, pelo menos aqui em Nova York. Mas, na minha humilde opinião, após assistir ao vivo ao baseball, ao basquete e ao futebol americano, eu creio que o último é o que melhor representa a cultura americana. Explico-me.
Primeiro, para ir ao jogo, tive que ir até a rodoviária pegar um busão, pois o MetLife Stadium, onde jogam os Giants e os Jets e os times de futebol (soccer), como o Cosmos e o Red Bulls, fica em New Jersey. Então, lá fui eu de novo para a rodô nova-iorquina. Comprei a passagem e o cara disse para pegar o ônibus dois ou sete. Pelo menos foi o que eu entendi. “Two or seven”. E lá fui eu para o portão sete. Depois de 15 minutos esperando, perguntei para um carinha com uniforme da empresa de ônibus se era ali que pegava o ônibus para o MetLife. Resolvi perguntar porque via um monte de gente passando com camisa dos Giants e dos Packers (adversário do time de Nova York naquela tarde). O carinha disse que não, que o que ia pra lá era no portão 207. Foi então que entendi. O carinha da venda disse “two nil seven” e eu entendi “two or seven”. Por essa e por outras que sempre saio bem cedo para meus compromissos por aqui...
Na fila, já conheci uns americanos, torcedores do Packers, o que depois vai me levar a apresentar algumas conclusões preliminares sobre o comportamento das pessoas, não só aqui, mas no mundo...
Enfim, cheguei no estádio, e eis porque eu acho que o futebol americano é a cara da cultura americana: o estacionamento é um big acampamento, com trailers, barracas de todos os tipos, churrasqueiras improvisadas, cadeiras de abrir, vans, carros com o porta mala abertos, muita cerveja, etc... São milhares de carros e pessoas fazendo churrasco, comendo muito e tomando muita cerveja do lado de fora do estádio. É um espetáculo a parte incomparável com qualquer coisa que eu já tenha visto antes...
Olhando aquela americanada toda comendo e bebendo pensei “porra, vou ter que achar uma boca por aí...”. Então vi um casal de torcedores do Packers que me pareceram gente fina. Na verdade, eles estavam todos fardados de Packers, com uma “banquinha” só com produtos do Packers, inclusive o tal do queijo (espécie de símbolo do time).
Pedi para tirar uma foto deles, e o carinha disse que “no problem”. Resolvi perguntar aonde ele conseguiu cerveja, e ele foi me indicar mas me olhou e disse “ei, toma uma aqui com a gente!”. E assim, depois de dizer que era brasileiro e que não entendia quase nada de futebol americano, fiquei lá bebendo e comendo cachorro quente de linguiça (que me fez lembrar do 19 de Outubro). Nisso, chegou um outro torcedor do Packers, já bêbado, e conversamos bastante, então ele me convidou para jogar bola (de futebol americano) e eu disse que nunca tinha jogado. Assim, virei uma atração naquele mini-acampamento... Um brasileiro de meia-idade jogando futebol americano pela primeira vez... Só faltou dar autógrafos...
Enfim, o casal, o carinha e o filho do casal (um guri de mais ou menos 15 anos que tirou as fotos em que estou jogando) e mais uns outros torcedores do Packers foram muito, mas muito atenciosos, e fizeram a maior festa quando eu disse que era brasileiro. Sem exageros, parecia que eu era um convidado de honra. Depois, apareceu um cara que reconheceu a camisa do Grêmio que eu vestia. O cara era de Porto Alegre, mas morava aqui há anos, e estava com o filho americano que não fala nada de português. Os dois se disseram gremistas e ambos vestiam a camisa do Giants. Mas, foi só. Disseram isso e partiram. Já o pessoal do Packers seguiu lá, me tratando como um astro. E diziam para todos os do Packers que passavam por ali uniformizados “Esse cara é brasileiro e vai torcer para os Packers!”. E fizeram eu prometer que ia torcer para o Packers lá dentro. Infelizmente não adiantou, pois os Giants venceram por 27 a 13.
Agora, faço uma pausa na narrativa. Aí que está. Ainda não saí de Nova York, mas começo a identificar aqui algo que acontece no mundo inteiro. As pessoas das metrópoles, principalmente aqueles que nasceram e cresceram nas grandes cidades, não estão nem aí pra ninguém. Se você chegar e disser “eu vim de Marte”, vão te olhar e dizer “hm, legal”, e vão dar as costas e partir. Já as pessoas do interior são muito mais receptivas, amigáveis, agradáveis, etc.
É assim aqui, no Brasil, no Rio Grande do Sul, em São Paulo, em todo o lugar. Definitivamente. O Packers é um time forte aqui (já ganhou o Super Bowl algumas vezes, a última, pelo que disseram, em 2010 – não chequei no Wikipedia, mas enfim..). E é de uma cidade pequena, num estado que nem lembro o nome (pode checar aí no Mr. Google). E, possivelmente por isso, fizeram-me sentir em casa, convidaram-me para sentar, tomar uma cerveja, comer um churrasco e bater uma bola, como se eu fosse da família. O carinha até zoou com o estádio MetLife, que, segundo ele, custou dois bilhões de dólares: “esse estádio aqui? É um ar condicionado...”. E olhei e, realmente, por fora e por dentro ele parece um ar condicionado.... Ou seja, assim como o gaúcho do interior convida o estrangeiro para “sentar e tomar um mate”, enquanto o porto-alegrense nem liga, o americano do interior te recebe e te trata bem, enquanto o nova-iorquino está literalmente cagando e andando para você...
Resumindo, esse foi um perfeito fim de semana americano... cerveja, churrasco, estádio, futebol americano... Dentro do estádio, também não tem comparação: a torcida do Giants faz muito mais barulho (mesmo com o time meia-boca no campeonato) do que a dos Knicks ou a dos Yankees... Mas mesmo assim está longe de chegar perto das torcidas de futebol pelo mundo... (com cantos, barulhão ensurdecedor, etc). Entretanto, mesmo assim, vale, e muito, a pena. Tudo é um espetáculo, e o jogo é muito melhor do que o baseball – mas o basquete da NBA é incomparável, em termos de jogo, jogadas, etc.
Na volta pra casa, ouvi alguém falar em rebaixamento. Puxei conversa, e era um pessoal de Manaus (acho que três ou quatro casais). Voltei com eles, no mesmo ônibus, conversando. Contei da minha expectativa acompanhando o jogo do Grêmio contra o Flamengo no celular: o Flamengo empatou aos 40 do segundo tempo e a internet caiu. 20 minutos depois, já sofrendo, pensando que o Grêmio tivesse caído para o quinto lugar, fui ver que o Maxi Rodriguez salvou a pátria no final (depois vi os dois golaços).
Enfim, foi um final de semana em que aprendi muito sobre a cultura americana. Teria muito mais a comentar sobre o jogo, a torcida e os americanos, mas vou ficando por aqui.
Para fechar, cada vez mais aprendo mais o óbvio: o comportamento das pessoas não depende tanto da nacionalidade. Aqui tem muita gente burra, idiota, preconceituosa, etc. Como o meu ex-professor de inglês do cursinho, que esgotou a minha paciência com tanto preconceito contra todas as nacionalidades, principalmente brasileiros. Provavelmente eu volte a falar disso outra hora. Além do preconceito, a metodologia dele era a pior possível (imaginem uma aula do segundo grau para terem uma ideia...). Por essa e por outras troquei de turma, nessa minha última semana de cursinho. Mas, por outro lado, os professores na universidade (o cursinho de inglês não tem nada a ver com a universidade) são ótimos, as pessoas lá são show de bola, assim como os colegas no cursinho... E, claro, assim como esses torcedores dos Packers, tem muita gente fina aqui. Ou seja, tem idiotas e ignorantes brasileiros e americanos, assim como tem gente fina e inteligente brasileiros e americanos e de todas as nacionalidades. Enfim, são tópicos a serem comentados em outro post, pois escrevi demais e já está tarde...
Como diz o Gaguinho: po-por hoje é i-isso pe-pessoal!

