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sábado, 7 de setembro de 2013

Welcome to Harlem!

Primeiro de tudo, plagiei o título do blog da Lirian (que tem o blog Welcome to Aggieland). Mas não resisti... Enfim, o Harlem é o bairro em que estou morando. Na verdade, não sei se vou ficar muito tempo aqui, pois quando peguei esse quarto fiz a reserva somente até o final de outubro (pois não sabia se ia viajar em novembro ou não) e, agora que decidi ficar direto aqui até o resto do pessoal vir, fui estender minha estadia aqui, mas a dona do AP já alugou para outros. Então, nesse apartamento, fico até o final de outubro. Os APs que tenho olhado ficam, ou bem mais para o norte do Harlem (esse aqui fica do lado sul, perto do Central Park) ou são em outros bairros, como no Brooklyn. Então, como talvez tenha só mais dois meses no Harlem, ontem resolvi sair pelo bairro para tirar fotos (todas elas estão no Face).
Mas o que dizer sobre o Harlem? Vou tentar explicar citando uma conversa que tive com os dois gremistas no churrasco que fizemos no sábado passado, após o jogo do Grêmio contra a Ponte Preta. Eu e o Henrique, que conhecemos o Harlem, estávamos tentando explicar para o Mário, que mora numa cidade aqui perto, como é o Harlem. Foi então que eu saí com essa "o Harlem é... pitoresco!". Eles riram muito do meu termo. O Mário até sentenciou: "só alguém da academia para, num momento desses, tomando cerveja e comendo churrasco usar a palavra pitoresco". Mas é a palavra perfeita para definir o Harlem.
Primeiro, porque aqui você encontra aqueles personagens que, no Brasil, você só vê em filmes americanos, principalmente em comédias. Você vê muita gente maluca, e que fala com um sotaque totalmente diferente das outras regiões de Nova Yor. Seria mais ou menos como o paulista magrão que fala "mano, é nóis na fita". Mas totalmente diferente.
Segundo, porque o Harlem é o lugar mais "povão" de Manhattan e, talvez, o de Nova York (acho que a briga com o Brooklyn nesse quesito ficaria parelha, e talvez perca para o Bronx, que, pelo que me falaram, é o mais violento e o único onde me recomendaram a não adentrar muito).
Outro fator é que aqui o espanhol divide espaço com o inglês nas ruas, principalmente nos mercadinhos e lojas pequenas. Tem muita gente de países como Porto Rico, México, República Dominicana, etc. Então, quando vou no mercadinho aqui da esquina, o carinha que já me conhece já me cumprimenta em espanhol: "hola, que tal?". Também aqui tem vários estabelecimentos que não aceitam cartão (como o mercadinho). Eles tem a máquina de ATM (o caixa eletrônico daqui) mas não aceita pagamento com cartão. Outra curiosidade é que as calçadas, principalmente ao longo da 125 Street (uma das principais) são tomadas de vendedores de CD/DVD, roupas com bandeiras de países afros (essa é a região afro de Manhattan - pelo olhômetro, acho que uns 85% da população daqui é negra), bugigangas, roupas, etc.
Foi numa dessas que encontrei um baiano de Cachoeira. Vi a bandeira do Brasil na banca e fui falar com ele. Mas o cara era muito mal encarado e acabei só trocando duas ou três palavras antes que ele me dissesse "suma daqui, branquela de merda". Sim, há preconceito racial de alguns contra os brancos (principalmente se tiver banca de turista - e eu estava com a minha máquina pendurada no pescoço). Como já contei, já presenciei uma senhora negra não deixar sentar ao seu lado uma francesa no metrô. Alguns passam olhando atravessado. Mas nada que intimide. Como disse, aqui as pessoas pensam cinco vezes antes de fazer algo, pois se fazem, sabem que vão pagar pelo que fizeram. Mas também há muita gente amigável - na verdade, a maioria. Os vizinhos, em geral, sempre me cumprimentam e alguns até comentam algo, fazem piadas, etc. Fora um ou outro acontecimento, como esse do metrô, considero o Harlme um bairro aconchegante e bom para se