Lua cheia, vida boa...
Pois bem, vamos começar do princípio. Primeiro, em 1996, meu pai foi para lá transferido pelo BB (não é BBB, é BB mesmo). Era a minha esperança, na época. Meu sonho era ver todos os jogos do Grêmio no Olímpico. Minto. Meu sonho maior ainda era jogar no Grêmio, já que estava com 15 anos. Está bem, está bem, quem já me viu jogar vai pensar “no Grêmio? Por que não no Barcelona ou no Milan, onde joga o seu amigo Kaká?”. Mas é que meu coração falaria mais alto. Não sou mercenário, sou um burro romântico que adora histórias épicas. No entanto, no final das contas, o pai ficou um ano lá e voltou morar em Santo Ângelo. Esse, inclusive, foi o ano em que repeti no colégio, e meu castigo foi não ir ver a final do Brasileirão entre Grêmio e Portuguesa. O pior castigo que já recebi na minha vida. E para piorar, ainda tive que ver esse jogo na desértica Meia Praia (SC), e o Grêmio ganhou com aquele gol do Aílton aos 40 do segundo tempo e aquela porra daquela cidade estava deserta e não tinha nem como sair para comemorar. Um castigo e tanto, esse que o meu pai me deu. Pior foi ver a RBS de Santa Catarina no outro dia, mostrando notícias locais, e nada do meu Grêmio. Talvez por isso eu tenha começado a estudar feito um louco depois disso, até conseguir a bolsa do mestrado.
Como diriam os paulistas: ENTÃO, de 1996 para cá eu tentei ir para lá várias vezes, mas passemos para o lendário ano 2000 (tu vês, o mundo não acabou). Minha idéia era conseguir qualquer emprego lá, para começar a estudar depois. Nada. O máximo que consegui foi emprego num daqueles anúncios “vendedor externo” e saí com uma mochilinha oferecendo radinhos de pilha, brinquedos do Paraguai e o diabo a quatro de porta em porta. Durou uma semana, mas só consegui vender um radinho porque um cara conseguiu conecta-lo no celular para ouvir as conversas telefônicas dos outros no aparelho (não me perguntem como). Não precisei ser demitido, eu mesmo pedi para sair.
Depois, comecei a faculdade na Unijuí. Em 2005, a pior de todas as dúvidas. Faltando um semestre para me formar, fui chamado para fazer estágio na assessoria de imprensa do Inter. Lembro-me como se fosse hoje: estava sentado na frente do kitnet, conversando com o Beck, quando tocou o celular. Dessa vez não era estágio voluntário, era estágio de verdade, com salário e tudo. Podixique. Porém, tive que optar: ou me formava ou transferia para alguma universidade de Porto Alegre e lavaria mais uns dois anos para terminar, já que se trancasse na Unijuí, não poderia fazer o estágio, pois estar cursando jornalismo era uma das exigências. Tive que dizer um doloroso “não”.
Acabei me formando, e então passei na seleção de mestrado da Unisinos para a turma de 2007. Sem bolsa. Tive que dizer outro “não”. Acabei indo para Porto Alegre meses depois para fazer um estágio de experiência na Rádio Gaúcha que, como já disse, foi ótimo, mas para me sustentar trabalhava de dia como vendedor de empréstimo pessoal para aposentados. Mó viagem, como também já contei nesse mesmo espaço em algum lugar do passado.
E agora, em 2009, 13 anos depois da primeira tentativa de ir para Porto Alegre, consegui a tão sonhada bolsa.
Contudo, se me perguntarem por que tanta vontade de ir para a capital do Estado, bom, eu digo que inicialmente foi pelo Grêmio, mas depois acabou se tornando por tudo: mercado de trabalho que dá mais visibilidade, opções para lazer (inclusive gratuitas) como peças de teatro, cinema, eventos e tudo mais, e além disso, sendo jornalista, se torna melhor ainda, porque posso fazer boas entrevistas para vocês, nobres leitorinhos tupiniquins! E no meu caso específico, um mestrado na PUC ou na Unisinos tem um puta reconhecimento em qualquer lugar do país!
Porém, isso não significa que eu não goste de Santo Ângelo, Ijuí, Cruz Alta e a região toda. Muito pelo contrário! Eu adoro! Vou carregar tudo o que aprendi aqui pelo resto da vida e, inclusive, a tendência é que eu volte para o interior em breve (mesmo sem ser essa a idéia).
Para encerrar, lembrando de tudo que passei nesses 13 anos, das amizades que fiz (inclusive em Porto Alegre), dos planos feitos nas mesas de bar na faculdade (que saudades do Aranha!), dos jogos que vi do Grêmio na Libertadores, da passagem rápida pela Gaúcha, enfim, de tudo, e olhando uma capa de caderno onde estão dois pares de pés descansando em uma água transparente em que em cima está escrito “No Stress”, eu penso: estou em alfa, e ninguém vai me tirar desse estado! A não ser o maldito cachorrinho que não para de latir lá no portão! Vou lá aquietar ele...
1 Comentários:
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Por Brasileirão, às 13 de março de 2009 às 10:15
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