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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O Gre-Nal que não aconteceu

No último domingo, disse alguém, que o Inter venceu um Gre-Nal, o que não sei se é verdade. Lembro que saí de casa com o intuito de ver o tal Gre-Nal. Passei correndo na Lara para entregar o gravador que ela havia me emprestado (para entrevistar o Verissimo) e fui reto catar um lugar (longe do Beira-Rio) para ver o tal jogo, no entanto, não achava um puto boteco com espaço para sentar. Absolutamente todos os bares da Cidade Baixa estavam lotados. Peguei a Loureiro da Silva, passei as duas perimetrais, e entrei na Lima e Silva. Pelo movimento que tinha no sentido Lima e Silva – Loureiro da Silva, faltando algo como 15 minutos para começar o jogo, calculei que não houvessem mais lugares. Acabei me instalando num boteco, acho que se chama “Comes”, ou algo assim, para ver a tal partida. Em pé, na calçada, óbvio. Eram dezenas de pessoas, e eu, amontoadas para tentar ver alguma coisa nas duas telas de TV instaladas lá longe. Antes de a partida iniciar, peguei uma latona de cerveja no boteco do lado (tipo lancheria), e fiquei ali, bebericando. O cara que estava no meu lado pediu uma para o garçom, e vi que o preço ali era mais caro do que no boteco do lado. Cutuquei o maluco:
- Bah, aqui do lado é mais barato. Na próxima podemos combinar de pegar duas para tentar um descontinho...
E eis, então, que nasce uma amizade. O cara estava sozinho, e dali a pouco chegou um amigo.
- Ó, esse aqui é o Eduardo, meu brother. Eu ia pega uma ceva aqui, e ele disse que a do lado é mais barata...
Flávio, o nome dele, e algo como Israel, ou Isaias, o nome do amigo. Não me lembro bem. No entanto, logo que o jogo iniciou, disseram que o Inter fez um gol. Os colorados pulavam, festejavam, gritavam. E nós ali, com cara de tacho. O primeiro tempo acabou, e num outro boteco, mais para o lado, não havia jogo nenhum nos aparelhos de TV. Fomos lá tomar umas, e acabamos ficando por ali mesmo. Lá pelas tantas, uma loira e uma morena sentaram-se perto da entrada. Os dois passaram a teorizar:
- A morena, pelo jeito, é garota de programa aposentada. Ainda está conservada... – disse o Ismael, ou Isaias, vá saber.
- É – completou o outro – mas a loira não.
- Não, não – disse o Ismael – a outra é muito feia.
- Muito feia – concordei.
- E a morena – acrescentou o Flávio – deve ter sido tirada da zona por um médico rico.
- É – concordou Ismael – e o marido deve estar viajando para São Paulo e agora estão ali, bebendo chope com o dinheiro dele...
Senti-me numa crônica do David Coimbra. Lá pelas tantas, uma gritaria do lado de fora. Fui espiar, os gremistas davam socos no ar. Gol do Grêmio, disse. Saímos. Que nada, não passava de um pênalti não marcado pelo juiz. E assim acabou o jogo. E assim acabou o domingo. Não vi nada do Gre-Nal. Não vi o Jornal do Almoço, nem o Globo Esporte, tampouco os gols do Fantástico. Ou seja, para mim, não houve Gre-Nal. Afinal, como já prevêem os teóricos da comunicação, a mensagem está na interpretação do receptor, e não na intenção do emissor. Ou seja: não fui atingido pela mensagem. Essa mensagem, para mim, não existe. Ou ainda, em termos mais populares: o que os olhos não vêem, o coração não sente. E, portanto, não houve Gre-Nal. Ponto.

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