O verdadeiro mantra
“Tenho andado distraído... Impaciente e indeciso... E ainda estou confuso só que agora é diferente...”
Depois de um certo tempo afastado por motivos de provas e de trabalho, voltei, com os mesmos problemas relacionados a provas e trabalho, mas não vou comentar sobre isso. Também não vou xingar o Arion agora, vou deixar que cada leitorinho tupiniquim faça essa espécie de mantra individualmente. Também não explicarei porque coloquei o início da letra dessa música do Legião, porque nem eu sei o motivo disso. Sentei-me na frente do computador, apenas para escrever o quanto estou cansado e o quanto estou com saudades da minha caminha linda.
Depois de duas madrugadas consecutivas dentro de um ônibus (e isso semanalmente) você começa a dar valor às coisas boas da vida, como por exemplo, dormir em uma cama por oito horas ininterruptamente. Você sente cada centímetro de seu corpo se esticando, cada músculo se acomodando maciamente em casa fibra do forro que cobre o colchão. Cada movimento é rigorosamente calculado. Se você vai esticar o braço direito e estender a perna esquerda, você faz isso com um enorme prazer. Chega a ser um quase-orgasmo. Você se estica todo e a única coisa que você quer é ficar deitado ali naquela cama para sempre. Como sempre disse, concordando com a afirmação do Bukowski, as duas melhores invenções do ser humano são: cerveja e cama. Lógico que a mulher não é uma invenção do homem, portanto, não me critique, nobre leitorinho.
Mas voltando à cama, quando você coloca a sua cabeçona pesada e doída sobre o travesseiro, e quando você sente seu pescoço moído de torcicolo se acomodar de uma forma não torta, é quase como ver um gol do seu time de coração contra o maior rival. São momentos indescritíveis. Você esquece o ônibus, esquece a prova, esquece o trabalho, esquece a aula (que por sinal é muito boa, mas você a esquece igual), você esquece o engarrafamento de Porto Alegre e o deserto da Daltro Filho, que eu percorro a pé todos os dias para me dirigir até o jornal. Você esquece as três entrevistas que estão marcadas ao mesmo tempo, e que você não sabe como vai fazer para virar três Dudus, você esquece as páginas em branco que estão lhe esperando, você esquece a reclamação do leitor que ligou para dizer que você não colocou assento na palavra cu. E não adianta você dizer “mas minha querida, cu não tem assento”. Ela vai teimar e vai levar livros e livros para te mostrar que você está ERRADO e que cu tem assento sim. Enfim, você esquece essa porra toda e dorme e ronca torrencialmente. No meu caso, isso acontece quando minha irmã não está em casa, senão ela arromba a porta do meu quarto e me acorda aos berros “PARA DE RONCAR GURI!” e bate a porta e sai relinchando de volta para o seu quarto e fica lá, fungando sem parar. Mas quando ela está, depois que ela bate a porta, em cinco segundos, eu estou roncando novamente e sonhando sei lá eu com o que, mas é alguma coisa qualquer que depois eu vou ver no livro dos sonhos do meu pai o que significa. E quando acordo no outro dia, nem chego a pensar, porque já estou atrasado e tenho outras três entrevistas para fazer ao mesmo tempo no jornal, e quando sair do jornal tenho uma pilha de textos para ler e lembro que ainda tenho um livro para devorar até a minha prova que será no dia 7 de novembro, tudo isso paralelamente com a leitura dos xérox que lotam a minha pasta. E então, quando penso que estou ficando louco é que eu vejo que não tem nenhuma garrafa na geladeira, mas estou tão cansado e tão duro que não me animo de ir até o boteco lá da Rio Grande do Sul para buscar duas garrafas de cerveja, e nesse momento deito na cama, antes de ler os textos, e fico xingando o Arion mentalmente, e isso me faz sentir uma paz interior incrível.
Inclusive, há pouco estava conversando com o meu amigo Maikel, que me ajudou a comprar uma Playboy da Carla Peres escondido da minha mãe na nossa adolescência, e que agora, trabalhando na Petrobras, ganha em um mês o que eu ganho no ano todo, e que também vai fazer curso de comunicação empresarial em Nova York e assiste aos jogos do Grêmio no Maracanã, e que me diz “teus textos tem vida” e eu respondo “meus textos tem vida, mas eu estou morto”, pois é, acho que depois de colocar meu fôlego em textos diários, seja para jornal, seja para o blog, seja para artigos ou trabalhos acadêmicos, acho que não me sobra muita coisa além da minha carcaça. Escrever é como o crack, como a cachaça, como LSD. Te vicia e te consome. Mas enfim, como eu disse, estava conversando com o Maikel, e tentei ensinar a ele a arte de xingar o Arion, e veja o que saiu:
“Eduardo: O meu, xinga o Arion.
Psico: O Arion é um pulha! Pertence à choldra ignóbil do mais baixo meretrício!
Psico: Uau, me sinto mais leve agora
Eduardo: ehehehhehehehe. Pode xinga a vontade. Faz bem”.
E faz bem mesmo, tanto é que estou cansado e vou deitar na cama ficar xingado o Arion mentalmente por uns cinco minutos antes de dormir.
Ah, e entrem no blog do Maikel:
http://ababeladomundo.wordpress.com/ Valeuzão!
3 Comentários:
qm funga eh tu sou bobão
ngm nanda tu roncar maldito
não me deixa durmir em paz
não deixa eu sonhar, e eskecer, que tenho artigos para fazer,4 livros pra ler por semana, que tenho que voltar pra cá, e não para passear e conhecer as belezas de poa city mas para viver na puclândia...mas q nada manuxo
força e ânimo
fungando ou roncando
Por Carolina, às 9 de outubro de 2008 às 19:37
Estou indignado! Xingamentos a minha pessoa estão virando terapia?
Também preciso relaxar, mas xingar a mim mesmo? Acho que não, seria uma auto-traição.
Traste, vou começar a cobrar por isso...
Por Espaço Diverso, às 10 de outubro de 2008 às 04:24
o negócio é criar uma segunda personalidade p lidar com os trabalhos. Assim sua primeira personalidade pode descansar enquanto sua segunda está trabalhando. Talvez funcione.
Por BrnLng, às 10 de outubro de 2008 às 18:21
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