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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Tragédia Real

Cenário:
Um castelo inglês do século XVII.
Súdito se acorda ao lado da rainha, e, espreguiçando-se, após soltar um longo bocejo, cutuca-a e diz:
- Está na hora de vossa alteza voltar para o castelo. Alguns amigos meus estão chegando para o café...
A rainha se acorda, olha aquela criatura gigante com ar bestial ao seu lado, passa os olhos pelo quarto, vê o quadro dela com o rei e o príncipe pendurado em frente à cama, olha de novo para o súdito, que não para de olhar com um sorriso bobo no rosto, e responde:
- Eu estou no meu castelo. É você quem deve voltar para o lugar de onde veio.
*
Enquanto isso, o rei se desloca em uma carruagem com a prima da rainha, trocando afagos e carícias sufocantes, enquanto ele tenta achar algum buraco por aquela roupa toda para sentir as partes quentes daquele corpo escultural. Após algum trabalho, ele o encontra, e a carruagem começa a balançar fortemente, dando muito trabalho para o motorista e os cavalos.
*
O súdito, que nas horas de folga fazia bico como bobo da corte, deixa o quarto discretamente, mas esquece a ceroula ao pé da cama. Ao vê-la, a rainha sai rapidamente para o corredor, e enquanto caminha, ofegante, encontra uma lavadeira. Ela ordena: “Quero que lavem essa ceroula e descubram quem é o seu dono a qualquer custo! Quero saber onde ele mora e com quem. E rápido!”. A lavadeira murmura um “sim senhora” e segue rumo a lavanderia do castelo com a cabeça baixa, como se pedisse desculpas por existir.
*
O rei e a prima da rainha seguem se amando, e o ardor e prazer são tantos que eles não se controlam e, aquilo que começou com sussurros e gemidos baixos, acaba se tornando gritos, que deixam os cavalos assustados, e eles passam a correr mais rápidos, não dando ouvidos aos comandos do motorista.
*
A rainha volta para o quarto, ainda um tanto atordoada. Ela abre a janela, mas nesse momento, um arqueiro atrapalhado que estava treinando no pátio do castelo erra o alvo e acaba acertando a testa da rainha, que cai dura e pálida em seu quarto, para nunca mais acordar.
*
Na estrada, logo após passar Hull, rumo a Londres, no momento em que o rei dá o seu urro final de prazer, a carruagem vira e todos caem barranco abaixo, capotando por pelo menos 30 metros, e apenas três horas depois um viajante avista o acidente e, reconhecendo a carruagem real, vai buscar socorro. Apenas os cavalos sobrevivem.

The End
(Letrinhas)

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