Jornalismo de humor
Agora, 50 anos depois do surgimento do jornalismo gonzo, o jornalismo que aposta no humor ganha intensidade e a cada dia conquista mais adeptos. Claro que não podemos comparar esse “jornalismo de humor”, praticado por programas como o CQC e por programas de mesa redonda de emissoras de rádio e TV, com o jornalismo gonzo de Thompson. Para o leitor entender melhor, basta ler a seguinte definição que o próprio Thompson deu de si mesmo e de seu estilo: “Eu era o famigerado autor mais vendido de livros estranhos e brutais e um colunista de jornal amplamente temido [...] Eu também era bêbado, louco e vivia armado até os dentes”. Isso sem contar o uso exagerado de drogas e de outras loucuras praticadas durante a sua vida, que terminou em fevereiro de 2005, quando ele mesmo atirou contra a sua cabeça, aos 67 anos, “17 a mais do que precisava ou desejava”, conforme ele mesmo escreveu no bilhete que deixou após o suicídio. Aliás, praticando o jornalismo gonzo, Thompson chegou a xingar um entrevistado, que respondia suas perguntas friamente, afim de obter a notícia para o jornal em que trabalhava.
Pensando na história de Hunter S. Thompson e na eclosão do jornalismo de humor pós-moderno, percebo que há um círculo vicioso, causado pelo surgimento de um novo público que os meios de comunicação e as editoras estão tendo que tratar. Esse novo público pensa em entretenimento, muito antes de pensar em informação, e, com isso, os meios jornalísticos estão tendo que adaptar a informação ao entretenimento sem cair no sensacionalismo barato, rejeitado por esse mesmo público que gosta de seriados como Two and half men e Friends, que têm o humor irônico no DNA.
Por tudo isso, obras como as de Thompson e de outros escritores, como Charles Buskowski e Jack Kerouac, estão sendo cada vez mais traduzidas para o português. Nos últimos anos, aproximadamente três décadas depois de serem escritas, obras como Reino do Medo, da Companhia das Letras, Medo e Delírio em Las Vegas, Hell’s Angels e Rum: diário de um jornalista bêbado, da LP&M, todas de Thompson, foram traduzidas e ganharam milhares de leitores brasileiros, fazendo com que editoras e leitores ficassem satisfeitos...
Sei que para muitos eruditos conservadores isso representa o fim dos tempos, entretanto, acho essas transformações positivas, pois, além da quebra de paradigmas ainda faz com que passamos a refletir sobre o modo de vida que levamos. Mas isso já é outro assunto, que rende outros textos. Por isso, por enquanto vou ficar esperando os próximos lançamentos dos falecidos Thompson, Bukowski e Kerouac, que, mesmo mortos, estão tendo mais livros lançados do que muitos escritores vivos por aí...
*Texto publicado no Diário Popular (Pelotas) e A Tribuna (Santo Ângelo).
5 Comentários:
Cara, isso é uma aula! Parabéns!
Por Marcos, às 18 de agosto de 2011 às 04:23
Gostei! =D mas e quando você vai lançar seu livro?! rsrsrs...
Por Thâmara Roque, às 18 de agosto de 2011 às 05:43
Mazà alemao, ja chegou publicando em Pelotas!
Porra, concordo e discordo com tudo, ao mesmo tempo agora.
Por Zaratustra, às 19 de agosto de 2011 às 18:16
legal, Dudu; Kerouac to descobrindo, os demai desconheço, mas procurarei conhecê-los; o mundo é uma leitura....
Por Lorení , às 22 de agosto de 2011 às 04:11
Bah, Two and a half men é foda mesmo... muito bom...
opa, o texto era sobre outra coisa?! vixi...me atrapalhei... hahaha
flws manolo!
Por Mr. Gomelli, às 24 de agosto de 2011 às 06:38
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