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domingo, 26 de julho de 2009

Quanto vale uma jumenta?

Há pouco estava assistindo um vídeo muito educativo no Terra Viva, principalmente se levarmos em conta a qualidade dos programas da nossa sempre amada televisão brasileira: um leilão de jumentas. Descobri que uma jumenta com 6, 8 até 10 anos, ainda é considerada nova. Tu vês. Eu imaginava que uma jumenta vivesse, no máximo, até os 10, quem sabe 15 anos. Para falar a verdade eu imaginei isso enquanto via o leilão, já que nunca havia pensado sobre esse relevante assunto. E tem mais: as jumentas vivem em média 25 anos, mas podem chegar até os 40! (isso eu descobri agora, pesquisando no Google).
Mas o fato é que após assistir dois quadros daquele reality show A Fazenda, da Rede Record, achei que estivesse preparado psicologicamente para ver um leilão de jumentas. O entusiasmo do locutor do leilão até fez com que eu pensasse um pouco mais nessa espécie: “Essa jumenta tem tudo de bom! Não falta nada nela”, exclamava, enquanto eu observava aquele bicho orelhudo correndo num cercado, sem saber para onde ir. “Mas é uma jumenta”, murmurei, enquanto o narrador continuava berrando: “essa jumenta é para quem entende do assunto”. Confesso que me senti um jumento vendo aquela jumenta sem entender absolutamente nada sobre aqueles quadrúpedes. Fiquei me perguntando: por que aqueles homens ofereciam preciosos reais para levar a jumenta? O que havia de tão misterioso naqueles animais com pelo cinzento, patas de tamanho desproporcional ao resto do corpo, que estavam sendo leiloados por miseráveis 200, 250, 300, no máximo 400 reais? Pobres jumentas. Foi então que entrou no cercado uma jumenta, a Anis, acompanhada duma filhotinha. Você comprava a jumenta e levava a pequena junto. Nesse momento entrou em ação o comentarista do leilão de jumentas. O que leva um homem a ser comentarista de leilão de jumentas do Terra Viva? Sequer imaginava que existisse tal profissão, mas enfim, deve ser melhor do que ser bandeirinhas da Série D do Brasileirão. Pois eis que o comentarista do leilão de jumentas, do alto de sua sabedoria milenar, passou a falar sobre mãe e filha: “Pena que a jumentinha só está correndo atrás e ao lado da jumenta, senão nós poderíamos ver a qualidade que ela ainda vai apresentar na fase adulta. Ah! Parece que me ouviu! Vejam vocês, que jumentinha! A jumenta já é um espetáculo, e isso que tem só seis anos, mas a jumentinha é extraordinária. Não pode sair por menos de 400 reais”. A propaganda do comentarista ajudou, e a jumenta e a jumentinha saíram por 420 reais. “Uma barbada! Uma barbada”, exclamava o locutor. E eu fiquei ali, olhando para o fogo na lareira, tomando um gole de chá em meio ao charme da fumaça que saia da xícara, pensando que nesse momento eu não tenho grana nem para comprar a mais barata das jumentas vendidas naquele leilão. Mas um dia, quando eu estiver muito, mas muito rico, eu voltarei a ligar a TV no Terra Viva e quando o locutor ameaçar bater o martelo para dizer “e dou-lhe três”, eu interromperei o leilão com meu telefone celular e berrarei do lado de cá da linha, entusiasmado por realizar um sonho: “Põe mais dez pra mim! Põe mais dez para mim!”, e assim, comprarei uma jumenta de pedigree, que irá se chamar Norminha, em homenagem a uma personagem qualquer da novela das oito do momento.

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