Jardim ou Castelo? – Feira do Livro de Porto Alegre - parte 1, a encruzilhada
Feira do Livro! Livros para todos os tipos, para todos os gostos e para todos os bolsos! Adoro a Feira do Livro. Mas acho que por mais que eu fosse com mil reais no bolso, ainda me sentiria pobre porque são tantos livros que quero comprar, que precisaria não só de muito mais dinheiro, mas também de uma carreta para carrega-los.
Mas vou começar a contar a minha nobre participação na 54ª Feira do Livro de Porto Alegre do início (óbvio, mais uma vez).
Cheguei aqui em Porto Alegre na sexta-feira de madrugada (duas da manhã) e dessa vez tive que engolir meus remorsos contra os taxistas de Porto Alegre, já que teria a prova do mestrado às 9h, e queria estar o menos podre possível para isso. Mas dessa vez, por um desses milagres inexplicáveis da vida, o taxista não era mala nem sem vergonha, e inclusive foi conversando comigo sobre futebol e até me contou que o Inter havia vencido o Boca por 2 a 1 na Bombonera, vejam vocês. Cheguei em casa, e por um novo milagre inexplicável, dormi rapidamente. Deitei e, como diria o Alemão, caput! Acordei 7h30, tomei banho, café preto e me fui, rumo a Puclândia. Tomei mais uma latinha de Coca na lancheria (lanchonete, para o resto do Brasil) do prédio de Odonto, que estava vazio, e o resto é história, não vou ficar amolando você, nobre leitorinho tupiniquim. Em resumo, queimei 90% dos meus neurônios respondendo a primeira pergunta da prova, e sobraram poucos para responder a segunda, que era justamente a mais complicada. Enfim, não tenho a mínima idéia de como fui. Cheguei em casa, almocei, e convenci minha irmã a ir junto comigo na Feira do Livro. Disse a ela:
- Guria, não me deixa gastar todo o meu dinheiro.
- Ok – ela respondeu com uma frieza tão russa quanto o ruivo dos seus cabelos.
E seguimos rumo ao fantástico mundo do livro com 20% de desconto. De início não me empolguei, ainda murmurava para ela: “não estou achando nada que me interesse”. Aí ela resolveu me dar um livro que estava numa promoção fantástica por R$5: Meia encarnada, dura de sangue. É uma seleção de crônicas sobre futebol, organizado pelo Ruy Carlos Ostermann, e que conta com textos que vão desde o Luis Fernando Veríssimo, até o seu pai, Erico Veríssimo. Impressionante, não? Por R$5! Já me empolguei, e na seqüência já vi o livro do professor da Puclância e colunista do Correio do Povo, Juremir Machado da Silva, o “Solo”, que eu já tinha lido a respeito e queria comprar. Não pensei duas vezes e comprei-o-o!, como diria o Sambarilóve! E, na mesma banca, vi o livro que a minha mãe havia encomendado, o Doidas e Santas da Martha Medeiros, e lá se foram mais alguns vinténs. Porra, como o dinheiro evaporava tão rápido? E na medida em que ele se ia, aumentavam as sacolas com livros em minhas mãos. Então, resolvemos ir até a Feira do Livro Infantil, já que eu queria comprar o presente de aniversário da minha filhota emprestada. Olhamos várias bancas, até que achei uns livros bem diferentes, que você abre e eles viram castelo e tal. Tinha um que era o castelo e outro que era o jardim. E agora? Qual levar? O castelo ou o jardim? Fiquei alguns longos segundos coçando o queixo, me remoendo em dúvidas, imaginando a Lalainha brincando ora com o castelo, ora com o jardim. Que dúvida cruel! Uma dessas dúvidas que não só parecem, mas são uma encruzilhada! A mulher da banca me olhando aflita. A minha irmã me pressionando ao meu lado e dizendo com voz de Hitler: “decide logo!”. E eu coçava o queixo e respondia: “Calma, calma. Essa é uma decisão muito difícil. Não é bem assim, chegar e decidir. Tudo remete a muitas hipóteses e pensamentos e...”. Até que, algum tempo depois, olhei firmemente para um dos livros, soquei a palma da mão, e gritei: “Vou levar o Jardim!”. E de lá sai eu com o Jardim das Fadas em uma sacola. Legal, o jardim. A Lalainha vai gostar. Mas ainda faltava o presente da Cris, e também vários outros livros que eu queria comprar. Inclusive os do David Coimbra, na qual pretendo entrevista-lo daqui alguns poucos minutos...
