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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Depilação brasileira

Como havia comentado em outro texto, o final de semana inteiro foi dedicado ao curso de Jornalismo em Zona de Risco na Columbia University. Já que nos comprometemos a não comentar nada do conteúdo do curso em redes sociais e blogs, apenas posso dizer que foi muito bom e que valeu muito a pena. Mas o que aconteceu após o curso acho que ajuda a entender um pouco melhor a imagem que o Brasil tem no exterior.
Digo isso porque na noite do domingo, véspera do meu aniversário, após o encerramento do curso, teve uma espécie de jantar de encerramento. Na verdade não estava na programação, porque cada um tinha que pagar o seu e tal. Eu, a princípio, não estava muito afim de ir, mas analisando a situação, vendo as pessoas que ali estavam, de tantas nacionalidades diferentes, a maioria delas jornalistas correspondentes internacionais, não pude desperdiçar essa chance de conhecer e aprender um pouco mais com cada uma daquelas criaturas. Fui.
Todos estávamos mortos de cansados, pois o curso foi intensivo mesmo: nos três dias, as atividades começavam às oito da manhã (o que quer dizer que eu tinha que levantar antes das sete. Outros, que estavam mais longe, tinham que levantar às cinco) e terminavam lá por sete da noite. Porém, o ânimo geral de estarem todos ali, agora descontraídos, venceu o cansaço e parecia que todos estavam com o sono em dia pronto pra outra. As nacionalidades eram as mais diversas: eu era o único brasileiro, e havia gente da Itália, Canadá, França, Estados Unidos, Austrália, Israel, México, Inglaterra, etc. Como disse, todos na mesma situação, jornalistas que trabalham como correspondentes internacionais ou que atuam em zonas de conflito em seus próprios países, com idade que basicamente variava dos 30 aos 40 anos. E o tema das conversas na mesa, obviamente, tinha que chegar a questão dos estereótipos de cada país. Então começaram as perguntas que eram lançadas na mesa e cada um tinha que falar o que pensava sobre o país em pauta. Primeiro: qual a pessoa mais famosa de cada país representado ali? A maioria era fácil: Estados Unidos - Madona, Barack Obama, Michel Jackson; Inglaterra - Príncipe Charles, David Beckhan,etc. Comecei a ficar curioso sobre o que diriam do Brasil.
Mas, antes disso, foi cômico quando chegou a vez do México e eu falei "Chaves del ocho" e só eu e o mexicano conhecíamos o Chaves, pois ele é um fenômeno na América Latina, então, tentamos explicar aos europeus, americanos e canadenses o que era o Chaves del Ocho. E, finalmente, quando chegou a vez do Brasil não teve nem graça: todos disseram "Pelé". Ou seja, a teoria de que os Ronaldos ou os MMAs da vida, como Anderson Silva, estão ficando mais famosos que o Pelé no exterior, caiu por terra. Nem o Lula teve vez.
Depois de outras perguntas, a que mais me surpreendeu foi a seguinte: qual é o produto mais conhecido de cada país? Parecia ser fácil, pois pensei que iam dizer "futebol", "samba", "carnaval", "feijoada". Em todos os casos as respostas variavam: Estados Unidos - filmes, McDonalds; na Itália - spagueti, pizza, etc. Chegou a vez do Brasil, todos falaram: depilação brasileira! Caralho! Caí da cadeira! Eu olhei pra todos e perguntei "que porra é essa?".
Nem eu sabia que existia a tal "depilação brasileira". Aí comentei no outro dia com os outros brasileiros no cursinho e me explicaram mais ou menos que é uma depilação famosa no exterior, principalmente das partes íntimas das mulheres... Caralho! O mais engraçado é que eles falaram, "ahhhh, depilação brasileira, óbvio!". Como assim, Bial???
Bom, pra fechar a noite, quando um dos participantes perguntou a minha idade e disse "31 até a meia noite", teve o parabéns pra você, etc, mas o melhor foi que não deixaram eu pagar a minha conta! Ficou sendo meu presente de aniversário do grupo...
Pois é, e assim foi meu aniversário em NY, falando sobre Pelé e depilação brasileira, numa mesa cheia de estrangeiros tomando uma autêntica cerveja americana - Brooklyn!

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