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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Humans of New York

Humans of New York pode ser um excelente exemplo para todos aqueles que pensam nas plataformas multimídias. Originalmente, HONY é um blog da atual estrela da fotografia norte-americana, Brandon Stanton. O trabalho fotográfico de Stanton se tornou febre em todos os sentidos: começou pelo Facebook, se espalhou por todo o mundo virtual, chegou aos principais canais de televisão, jornais e revistas norte-americanos e agora o seu livro já é um Best-Seller. Acabei de chegar da palestra que ele deu, acompanhada de sessão de autógrafos, na maior livraria de Nova York: a Barnes and Nobles. Mas, como tenho muita coisa para falar, vou dividir esse texto em partes...
Primeiro, como eu descobri Brandon Stanton e o Humans? A primeira vez que li sobre o seu trabalho foi na primeira Time Out que comprei assim que cheguei em Nova York. Time Out é a revista semanal que publica os principais eventos que vão rolar na cidade, e já ali, um mês e meio atrás, estava programado esse evento de hoje. Li a matéria, fiz um círculo, e já coloquei esse evento na minha agenda. Então, fui checar o blog fotográfico de Brandon (http://www.humansofnewyork.com/ - foto acima é do site - todas as demais são minhas) e fiquei impressionado pela qualidade das fotos, em todos os sentidos (principalmente pelo lado humano, como indica o nome do site). E, assim que descobri, o pessoal começou a postar no Brasil o link do site. Alguns vieram até me dizer "olha só esse blog de Nova York". Ou seja, de cara vi que se tratava de uma celebridade em potencial. O negócio aumentou na medida em que se tornou viral no Facebook (todo mundo começou a partilhar e a postar fotos do cara). E, dias atrás, praticamente ao mesmo tempo em que eu vi matérias sobre Brandon nos principais canais norte-americanos, o pessoal (brasileiro) também começou a me mandar as matérias em links pela internet. O desenrolar do troço terminou hoje, comigo na fila de autógrafos do cara. Aí começa a segunda parte da história...
Na minha ingenuidade, achei que poderia chegar meia hora antes do evento e pegar um bom lugar para assistir ao cara falar. Doce ilusão. Já tinha ido na Barnes and Nobles outras vezes, e tinha essa parada de autor lançando livro, dando palestra e autógrafo. Mas, assim que entrei na loja, senti o clima: uma multidão por todos os lados com o livro do cara embaixo do braço. Puta que pariu. Era uma fila gigantesca subindo pela escada rolante. De cara descobri que, para ver a palestra, teria que comprar o livro. Fui correndo para a fila do caixa fazer a compra (que ficou sendo meu presente de aniversário, de mim para eu mesmo). Com o livro nas mãos, parti do primeiro andar, tentando chegar ao quarto, onde ocorrem os eventos. Até o terceiro foi relativamente rápido (cheguei às 18h30 e cheguei no terceiro às 19h). Foi então que o drama começou. A fila fazia a volta por todo o andar, que não e muito pequeno. Um carinha com um carrinho cheio de livros autografados tentava incentivar as pessoas a desistirem da empreitada - a proposta era: troque o seu livro por esse com autógrafo, é exatamente o mesmo tipo de autógrafo que ele vai assinar lá em cima. Alguns aceitavam o suborno. Eu virei a cara pro magrão: nada de negociações. E, assim, "acompanhei" a palestra, ouvindo de vez em quando algumas gargalhadas, e vez em quando aplausos. Uma hora até chegar ao quarto andar. O troço já estava nos autógrafos. A fila andava de vagar.
Brandon estava visivelmente cansado de tanto dar autógrafos e sorrir para as fotos (imagino que a essa hora ele deve estar com câimbra facial). Fui indo (depois de ter lido praticamente todo o livro) até que chegou na minha vez. Ele agradeceu por ter vindo e perguntou de onde eu era. Eu disse que era brasileiro e ele disse que eu parecia português... Ora pois, duas horas na fila pra ouvir isso! Enfim, acabei tirando fotos e pegando o tal autógrafo... Algumas figuras fotografadas por ele, que estão no livro, também estavam por lá. Atrás de mim havia mais uma multidão esperando por seu autógrafo. Não sou bom de matemática, mas creio que mais de cinco mil pessoas devem ter passado por lá hoje para pegar o autógrafo do cara...
