.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Soltaram a brasileirada

É estranho escrever sobre o Brazilian Day. Nem eu tinha noção do tamanho do evento e é complicado fazer qualquer comentário generalizante sobre as pessoas que estavam lá (inclusive eu). Então, simplesmente vou narrar a minha experiência, com algumas pequenas reflexões...
A informação que eu tinha era que o show do Zeca Pagodinho seria por volta das cinco horas e, na verdade, era no show dele que eu estava interessado, afinal, ouço ele desde os 15 anos... Então, não me preocupei muito com a hora de levantar. Saí de casa e desci no Grand Central e de lá segui para o local onde tinham dito que seria o show. Porém, fui parar atrás do palco, onde não podia entrar, então, tive que fazer a volta. Estava indo, tranquilamente para o evento, quando de repente vi uma camiseta vermelha com o tradicional "Banrisul" escrito. Passei do lado do cara, que estava com a mulher, e disse "não pode entrar com essa camisa!". Cumprimentamo-nos e descobri que na verdade o colorado é um argentino que é casado com uma brasileira (corintiana) que mora em Miami. Ele explicou que começou a torcer para o Inter uns três anos atrás (possivelmente porque em 2010 o Inter ganhou a Libertadores. Mas outra hipótese, não confirmada por ele, é que essa paixão tenha um quê de pena com a derrota para o Mazembe...).
Enfim, o fato foi que passei o evento todo com eles e até combinamos de nos encontrar em Miami, no inverno, quando possivelmente eu vá para lá com a patroa e as crianças...
Foi com eles também que cruzei a rua 46, até a avenida onde era o show, e ela estava tomada de banquinhas de comida brasileira, acarajé, churrasquinho, além de artistas de rua e tudo quanto era bugiganga para vender. Isso devia ser umas três horas da tarde. Nosso objetivo era ir para perto do palco, mas chegando na esquina nos deparamos com uma parede de grade de ferro (facilmente removível) e uma multidão espremida do lado de fora querendo entrar. Porém, haviam muitos policiais ali. E quem estava dentro, se saísse, não poderia voltar. Ficamos ali, na muvuca, esperando a comoção dos "poliça" para entrar, pois começou a sair bastante gente e tinha muito lugar vazio dentro do espaço.
Bom, não preciso nem dizer que brasileiro é foda (nos dois sentidos da palavra). Numa brecha, um cara puxou uma das grades e o povo começou a entrar. Eu fui no embalo, e já estava lá dentro, todo feliz, quando um policial furioso veio tocando os brasileiros como se fosse gado: "go out! go out!". Nós saímos, sem olhar pra trás. Mas, foi do lado de fora que eu e o Manuel (o colorado argentino) descobrimos que a mulher dele tinha ficado lá dentro. Agora tínhamos a missão de entrar também. Aliás, sobre a polícia no Brazilian Day, apenas dois comentários: primeiro, na hora da muvuca, os caras passam muito trabalho, porque era um brasileiro atrás do outro querendo leva-los na conversa, tentando convence-los a deixar entrar na área gradeada (que na verdade o único critério para entrar era ter chegado cedo).
Era cômico ficar vendo os brasileiros querendo argumentar com os policias, que não engolem a lábia de ninguém. Segundo, quando a muvuca passou, era engraçado ver a cara deles, olhando os brasileiros malucos dançando estranho e fazendo palhaçada. Fiquei tentando imaginar o que se passava na cabeça deles enquanto olhavam aquela "gente louca", como definiu o argentino Manuel.
Rondamos bastante, de um lado para o outro, concordando "eles vão ter que deixar o povo entrar, senão o troço vai ficar vazio na hora do show". A essas horas já estava rolando o show do Gustavo Lima e você. Eu queria ver o Zeca, então, teria umas duas horas para entrar lá. Até era possível ver do lado de fora, mas para ver o que se passava no palco tinha que se recorrer ao telão e, a olho nu, só se enxergavam pontinhos ao longe. Um policial chegou a dizer que por aquele lado só saía gente e que, do outro lado, aos poucos, deixavam algumas pessoas entrar. Fomos até o outro lado e nada. Nem sinal de deixar ninguém entrar. O calor era infernal (uns 30 graus, mas contando que estávamos abaixo do sol e que aquilo era um forno humano com um monte de gente espremida, a temperatura real devia estar na casa dos 40.
Foi numa dessas que paramos num lugar tosco, mais para descansar do que por qualquer coisa. Era entre dois pilares de um prédio, e aquele espaço estava quase vazio. Nisso, tinha um cara escorado na grade. Ele olhou para a gente e perguntou: "quer entrar"?. Eu perguntei: tem polícia perto? E ele olhou bem para os lados e disse "não" e abriu a grade. Eu entrei rapidão junto com o argentino e mais meia dúzia de brasileiros e nos enfiamos no meio da multidão. E, assim, conseguimos assistir ao show. Bom, como disse, curto o Zeca desde cedo, então, pra mim foi muito bom ouvir ele tocando "Descobri que te amo demais!" e outras clássicas dele. O clima na parte de dentro das grades era tranquilo, até familiar, haviam vários pais com crianças pequenas (inclusive nenês de colo)
e havia até gente sentada nas calçadas (incluindo esses dois guris, super animados com o show do tche-re-tche-tchê). Tinham dois banheiros móveis e, para fazer com que nos sentíssemos realmente no Brasil, tinham filas gigantescas para usá-los.
Acabando o show, eu estava morto e faminto, então, acabei saindo pela rua errada. Na tentativa de voltar para a 46 fui barrado por policiais, pois a rua estava trancada. Mas vi que algumas pessoas entravam. Então disse que queria passar para comer. O policial não se convenceu. Então eu fui até outro policial e disse que queria ir no restaurante Copacabana, que era logo ali. O policial perguntou se eu tinha reserva. Eu fiquei sem saber o que responder e me fiz de bobô: "sorry, I didn't understand what you said". Nisso, um brasileiro que estava ali perto, disse para o policial que sim, nós dois, eu e ele, tínhamos uma reserva no Copacabana. Entrando lá, acabei comendo churrasquinho com arroz e feijão, vendidos nas bancas que estavam por ali. Como não tinha onde sentar, acomodei-me no cordão da calçada e ali comi, com prato, garfo e faca de plásticos um suculento arroz com feijão e churrasquinho. Nisso, reencontrei o Manuel e a mulher e dali nos despedimos, pelo menos até o inverno, quando vou para Miami.
Bom, e assim foi o meu Brazilian Day. Cheguei em casa completamente morto que não tive como postar fotos nem escrever aqui, portanto, fiz isso hoje, que foi o dia mais vagabundo que tive em New York nessas três semanas.
Bom, amanhã começam as aulas e aí o ritmo vai mudar totalmente.
De momento é isso! Hasta, people!

1 Comentários:

Postar um comentário

<< Home