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sábado, 12 de setembro de 2009

A arte de seduzir - versão futebolística

No último final de semana estive em Curitiba, participando do 32° Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom). Em uma das mesas de debate, o tema era “Jornalistas ou Escritores?”, com a participação de Felipe Pena (UFF-RJ), Cristiane Costa (UFRJ) e Antonio Hohlfeldt (PUCRS), além da mediação do editor do jornal Rascunho, Rogério Pereira, que já foi editor do jornal Gazeta do Povo, o maior do Paraná.
Certamente um belíssimo debate, no entanto, foi uma fala de Felipe Pena que me fez refletir sobre a fórmula dos pontos corridos, do Brasileirão. Felipe Pena, que além de professor da UFF já foi vice-reitor da Estádio de Sá (RJ) durante cinco anos e também é psicólogo e possuí doutorado em Letras, saiu com essa: “Jornalismo e literatura, na verdade, funciona da mesma forma que um relacionamento. Você tem que seduzir o leitor todos os dias, como o homem deve seduzir a mulher, ou vice-versa, no relacionamento. Um casamento sem sedução é como um livro chato”, comparou, e acrescentou, bem-humorado: “vai ver por isso que eu sou solteiro e um escritor desconhecido...”. Não é a toa que em março ele estará lançando o livro “O marido perfeito mora ao lado”. Vou esperar para ver, ou melhor, para ler. Além desse, Pena já lançou outros como “Teoria do Jornalismo”, “Jornalismo Literário” e “O analfabeto que passou no vestibular”.
Enfim, falei disso tudo para ir um pouco mais além. Acho que essa comparação entre sedução no jornalismo, na literatura e no relacionamento, também pode ser estendida para o futebol, principalmente em campeonatos por pontos corridos. Vejam o exemplo do Inter: ele seduz o seu torcedor a cada jogo no Beira-Rio, e consegue trazer bons resultados fora, como no caso do jogo contra o Avaí, e com isso, a torcida já vai para o estádio no final de semana seguinte empolgada e sabendo que uma boa atuação e um grande resultado a espera.
Já no Grêmio, a sedução estava falhando somente quando o jogo era fora de casa. E isso esfriou o relacionamento entre time e torcida. Enquanto o tricolor estava na Libertadores, os maus resultados no Brasileirão não afastavam o torcedor do Olímpico. Mas agora, com todas as forças centradas no nacional, as coisas estão mudando. O torcedor percebeu que o time não está mais lhe seduzindo nem mesmo dentro de sua própria casa, da mesma forma que o homem percebe que a mulher não se arruma mais daquele jeito para sair com ele, e da mesma maneira que a namorada percebe que o namorado parou de mandar flores e não manda mais mensagens no celular a toda hora.
E é por todos esses elementos que repito o que tenho dito de umas semanas para cá: o Inter vencerá o Cruzeiro amanhã, será o campeão brasileiro, enquanto o Grêmio ficará apenas na zona da Sul-Americana. Essas previsões só não se cumprirão se o time do Inter agir como um simples casado sem graça, ou se alguém no Olímpico se der conta de que é necessário urgentemente reatar o seu bom relacionamento com o torcedor, como o marido que após 20 anos de casamento sem graça resolve chegar em casa com um buquê de flores para a mulher. Concluindo: seduzir, mais do que um prazer, traz bons resultados, seja no que for. Afinal, o marido perfeito mora ao lado.

Texto publicado no Jornal das Missões de hoje.

* Vejam só, nessa mania que eu tenho de me aproveitar da internet para importunar aqueles escritores que me inspiram (David Coimbra que o diga), mandei o link do blog e esse texto para o Felipe Pena, e vejam vocês, não me contive e por isso estou postando aqui esse comentário. Tudo bem, tudo bem, sei que isso é uma forma de autoafirmação psicológica e tudo mais, da mesma forma que às vezes o sangue começa a circular em meu cérebro de forma muito rápida, e então, passo a falar demais, e interrompo os outros e falo feito uma matraca, mas porra, deixa eu curtir um elogiozinho ilustre de vez em quando...
Primeiro mandei o link do blog, e tudo o mais, aê veio o seguinte comentário:

“O blog é muito bom. Parabéns. Texto leve e elegante”.

Caraca, fiquei tão emocionado que mandei o texto acima, que seria publicado no JM, e a resposta veio quase de imediato:

“Rapaz,
Acabei de ler a crônica. E só confirma o que já achava. Seu texto é leve e cheio de bossa. E obrigado pela divulgação. Adorei a comparação com o futebol e a frase final, repetindo o título do meu próximo romance.
Parabéns,
Felipe”.

Porra, é bom receber o elogio de alguém que você quer ser igual quando crescer. Agora sim, podem me criticar a vontade...

1 Comentários:

  • Entao vou criticar alemao! ahah

    Sò digo uma coisa. Se o marido depois de 20 anos de casado começa a mandar flores, a mulher desconfia que ta fazendo isso pra encobrir o pulo do muro.

    mas a verdade è outra e diversa.

    Por Blogger Zaratustra, às 12 de setembro de 2009 às 16:44  

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