Agora, vamos à terceira parte do texto: a espera.
Primeiro, imaginei o negócio acontecendo no Brasil: empurra-empurra, xingamentos, gritos de guerra contra a empresa que organizou o evento, reclamações sobre a desorganização (como fazer um evento tão grande numa sala tão pequena?), etc. Mas, as pessoas estavam nem aí. Elas estavam conformadas em aguardar e esperar. Nenhuma reclamação. Quando as gargalhadas vinham do andar de cima, a guria que estava na minha frente só gemia e dizia "ai, what is happening there?". Segundo, vi alguns malandrinhos que encontraram conhecidos furando a fila... Lembrei de quando estava na fila que dava a volta na quadra para comprar ingresso para a final da Libertadores 2007. O povo quebrou as placas da EPTC e, com pedaços de pau em mãos, cantava para as pessoas que passavam perto da fila "se furar vai apanhar!". Pensei em fazer isso, mas acho que não teria seguidores... Terceiro, para quem pensou a essa altura do texto "por que não pegou o livro só para entrar na palestra, ao invés de comprar?", obviamente os americanos não são bobos, e a cada etapa em que a fila avançava você precisava mostrar o livro e o recibo da compra...
Enfim, finalmente chegamos a última e mais importante etapa desse texto. Uma análise da porra toda.
Sobre as fotos do livro (assim como as do site), teria várias considerações mas cansei... Então, vou me limitar a dizer que, as minhas preferidas, são aquelas mais "jornalísticas", ou seja, de flagras, de pessoas que são do jeito em que foram fotografadas naturalmente. Digo isso porque talvez metade das pessoas fotografadas são os "artistas" que se vestem de forma bizarra ou tentam chamar a atenção de tudo que é jeito para ganhar "tips" em lugares como a Times Square. Essas criaturas estão em toda a parte e elas não são daquele jeito, apenas estão ali para chamar a atenção... Mas, de modo geral, o livro e as fotos são muito bons (tem algumas favoritas, mas como estou com vários assuntos atrasados para escrever aqui, que vou acabar deixando).
Outro aspecto que fiquei pensando é sobre as numerosas previsões do fim do livro ou do papel impresso. Na verdade, pra mim, essa é uma previsão absurda. Como se explica que, mesmo com praticamente todo o conteúdo do livro estando na internet, tanta gente vá para uma livraria comprar o livro e ver o autor ao vivo? E como se explica uma livraria tão gigante quanto a Barnes vender tantos livros, dos clássicos aos contemporâneos? Enfim, esse é um outro assunto que eu queria escrever muito mais, mas realmente cansei!
Então, quem sabe, algum dia eu volte a esse tópico. Ah, e ia esquecendo do principal, a história do cara!
Essa é a parte que mais renderia comentários e reflexões, porque Stanton é um amador que se tornou profissional. Ele começou com o blog em 2010, e até então ele conta que nunca tinha fotografado. Inicialmente o troço era em Chicago, sua cidade natal, como hobbie. E começou com fotografias de prédios, arquiteturas, etc, que ele apenas colocava no Facebook. Porém, quando ele perdeu o emprego, acabou decidindo viajar para tirar fotos, e assim foi para a Filadélfia, seguindo tirando mais fotos de prédios, parques, etc. De lá ele veio para Nova York (que ele revela que nunca tinha vindo aqui até então!) e começou a fotografar mais pessoas, e, assim, criou o álbum no Facebook "Humans of New York". Daí o troço foi pra blog e, agora, pra livro. Sensacional. Teria muito a falar mais sobre isso, no entanto, agora sim, queimou o meu último neurônio.
Done!

1 Comentários:

  • Awesome! Acho que também ficaria na fila pra pegar o autógrafo do cara. Ele já tá famoso faz um tempo, tanto que todas grandes cidades tem uma page Humans Of ... Dos tantos que aproveitaram da fama do cara eu gosto do Monsters of New York =]

    Por Blogger DanielaZancan, às 15 de outubro de 2013 às 20:11  

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