Olho mágico
No ano referido, como de costume, estávamos passando o verão no litoral catarinense. Tudo em família, como sempre: pai, mãe, irmãos e alguns tios e primos. Cada ano ia alguém junto passar o veraneio conosco. Acho que naquele ano foram a minha prima Vanessa e a minha madrinha Vaceni. Mas também pode ser que era a minha tia Leila e a minha prima Kaúla... Enfim, sei que tinha gente envolvida no pedaço. Mas chega de enrolação e vamos direto ao ponto...
A primeira vez que a vi foi pelo olho mágico. Estava eu, zanzando pelo apartamento, possivelmente em um dia de chuva, sem ter muito o quê fazer, quando ouvi um barulho no corredor. Como um típico guri de 14 anos desocupado, fui dar uma conferida no olho mágico. O que vi me deixou hipnotizado: uma guria morena, que devia ser um ou dois anos mais nova do que eu, usando um short sumário, com cabelos escuros e cumpridos. Mesmo naquela imagem distorcida do olho mágico, apaixonei-me na hora! E assim começaram a se passar os dias daquele veraneio. Ouvia um barulho no corredor e corria para o olho mágico espiar. Você deve estar pensando “que coisa de psicopata“, mas lembre-se que eu era um guri de 14 anos sem muito conhecimento sobre a vida. Agia por puro instinto. Aquela imagem me fazia bem, logo eu fazia de tudo para tê-la diante dos meus olhos. E eu ficava ainda mais enfeitiçado quando ela ia e vinha da praia, vestindo biquíni, mostrando a sua pele pigmentada pelo sol, com os cabelos lisos correndo até quase a cintura.
Porém, como era de se esperar, meu segredo logo foi descoberto por todos no apartamento. Possivelmente a primeira a descobrir tenha sido a minha irmã, que, como uma típica irmã mais nova, passou a me pentelhar. Meus pais, nem lembro o que falavam, mas é provável que a mãe tenha achado aquilo um absurdo e o pai tenha achado graça. Já a minha prima (ou a Vanessa ou a Kaúla), depois de também ter me zoado, aderiu à causa, elaborando um plano para que eu me encontrasse com a vizinha, que até então, só conhecia através do olho mágico...
O plano acabou sendo posto em prática meio que por acaso. Alguém lá em casa teve a brilhante ideia de colocar um peixe em um saco plástico e levar para o apartamento. Acontece que a vizinha tinha uma irmã mais nova, e a minha prima, para unir o útil ao agradável, teve a brilhante ideia de oferecer o peixe para a guriazinha. Como eu era excessivamente tímido, incumbi ela de ir lá, oferecer o tal animal marítimo à criança. Pois eis que eu estava lá, com o peixe na mão, me preparando psicologicamente para ir levar o peixe no apartamento da vizinha, quando a minha prima entra de surpresa no nosso AP acompanhada da cria e da... vizinha! Quando meu cérebro voltou ao ar, depois do choque inicial, eu só conseguia sorrir com cara de bobo para a vizinha, tentando não falar nenhuma bobagem. Por fim, ocorreu tudo bem: eu entreguei o peixe e fiquei olhando a vizinha de perto por um bom tempo, enquanto a minha prima conversava com ela, esperando, inutilmente, que eu puxasse algum assunto com a guria, coisa que não aconteceu, para decepção geral da nação... O fato é que aquele foi o momento mais glorioso que tive naquele verão. E, até o nosso último dia no litoral catarinense, sempre que eu ouvia um barulho na porta da frente, eu corria para o olho mágico espiar a dita cuja...
Pensando agora, quase 15 anos depois, concluo que o quê mais vale nas paixões é o imaginário. Possivelmente se eu a tivesse conhecido para além do olho mágico e tivesse rolado um love mais profundo e duradouro, eu descobriria que ela é só mais um rostinho bonito e sem conteúdo, pronto para me encher o saco por qualquer porcaria. Por isso fico satisfeito ao lembrar do episódio e concluir que não passou de um caso passageiro de verão vivido através do olho mágico.
6 Comentários:
Porra alemao! Na verdade a guria é rica e solteira e tem phd em física quântica...perdeu um partidao, ahah
Por Zaratustra, às 11 de agosto de 2011 às 17:34
auhauhauauhau. porra alemão!
Por Eduardo, às 12 de agosto de 2011 às 10:01
ahaha, adorei! amor platônico na adolescência é td de bom....e o coração, bateu muito rápido?...
Por Lorení , às 12 de agosto de 2011 às 15:20
Vaseni..é assim o nome da Titaa, não sabe nem o nome da tua madrinha!!! mas não era a gorda neh??? pqp se for a gorda... huahauhau
Por Carolina, às 12 de agosto de 2011 às 16:48
claro q nao, neh kbeça. na vez da gorda eu ja era experiente, tinha meus 16, 17 anos...auhauhaua. mas a gorda foi o francis q pego!!
Por Eduardo, às 12 de agosto de 2011 às 19:28
Como bem disse a Athena, "o amor platônico na adolescência é td de bom...".
E como tu bem disse no texto, as vezes quando deixa de ser platônico, acaba não marcando tanto na memória... essa coisa do imaginário é que deixa tudo melhor... hehe
enfim...quem nunca olhou os vizinho passando pelo corredor através do olho mágico não sabe o que é se sentir Sherlock Holmes... ashuuahsuahsuhausha
abraço ae manolo!
Por Mr. Gomelli, às 16 de agosto de 2011 às 11:01
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