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domingo, 13 de setembro de 2009

A arte de conviver

Morar num apartamento pequeno, com uma criatura que você conhece desde que ela nasceu, que você já brigou milhares de vezes pelos mais variados motivos, e pela qual na infância de ambos você ainda brigava com ela pela atenção da sua mãe e de seu pai, pode ser um problema. Principalmente quando você não tem dinheiro para sair a lugar algum, e, para completar, chove há dias. Pois é, esse é o meu caso.
Hoje acordei, tomei banho, e de cara, minha irmã já estava brigando comigo, sei lá, acho que porque eu deixei algumas panelas sujas em cima da pia ontem de noite, e ainda por cima eu tomei umas latinhas de cerveja que haviam sobrado do Intercom (comprei no mercado perto do hotel para assistir ao jogo da Seleção contra a Argentina – isso mesmo, eu as trouxe na mala!) e deixei as ditas espalhadas pelo quarto e pela cozinha... Enfim, acordei com a tradicional cara de sono, cabelos arrepiados, olhos esmagados e vermelhos, o cérebro querendo saltar para fora da cabeça, e me deparei com a carranca dela brigando comigo, enquanto eu ligava a TV no máximo e lia a Zero Hora para não ouvir todo aquele “blá, blá, blá, blá, porque você não limpou não sei o quê, porque olha só isso aqui, como tu consegue fazer tanta sujeira, guri?”. Enfim, fiquei ali, lendo alguma coisa qualquer, enquanto rolava o Gol o Grande Momento do Futebol na tela da Band, com o Sílvio Luiz narrando algum gol qualquer, que aconteceu em algum momento do passado, a todo o volume.
Apesar dos pesares, ela fez o almoço, e enquanto eu comia, olhei para a cara dela e conclui: “estou enjoado de ver a tua cara guria”. Pois é, ela disse que também não agüenta mais olhar para a minha cara. Choveu direto desde sexta-feira, e além disso, no sábado e no domingo só saímos de casa para ir ao mercado comprar comida. Fora isso, não tem onde a gente se isolar. Quero ir ao banheiro, ela está lá, tomando banho. Venho para o quarto, ela está aqui, lendo alguma apostila, ou ocupando o computador. Vou na cozinha, ela está lá tomando água ou sei lá eu o quê. E é assim, 24 horas por dia, enquanto a chuva cai lá fora. Mesmo ãnsim (como diria o barbeiro da família, lá de Santo Ângelo) ainda devo muito à trasta, porque se não fosse ela, eu estaria, literalmente, morando no Arroio do Dilúvio. E após uma depressão fulminante, mas passageira, na quinta-feira, ela me levou para assistir ao filme Os Normais 2, pagando ingresso e lanche para esse pobre indigente. Não é a toa que ela fez Serviço Social... O problema é que para onde olho, ela está lá, fungando sem parar. Ainda bem que amanhã teremos aula. E ainda bem que parou de chover! Aleluia! Vou até a esquina espiar o mundo e já volto.
PS: até que ela não reinou muito nesses dois dias... Já passamos por momentos piores.

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