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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

É fogo, meu povo!


Caro leitorinho tupiniquim. Separei aqui, com todo o amor e carinho, duas notícias publicadas hoje no site da Folha de São Paulo e que, caso tenham acompanhado o noticiário nacional de hoje, vocês também devem ter ouvido falar. Primeiro, o caso do assassinato do menino João Roberto Amorim por um PM. Segue o texto tal qual foi publicado (ctrl C +ctrol V):

“Diante da repercussão sobre a absolvição do PM William de Paula, acusado pelo assassinato do menino João Roberto Amorim, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, disse nesta sexta-feira que é preciso que se tenha paciência em relação ao andamento do processo.
Mendes, que alegou não conhecer com mais profundidade a questão, frisou que o caso foi julgado em primeira instância. Para ele, é preciso esperar que haja um pronunciamento definitivo da Justiça.
"Vamos aguardar o pronunciamento em segundo grau. Não conheço as razões que levaram o júri a se pronunciar dessa forma", afirmou Mendes, que participou do lançamento do Proname (Programa Nacional de Gestão Documental e Memória do Poder Judiciário). (...)

Não vou publicar toda a notícia, já que a idéia é que você fique apenas a par do que está acontecendo. Agora vamos à segunda notícia, essa, da editoria internacionl. É sobre os protestos que estão ocorrendo na Grécia há uma semana, quando por terras européias um policial matou um estudante. Agora vejam a reação dos europeus, em especial em Paris e em Atenas:

“Cerca de 300 manifestantes bloquearam parcialmente nesta sexta-feira uma das avenidas principais de Paris, Champs-Elysées, em protesto pela morte de Alexis Grigoropoulos, 15, assassinado a tiros por um policial no sábado passado (6), em Atenas, na Grécia. (...)
Hoje, as delegacias de Atenas foram o principal alvo dos protestos na cidade. Nas primeiras horas do dias, várias delegacias foram atacadas com pedaços de pau, garrafas e pedras em várias regiões da capital. Manifestantes protestaram em frente a casas de policiais e um grupo montou acampamento em frente à prefeitura, segundo noticiaram redes de TV locais.
Ao menos uma pessoa ficou ferida nos ataques. Mais de 100 colégios na Grécia permanecem fechados e outros continuam ocupados pelos estudantes, enquanto as universidades do país têm se unido ao movimento.
Desde o início desta onda de violência urbana, centenas de lojas e agências bancárias foram alvo de depredação, e muitos veículos foram incendiados. Conforme as autoridades, desde sábado, ao menos 70 pessoas ficaram feridas e cerca de cem foram presas”.
Já essa é a primeira, do início da manhã, antes de acontecer o que foi registrado nas notícias anteriores:
“Depois de seis dias de protestos, a Grécia viveu uma madrugada de chuva e de tranqüilidade nesta sexta-feira. O país registra protestos e confrontos entre jovens e a polícia em diversas cidades desde sábado passado (6), quando Alexis Grigoropoulos, 15, foi morto a tiros por um policial, Epaminondas Korkoneas, 37, em Atenas. É a maior onda de protestos ocorrida na Grécia desde o retorno da democracia, em 1974.
O prejuízo pelos danos causados nos protestos já soma milhões de euros”.

Agora pergunto: imagina se aqui no Brasil fossem fazer um protesto desses cada vez que um policial mata um civil, o que aconteceria? Uma revolução! Só que aqui no Brasil é normal quem é (mal) pago para proteger, agredir, ameaçar, abusar da autoridade, matar. Só que a justificativa para isso está justamente na palavra “mal” do pago. Ou seja, o povo mesmo justifica: ganhando 600 reais para sustentar família, que policial não vai se corromper?
Mas o problema está justamente no acomodamento do brasileiro. No meu, no seu, no nosso acomodamento. Mataram uma criança? Não é problema meu, é da família e dos amigos dela. Não se tem união. Não se tem unidade (nesse ponto o pessoal do Exército tem razão). Não se tem moral. Além disso, tudo é normal e tudo é justificado por alguma coisa.
Mata-se o inocente e se joga o corpo dele no meio do asfalto diante de câmeras, mas ele fez isso porque ganha mal. O governo paga mal porque não tem dinheiro. O governo não dá assistência (o pai não da mesada ao filho) logo, o cidadão já tem um motivo e uma justificativa para ser desde um pequeno picareta, que dá pequenos golpes, até um traficante homicida. O policial matou? Ah, quem nunca errou antes?
Agora, na Grécia o negócio funciona ao contrário. O sujeito paga imposto, o policial ganha bem, e se ele matar um civil, a briga não é contra a pessoa do policial, mas sim contra todo o sistema, que ganha bem e falhou! Uma revolução está acontecendo por conta de um homicídio cometido por um policial. A polícia, lá, tem moral. E aqui, que a polícia virou chacota da dança da periquita, praticamente todos os âncoras dos jornais das grandes emissoras deram a notícia dos manifestantes da Grécia como se dissessem: “fazer toda essa baderna SÓ porque um policial matou um civil? Francamente”. E vendo isso meu sangue sobe para a cabeça, me embrulha o estômago, e eu fico a pensar comigo mesmo: francamente... Brasil, Brasil. É brabo, meu Brasil!

3 Comentários:

  • Estou hà 3 meses na Europa e ainda nao sei dizer se um policial ganha bem ou nao. Sei que uns meses atras houve alguns protestos na Italia e um jornal entrevistou alguns policiais que falaram da falta de assistencia e dignidade ao seu trabalho.

    Quanto à Grécia, a ùnica coisa que sei é que là, juntamente com Portugal, sao os 2 paìses mais pobres da Uniao Europeia, e provavelmente os salarios dos policiais nao devem ser ao bons - o que de nenhuma forma justifica o ocorrido.

    Nao me inteirei sobre o assunto, mas sei que os protestos na Grecia duraram no minimo 3 dias com igual relevancia nos jornais italianos (pois somos vizinhos). Pancadaria e quebra-quebra.

    E ademais, to muito bebado pra falar serio sobre o assunto. Quem sabe um dia eu retorne a ele pra terminar esse pequeno artigo com um gran finale, sobriamente esquematizado.

    Beijo do magro

    Por Blogger Zaratustra, às 12 de dezembro de 2008 às 17:09  

  • na verdade qdo acontecem protestos bem mais leves no Brasil a imprensa taxa de "selvageria" etc, por bem menos que o confisco da poupança de Collor qualquer país mesmo viznho da América Latina já entraria em guerra. aqui a gente só falta ainda perguntar "e no cuzinho, não vai nada?"
    brasileiro é tão pacífico q irrita=fato

    Por Blogger Fábio Ritter, às 12 de dezembro de 2008 às 17:12  

  • viva la revolucion!
    vamu kebra tudoooooooooo
    policial aki ganha mal?
    ngm mandou ser policial
    polícia para qm precisa
    polícia para qm precisa de polícia?
    uhuuuuuuuullles
    concordo com o fabio, ontem no jornal nacional falaram dos jovens da grecia como vandalos....
    enfimm...
    vamo kebra tudo

    Por Blogger Carolina, às 13 de dezembro de 2008 às 13:54  

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