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sábado, 2 de novembro de 2013

Invadindo geral

A missão de hoje era simples: sair para o Central Park fotografar as belíssimas imagens proporcionadas pelo outono em Nova York. Missão cumprida, mais de 500 clicks incluindo, de quebra, a abertura da pista de patinação no gelo...
Estava pronto para ir para casa quando vi um prédio, no lado West do Central Park, que me chamou a atenção. Fui lá conferir, até porque tinha bastante gente na frente, e percebi que era o Museum of History Natural of New York. Ou seja, o Museu de História Natural, aquele mesmo em que o Ross, personagem dos Friends, trabalhava no seriado. Em todos os lugares em que li sobre o museu consta que o ticket deve ser comprado. Tirei algumas fotos da frente e resolvi entrar. O guardinha que revistou minha sacola disse "não vale a pena entrar, você terá apenas 10 minutos". Então, fiquei ali pelo saguão, me parando de mosca morta, tirando fotos dos dois esqueletos de dinossauros. Nos alto-falantes, começaram a anunciar que o museu estava fechando.
O lugar em que vendem os tickets nem aberto estava. Então, resolvi ir indo, indo, indo... até que fui. Entrei dentro do museu. Fiz cara de quem estava procurando alguém, de preocupado, sério, com a testa franzida... Entrei numa sala cheia de animais selvagens empalhados e comecei a tirar fotos e fotos. Pra variar, as vozes dos últimos a saírem eram, na maioria, de brasileiros falando português. Dei uma zanzada, o troço já estava esvaziando, quando vi um casal parado na frente do elevador. Resolvi parar ali do lado deles. Eles me olharam, desconfiados. Eu retribui o mesmo olhar desconfiado, apesar de ter sacado que eles eram turistas. De repente, passa um cara e pergunta, ofegante, falando: "o museu está fechando, aonde vocês estão indo?" e o cara respondeu "vamos tentar subir".
Entramos no elevador, o casal, eu e uma funcionária do museu. Eu estava rindo por dentro, pois eles nem imaginavam que eu também era brasuca. Foi então que resolvi me identificar:
- Vocês são brasileiros?
- Ah, eu sim, ela não. Você também?
- Não, sou chinês mas falo português fluente...
Chegamos no segundo andar. Estava vazio. Era apenas nós três, enquanto no alto falante falavam em todas as línguas (menos português) que o museu estava fechando. O cara era do Mato Grosso, mas mora aqui há 10 anos. E ela, que falava português com um sotaque estranho (o que me fez pensar que fosse americana) na verdade era cubana. Eu e ela estávamos com máquinas fotográficas, então, nós clicávamos a cada segundo. Chegamos na frente de uma porta de vidro fechada. No lado de dentro estava cheio de animais empalhados e esqueletos. O cara tentou abrir e... abriu! A essa hora imaginei que algum guardinha estaria nos observando pelas câmeras de segurança... Mas enfim, éramos apenas nós três naquela sala gigante cheia de bicho empalhado. Imaginei o Ross trabalhando ali, principalmente no tempo em que o Joy fazia uma espécie de estágio no museu... Voltei ao mundo real e fomos indo, tirando fotos, enquanto eu pensava "puta merda, vão fechar o museu e vamos ter que posar aqui". Lembrei do filme de terror "uma noite no museu". Ou seria "uma noite no cemitério?". Enfim, enquanto clicava, excitado como uma criança que está fazendo arte, ria comigo mesmo por dentro ao imaginar um guardinha chegando, prendendo nós, e nos levando a uma sala de interrogatório. "Nós não falamos inglês", disse o cara ao responder indagação nesse sentido da mulher. "E se disserem que o museu está fechando em português", retrucou ela. "Alegamos que falamos apenas tupi-guarani", respondi, entre um clique e outro, que inclui essa clicada do meu carão de fugitivo.
Parecíamos criminosos fugitivos num prédio gigante e deserto. Ao tentar sair, eram corredores imensos, vazios, e ao ouvir barulhos de passos, a gente desviava para outro lugar. Senti-me num filme, entre uma caminhada a passos largos e uma corridinha e outra. Só faltou ligarem o infravermelho de segurança exigindo malabarismos cinematográficos da nossa parte para a fuga final...
Mas, enfim, andamos, dobramos e descemos escadas, até que chegamos no primeiro andar, onde ao avistar uma mulher uniformizada ainda teimei em invadir mais uma sala para tirar uma última foto "hey! Go away!". Ok, thank you!
O carinha brasileiro disse que na verdade eles cobram apenas uma doação, mas por via das dúvidas, valeu a pena a aventura, pois o valor (que não sei se é sugerido ou cobrado) é de mais ou menos uns U$25. No fim, do lado de fora, fui em direção ao metrô me sentindo um 007 brasuca em solo americano...

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