morar. Indo um pouco mais a fundo na psicologia racial, provavelmente eu senti isso porque pela primeira vez eu era um estranho no ninho, então, você sente os olhares sobre você. Mas agora já me acostumei e se alguém fica olhando feio pra mim, eu devolvo o mesmo olhar - e digo isso independente de ser negro, branco, hispânico ou qualquer coisa. Como disse o Henrique no churrasco "aqui em Nova York você tem que ser grosso, às vezes. A francesa deveria ter dito "vai toma no teu cuzê que eu vou sentar aqui". É meio aquela história de Rio, São Paulo e grandes cidades. Aqui, às vezes você tem que se enfiar e brigar na cotovelada para não ficar pra trás... (independente de origem, raça, cor ou religião). Por isso também dizem que Nova York é diferente do resto dos States.
E por isso também acho que o Harlem é diferente do resto de Manhattan. Da parte norte do Central Park pra cá, tudo muda. As pessoas que circulam, o estilo de vestir, de caminhar, de falar. Parece uma outra cidade dentro da ilha. E o Harlem é gigante. E tem os prédios com a arquitetura característica, que você também encontra no Brooklyn. Enfim, como disse no churrasco, é um bairro pitoresco onde você encontra muitas figuras caricatas.
E também é o patinho feio, para os turistas, dentro de Manhattan. No
Manual da Folha, por exemplo, está escrito "como o Harlem não é o bairro mais seguro de Nova York, deixe para visita-lo no domingo pela manhã". As principais atrações turísticas aqui são: o teatro Apollo (que é histórico, foi fundado por um branco na década de 1910, e só recebia brancos, mas na década de 1930 trocou de dono e foi aberto para todo mundo. Desde então, os grandes atores negros dos States passaram por lá), o Studio Museu (que é bem simples, mas com uma característica e cultura afro marcante - bonito de se ver)
e as missas religiosas, onde tem aqueles cantores gospel que aparecem nos filmes americanos. E, por isso, fiz as visitas aos dois primeiros lugares. Agora falta ir a uma missa, mas, por enquanto, o problema é acordar domingo de manhã... Mas antes de ir embora ou de me mudar daqui, prometo que vou reservar um domingo para isso.
No geral, o Harlem não é visitado pelos turistas. E também, por isso, é o bairro dentro de Manhattan que tem os alugais mais baratos (o que eu pago aqui, só conseguiria no centro de Manhattan para dividir com outras dez pessoas um quarto, e aqui tenho meu próprio quarto, com TV a cabo, frigobar, micro-ondas e ar condicionado).
Enfim, esse é um pouco do Harlem. Fazia tempo que queria escrever sobre ele, mas como hoje estou no meu dia light, aproveitei para isso, afinal, segunda começam as aulas de inglês e aí o troço vai ficar punk: aulas de segunda à sexta das 10h às 13h de inglês, mais terças de noite e quintas de tarde do doutorado... E amanhã pretendo acordar cedo, mas não para ir à missa, mas sim para ir ao estádio em que está sendo disputado o US Open de Tênis (amanhã é a final feminina, aí já aproveito para visitar os outros pontos turísticos do Queens).
Bom, por hora é isso! Hasta! Ah, e encerro com uma foto do prédio onde moro:

2 Comentários:

  • Oi Eduardo, estou indo pra NY fazer um intercâmbio de um mês. Fiquei hospedada no Harlem, na 135 ST, você acha que lá taambém é tranquilo. Fiquei preocuopada porque li muita coisa do tipo "se você estiver hospedada no Harlem não pode sair a noite nem chegar a noite" é verdade?
    Obrigada!

    Por Blogger Jessica, às 21 de junho de 2014 às 19:19  

  • Oi Eduardo, estou indo pra NY fazer um intercâmbio de um mês. Fiquei hospedada no Harlem, na 135 ST, você acha que lá taambém é tranquilo. Fiquei preocuopada porque li muita coisa do tipo "se você estiver hospedada no Harlem não pode sair a noite nem chegar a noite" é verdade?
    Obrigada!

    Por Blogger Jessica, às 21 de junho de 2014 às 19:20  

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