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domingo, 27 de setembro de 2009

Justo julgamento

Senhora sexagenária morre e é julgada pelos deuses pelas faltas cometidas em vida. Está tudo empatado e uma falta vai decidir o futuro da senhora: infidelidade.
Promotor – É verdade que a Senhora foi infiel ao seu marido, o Sr. Feliciano de Almeida Neto?
Senhora – Olha, senhor. Estou aqui nos céus, sei que não adianta mentir, que vocês já sabem de tudo, portanto, admito a falta, senhor.
Promotor – Não me chame de senhor, senhora.
Senhora – Está bem, senhor.
Promotor – Senhora...
Senhora – Ok, ok...
Promotor – Diga, senhora... Quantas vezes a senhora traiu o seu marido?
Senhora – Não faço idéia.
Promotor – Estão vendo? Trata-se de uma nefasta. Uma inescrupulosa. Uma... uma... pirigueti!
Senhora – Exijo respeito!
Murmúrios entre o público.
Juiz – Ordem! Ordem no tribunal!
Criança no meio do público – Baixa as calça do general!
Risos.
Juiz – Retirem essa criança! Já!
Estagiário do promotor pega o moleque pelas orelhas e sai com ele pela porta lateral do júri.
Promotor – Veja bem, vossa excelência, que essa senhora está assumindo a culpa. O que mais temos para discutir?
Advogado – Protesto.
Senhora – Cala a boca.
Advogado senta-se e baixa a cabeça.
Senhora – Eu traí o meu marido porque ele era um traste!
Murmúrios. Estagiário do promotor entra novamente no júri e senta-se em seu lugar.
Senhora – Ele está lá, vivo! Cada dia fica com uma. E eu sempre soube disso. Por isso o traí. Primeiro, quando descobri que ele tinha tara por mulatas, tratei de pagar na mesma moeda. O pintor da nossa casa, que era chamado pelos colegas de trabalho de Negão, estava sempre lá, de manga regata, mostrando seus músculos definidos. Percebi que ele me olhava diferente, como poucos homens me olhavam. A maioria não olhava por medo do meu marido mesmo. Mas ele não. Até que um dia, depois que ele acabou o serviço, sabendo que meu marido devia estar com outra, chamei-o para a sala. Não precisei falar nada. Ele fazia tudo o que estavamos querendo, como se tivéssemos combinado. Acabei me apaixonando pelo Negão, mas sabia que ele não tinha onde cair morto. E eu, sem o Feliciano, também não. Portanto, mantive o caso com ele por algum tempo. Era só sexo, não conversávamos sobre nada. Ele chegava, abria o zíper da calça, erguia a minha saia, e em 15 minutos estávamos conversados.
Promotor – Chega! Não precisamos ouvir mais nada. Essa mulher é uma devassa!
Chutes na porta. Voz de criança – Eu quero entrar! Mããããeeee! Eu quero entrar!
Auxiliar do promotor se levanta e vai até a porta. Ao abri-la, criança tenta entrar correndo, mas ele a segura e a arrasta para fora novamente.
Juiz, olhando para a senhora:
– Pode prosseguir.
Senhora – E assim se sucedeu. Para cada amante dele, um amante meu. Simples.
Promotor – Vossa excelência, há séculos é dito nessa casa que um erro não justifica o outro. Portanto, acredito que não tenho mais nada a acrescentar.
Juiz olha para a senhora e pergunta:
- Algo a acrescentar, senhora?
Senhora - Tem algo para fazer depois dessa merda?
Juiz - Não.
Senhora - Hmmmm. Podemos dar uma volta ali no parque dos milagres anônimos...
Promotor – Protesto! Protesto!
Juiz – Cale-se!
Auxiliar do promotor volta para o júri com o terno sujo de sangue.
Juiz – Levem o promotor por.. por.. desacato a autoridade!
Guardas levam o promotor. O auxiliar tenta impedir, mas é preso também. Todos saem e baixa a cortina, que acaba virando lençol do juiz e da senhora sexagenária na madrugada da eternidade...
Fim.

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