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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Esse é o meu xará!


Antes de postar a entrevista do meu xará, Eduardo Dutra Villa-Lobos, o Dado Villa-Lobos, ex-guitarrista da Legião Urbana, que fiz antes do show dele no Teatro Antônio Sepp, em Santo Ângelo, queria fazer algumas considerações. Primeiro, que valeu a pena ter saído direto do jornal às 18h e ter acompanhado os últimos preparativos da banda do Dado e do The Darmas Lovers, de Porto Alegre, para fazer a entrevista com ele. Depois, também valeu a pena ter ficado meio que direto até a meia-noite, horário que acabou o show, sem comer e sem descansar. Tinha chegado de Porto Alegre às 5h, levantei às 9h para ir para o trabalho, e de tarde, do jornal fui para o Teatro, como mencionei antes. Ou seja, estava completamente moído, mas totalmente satisfeito.
Bom, além disso, quero destacar a simpatia (regada a timidez, apesar de que eu não posso falar muito, já que também sou extremamente tímido) que o Dado e toda a sua equipe demonstraram. Fui muito bem tratado, e, olhando o nosso jornal um dos produtores me disse “porra cara, tua matéria ficou do caralho!”. Um puta elogio, sem dúvida alguma. E é exatamente por esse carisma que o cara fez tanto sucesso, e merece voltar a brilhar pelo seu talento.
Já em relação ao público (não tem como não comentar), bem, tenho uma porrada de considerações, mas vou me limitar a algumas delas. Bueno, para você, que provavelmente nem sabia da existência desse show, vou explicar: o show foi realizado na quarta-feira do dia 15 de outubro de 2008, com início previsto para às 19h30 (abertura com a banda santo-anglense Scherlock), com ingressos vendidos a 30 reais. Às 19h30, quando saí da entrevista com o Dado, não tinha nenhuma pessoa na fila. Fui comer algo, e quando voltei, por volta das 20h, havia umas 50 pessoas. Lá pelas 20h15, quando abriram as portas do teatro, o público era de pouco mais de 100 pessoas, e no final, deve ter fechado em torno de 150 pessoas.
Bom, primeiro fiquei me lembrando do tempo do auge da Legião Urbana. Caso o Dado viesse naquela época, mesmo se fosse sem o Renato e o Bonfá, poderiam cobrar R$60 o ingresso que lotaria de qualquer forma. Agora, 12 anos depois da morte do Renato, o cara que fez parte de uma das maiores bandas da história do rock nacional, uma das poucas bandas que vão superar o tempo, vem para Santo Ângelo e se apresenta para um público pífio. E com ele, como o Dado disse na entrevista a seguir, vieram outros caras do caralho, como Laufer, que é o compositor de Cátia Flávia e Rio 40 graus. E o que mais espanta é que raramente alguém desse peso vem para a região, muito menos para Santo Ângelo, a não ser que seja a preço de ouro para tocar em grandes feirões.
Com tudo isso, fiquei lembrando do princípio da cognição, que resumidamente diz que para um sujeito receber uma informação e assimilá-la ele deve ter um aparato de elementos cognitivos que o tornem capaz de decodificar a mensagem. Ou seja, é muito mais fácil ir ver um show de algo que está na telinha da Globo, com músicas que repetem sempre a mesma coisa “levanta a mão e sai do chão” ou “põe a mão no popozão” do que de músicas que abordem questões mais profundas da vida, ou seja, que apresentem elementos das quais muitas pessoas não tem a capacidade cognitiva de compreender (acham muito cansativo pensar, afinal, tem todo o estresse do trabalho burocrático que exige uma capacidade de raciocínio absurda). Mas, enfim, essa é só uma teoria inicial que eu encontrei para explicar o público pequeno registrado para um show tão grande.
Para fechar de uma vez a minha série de raciocínios, aproveitando esse momento apoteótico tão raro, quero destacar a banda The Darmas Lovers, que fez um show de rock zen budista do caralho antes do show do Dado. Quero ver se compro o CD deles para colocar enquanto trabalho no computador, aí não vou mais precisar fazer o ommmmm e nem xingar o Arion mentalmente para me acalmar.
But, chega de papo furado, e vamos logo ao que interessa. Eis a entrevista:

