Andando em círculos
Só que o que diferencia o velho Buk dos demais é a crueza das atitudes e sentimentos do seu personagem autobiográfico, Henry Chinaski. Vejam só que genial o seguinte trecho, em que Chinaski conversa com sua pseudo-namorada, na cama, enquanto ela lhe espreme as espinhas das costas :
- Uau, tem um ótimo aqui! Cuspiu pra fora! Me certou no olho!
- Você devia usar máscara de mergulho.
Agora vejam como, na sequência do diálogo, aproveitando o clima de descontração do casal, ela vai direto ao ponto:
- Vamos fazer um Henryzinho! Pensa nisso: um Henryzinho Chinski!
E, enquanto a mulher esperava que o velho Buk de repente dissesse “claro, baby, é pra já, afinal, eu te amo e vamos trepar gostoso“, ele simplesmente responde, com toda a sinceridade:
- Vamos esperar um pouco;
- Eu quero um baby agora!
- Vamos esperar.
Diante da negativa, a mulher faz o que todas fazem diante de uma negativa de seus respectivos machos (seja ele marido, namorado, noivo, amante, etc): enchem a porra do saco.
- Você só quer saber de dormir e comer e ficar largadão e trepar. A gente parece lesma. É o próprio amor de lesma.
- Eu gosto.
E, na sequência da encheção de saco, elas sempre gostam de dizer que você mudou e aquela baboseira toda:
- Você costumava vir escrever aqui. Se ocupava. Trazia tinta e fazia seus desenhos. Agora você vai pra casa e faz as coisas interessantes lá. Você só vem comer e dormir aqui, e daí vai embora logo de manhã. É chato, pô.
- Eu gosto.
- A gente não vai a nenhuma festa há meses! Eu gosto de ver gente! Tô de saco cheio! Acho que vou enlouquecer de tanto saco cheio! Quero fazer coisas! Quero DANÇAR! Quero viver!
- Ai, meu saco.
- Você tá velho demais. Só quer saber de ficar sentado criticando tudo e todos. Nunca quer fazer nada. Nada é bastante bom pra você!
Dei um rolê na cama e me levantei. Comecei a botar a camisa.
- Que é que cê tá fazendo? – ela perguntou.
- Vou dar o fora daqui.
- Taí. Na hora que as coisas não correm do seu jeito, você pega e se manda porta afora. Nunca quer conversar sobre as coisas. Vai pra casa, se embriaga, e daí fica tão mal no dia seguinte que acha que vai morrer. Então me telefona!
- Vou dar o fora dessa porra.
Típico. E, como nos 99% dos casos, eles brigam, ficam uma semana sem se ver e depois voltam, prometendo que tudo será diferente e blá, blá, blá, blá.
Isso tudo é tão óbvio que chega a ser divertido e genial ler esses textos do Bukowski. Enfim, tem gente que gosta de novela, eu gosto dos livros dele...
Hasta!
6 Comentários:
prefiro andar num oito deitado.
Por Thâmara Roque, às 22 de agosto de 2011 às 13:55
sim ele retrata o quão inúteis ficam os homens com o passar do tempo...
Por Carolina, às 22 de agosto de 2011 às 14:43
porra alemao, foi o Bukowski que matou a Norma?
Por Zaratustra, às 22 de agosto de 2011 às 16:06
porra alemao, no me venha com novel€a, q n€ao assisto e nem sei qm eh qm... mas, de repente foi...euheue
Por Eduardo, às 22 de agosto de 2011 às 19:16
Por isso que já casei e separei quatro vezes! kkkkkk
Acho que to ficando viciado em lua de mel (que é a melhor parter do casamento)!
Por Marcos, às 23 de agosto de 2011 às 08:34
Carolina disse tudo!
Por Lorení , às 25 de agosto de 2011 às 12:53
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