4 Comentários:

  • Verdade! Me criei em Ijuí e depois morei 25 anos em Porto Alegre. No interior todo mundo se conhece e se for o caso se ajuda; em POA morava num condomínio e não conhecia nem o vizinho de porta! O egocentrismo predomina nas metrópoles!
    Fuck german!

    Por Blogger Marcos, às 20 de novembro de 2013 às 07:28  

  • Cara, tu com um queijinho na cabeça tá uma gracinha! Hahahahahahaaaaaa!

    Por Blogger Marcos, às 20 de novembro de 2013 às 07:37  

  • fuck german!

    como nova-iorquino tu tinha que torcer pro Giants, german! virou casaca!

    No início dos anos 90, quando a saudosa Bandeirantes, o canal do esporte, passava a NFL, eu torcia para o San Francisco 49ers. Na NBA era o Chicago Bulls, do qual eu tinha bonés e jogos gravados em video k7. Baseball é um pé no saco.

    Mas o importante é o que importa german

    Por Blogger Zaratustra, às 21 de novembro de 2013 às 13:36  

  • porra, alemão! concordo contigo. quando a bandeirantes era o canal do esporte eu tb torcia pro Bulls, aquele super time (era perfeito, grêmio de felipão e cia e bulls de jordan). tb eu tinha o boné, camisa e o caralho a quatro. futebol americano nunca acompanhei. e baseball eh um pé no saco mesmo. e, concordo ctigo, o q importa eh o importante... e vice versa..auhauaha

    Por Blogger Eduardo, às 21 de novembro de 2013 às 21:32  

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