O show de Santo Ângelo é o 5° da turnê pelo Rio Grande do Sul. Como está sendo a participação do público gaúcho até o momento?
Está sendo ótimo e maravilhoso. Estamos sempre sendo muito bem recebidos. O sul realmente tem essa característica bacana, com muito respeito. Eu acho que eu nunca trabalhei tanto na minha vida, com show todos os dias em seqüência. Está sendo o maior astral, a produção é ótima, os Darmas abrindo, sempre com um alto astral incrível.
Como surgiu essa parceria com o The Darmas Lovers?
Na verdade a primeira música solo que eu gravei era deles, há uns seis anos atrás. Eu conheci eles através do primeiro disco deles, e desde então a gente sempre se cruza, se esbarra e acabamos fazendo música junto.
Como você conheceu eles?
Eu tinha um gaúcho que trabalhava no meu estúdio lá no Rio, que me deu o CD, cujo o irmão tinha gravado em Porto Alegre. Então foi imediato, logo vi que as músicas eram demais.
Qual o show que mais te marcou no período da Legião Urbana?
Foram alguns, uns para o bem, outros para o mal. A gente fazia shows para 100 mil pessoas no Jockey Clube, no Rio de Janeiro. Era muito bom. A gente fazia bem quando dava tudo certo. Já em Brasília tivemos problemas com a ordem pública, mas seguimos em diante. Depois o ritmo caiu um pouco, mas um outro show que me marcou foi a gravação do acústico do Paralamas do Sucesso. E esses show da turnê do Jardim de Cactus, que também tiveram pontos altos. Isso é ciclico e é sempre reencontrar o público.
E essa turma do grupo atual?
No baixo é o Laufer, que é um grande parceiro, a gente tocou junto em 92, num projeto fabuloso que chamava-se Santa Clara Paultergas. Ele também é o compositor de Cátia Flávia e Rio 40 graus. Na bateria, Lourenço Monteiro, que conheço desde que éramos pequeno. Ele é um excelente músico e toca com Marcelo D2, e tem uma banda que se chama Cabeça de Pano. O Roberto Pólo nos teclados, que é um hacker, um geniozinho da música e da mecânica da coisa. Trabalhamos juntos direto agora. E por fim, o Renato Ribeiro, que foi o último a entrar na banda, e que é um puta guitarrista. A única coisa que tenho a dizer é que o cara é bom e vale a pena assistir.
Tem alguma música que dê para se dizer que mais te marcou?
São várias, que pontuam épocas. Quando eu me lembro de Será, eu me lembro de quando eu tinha 18 anos. Depois veio Que país é esse?, quando eu tinha 22 anos. Eu lembro da época do que acontecia na minha casa, no estúdio com a banda. Dessas gravações todas em cada disco eu acho que tem grandes coisas. No primeiro tem Soldados, Índios no segundo, depois veio Faroeste Caboclo, Quase sem querer, Eu sei, Pais e filhos, Eu era um lobisomem Juvenil, a Montanha Mágica, Perfeição, são tantas. Foram grandes momentos.
Como ficou a sua carreira artística logo após a morte do Renato Russo?
Eu já estava engrenado em outros projetos. A minha gravadora, onde eu produzi uma série de discos, como Ultramen e Comunidade Nin-Jitsu, então eu já estava meio correndo independente da própria Legião, que já tinha uma estabilidade adequada e tudo, e eu estava diversificando um pouco. Então eu continuei com a produção musical na minha gravadora, até que os Paralamas me chamaram para tocar com eles, e foi quando eu voltei a subir num palco, e foi uma grande escola para mim. Depois formei essa banda e agora é tocar, pirar e começar a cantar as minhas próprias canções, que é muito divertido.
Quais foram as principais características que ficaram em você do tempo da Legião e qual a lembrança do Renato Russo?
O que fica é a minha vida, isso faz parte da minha biografia. Eu aprendi a fazer música naquele núcleo de pessoas, com a banda. Então eu carrego aquilo dentro de mim. Eu me formei ali e está tudo ali.
O que você achou de Santo Ângelo?
É a primeira vez mesmo. Ainda não sabemos direito, está chovendo a beça, e estamos num hotel aqui perto e eu só andei de lá até aqui. Mas vamos dar uma volta mais tarde para ver o que vai acontecer.

** A foto lá de cima é do fotógrafo Fernando Gomes, enquanto a do Dado sozinho é minha, e a que eu estou com o Dado é de um dos produtores do Dado, que não me recordo o nome agora, mas que tinha sotaque carioca. Se não me engano é Rafael. Ou Tiago. Ou Jean. Enfim, estão dados os créditos, seja lá para quem for...

7 Comentários:

  • coitados se deram uma volta mais tarde ontem naquele tempo. a cidade já é vazia com tempo bom, fica fantasma com tempo chuvoso rs..

    esse povo paga bem próximo R$ 15 para ouvir merda no Old (+ o q gastam de bebida), q custa R$ 15 a mais para ouvir um músico mais famoso. mais q de bolso o povo daqui é pobre de espírito.

    Por Blogger Fábio Ritter, às 16 de outubro de 2008 às 20:27  

  • concordo com meu manuxo fabiuxo e com o manuxo duduzuxo
    mto bom duduuu
    se bem que as pessoas em santo city não tem como pagar 30 pra ver um bom show, mas tem como pagar (ou dar calote) para sair nas colunas sociais...
    mas q nada
    bjus

    Por Blogger Carolina, às 17 de outubro de 2008 às 18:56  

  • legal! quando vierem pra cá quero ver agora! heheh

    Por Blogger BrnLng, às 18 de outubro de 2008 às 16:43  

  • Ratifico os comentários anteriores!
    Parabéns, Dudu, pela entrevista, pelos teus comentários...
    Aqui, td q é bom, é praticamente rejeitado... o negócio é funck, sertaneja e não sei q mais de gênero "sub-música".... lamentável

    Por Blogger Nara Miriam, às 21 de outubro de 2008 às 13:49  

  • funk, produto exportação do Rio! Orgulho: é nóisx.

    Ah, feliz aniversário!

    Por Blogger BrnLng, às 21 de outubro de 2008 às 17:27  

  • Oi Dudu
    Ficou bwm show a entrevista
    mas eu fiquei INDIGNADA pq só fiquei sabendo no OUTRO DIA do show.
    Além de ser uma fanática mto psicopata do Legião, eu já tinha escutado algumas músicas do Jardim e tb conhecia o trabalho do The Darma Lovers, o q n entendo é como foi divulgado o show, pq geralmente qndo há alguma atração de nível nacional, sempre comentam aki ou a gente encontra cartazes ou ecos de q teremos algum eventos maior. Fiquei extremamente puta da cara quando soube, só queria registar essa indignação.

    Por Blogger Unknown, às 24 de outubro de 2008 às 03:56  

  • massa cara, parabens!!!

    ducarai

    Por Blogger Zaratustra, às 25 de outubro de 2008 às 02:25  

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