Putz, vou ter que explicar para ele que não sobrou dinheiro para comprar os seus livros. Já via ele me chutando para fora do prédio da Zero Hora, me amaldiçoando: “Sem livros, sem entrevista! Só volte aqui quando tiver os livros! Ou morra!”. Mundo capitalista é triste. Mas enfim, encontramos uma banca cheia de livros interessantes (isso voltando a Feira dos adultos). Lá tinham os dois livros lançados pelo David: “Cris a Fera” e “Guri”. E agora? Qual levar. De repente, eu poderia levar um para dar de presente pra Cris. Talvez o “Cris a Fera”, já que ela também se chama Cris. Ou senão o “Guri”, já que daqui algum tempo mais pretendemos encomendar um. E agora? Nova dúvida cruel. Nunca esperei que tivesse que tomar tantas decisões importantes em um espaço tão curto de tempo. Até que, a vendedora se compadeceu da minha angústia e perguntou:
- É para presente?
Eu cocei o queixo novamente e respondi:
- Pois aí está! Eu não sei se dou de presente ou se compro pra mim.
Foi então que ela me mostrou um terceiro livro, mas que não vou falar sobre ele, porque é surpresa para a Cris, mas que decidi compra-lo no ato! Uma das questões estava resolvida...
Mas e a outra? Qual dos dois eu levaria: “Cris, a fera” ou “Guri?”. Foi então que olhei para a minha irmã, que estava parada bisonhamente do meu lado:
- O Guria! Me ajuda. Eu quero a “Cris”, mas também quero o “Guri”....
E ela atendeu a meu pedido, e levei os dois livros. Estávamos nós dois, dispostos a ir embora da Feira antes que ficássemos literalmente pelados, sem lenço nem documento, mas cheios de sacolas com livros, quando nos deparamos com a banca da LPM. Pra quê? Novamente ficamos atiçados, e a Carol (minha irmã) comprou um livro de presente para o meu pai, o Nabucodonosor. No cartão. E eu fiquei louco para comprar “O Sofá”, de Crébillon Fils. É uma história dum cara que morre e é condenado a sempre reencarnar num sofá. Ele presencia diversos casais e histórias (trágicas e cômicas) que o usam para fazer aquilo mesmo que você está pensando, seu mente suja! E ele só será libertado quando um casal realmente apaixonado o usar. Estou louco para ler essa história. Mas enfim, não tinha mais dinheiro, e ainda por cima eu queria comprar o livro Cem Melhores Contos de Mario Prata (que na verdade são 129), e que na promoção custava R$31. Olhei novamente para a minha irmã, e consegui convence-la a me emprestar essa quantia. Mais um livro na sacola. E a minha irmã, que eu tinha levado para não me deixar gastar tudo, não só deixou, como ainda me emprestou R$31! Vejam vocês.
E essa mesma irmã ainda queria passar numa dessas lojonas do centro para comprar roupa! Eu mereço? Mereço, e fui com ela, cheio de livros. Enquanto ela experimentava as roupas eu decidi olhar a programação da feira, e foi então que aconteceu....
(segue)
3 Comentários:
Ô meu, eu já entrei na livraria do Campus da Unijuí uma vez, com cinqüenta pila no bolso, mas fui só "dar uma olhadinha".
Na real, aqueles cinqüenta pila era para comprar um All Star no dia seguinte. Aí entrei lá e vi o Dom Quixote, editado pela L&PM. Me agarrei naquele livro, e fiquei naquela: "Livro ou All Star? All Star ou livro?"
Aí pedi a opinião do Fernando, meu colega. Ele: "Pega o livro, que aí tu vai caminhar em outras dimensões..."
Ainda ganhei dois pila de desconto... uhuhuhu
Eu também tenho esse mal de comprar livros.
Por Anônimo, às 9 de novembro de 2008 às 07:30
bizonho eh tu seu bobão
e tu ainda me deve 10 reais dos 20! hahahahahaha
´pior eu q só comprei livros para presente! tu tem que me emprestar os do david coimbra q tb kero ler!
Por Carolina, às 11 de novembro de 2008 às 15:20
Ritter!!! Eu quero os livros do David!!! hehehe... to com inveja de ti (inveja boa, claro).
Por Dilea Pase, às 14 de novembro de 2008 às 16:27
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