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terça-feira, 14 de outubro de 2008

Faltaram 13 centavos!


Como já escrevi aqui outras vezes, a multiplicação de dinheiro não é minha especialidade, e a conservação e o controle das minhas notas de um real e moedas de 50 centavos também não. Há pouco fui no Carrefour e novamente isso foi comprovado. Mas vamos começar do princípio. Quando saí do apartamento da minha irmã e ia me dirigindo para o portão rumo à Rua dos Cubanos, topei com a zeladora do prédio, que já conhecia de outras vezes. Eu a cumprimentei e ela me olhou espantada e exclamou?
- Ainda não acabou?
Eu não entendi a pergunta. Achei que estivesse perguntado das aulas e eu quase respondi: “não, vão até dezembro”, mas fui mais curto e grosso e disse:
- Não acabou o quê?
Ela então me olhou da cabeça aos pés, franziu a testa, e depois de me reconhecer exclamou rindo:
- Ah, achei que era o pintor. Desculpa, mas ele é bem parecido com você.
Tu vês. Saí para a rua me sentindo um Pablo Picasso das paredes do Edifício Havana. Segui rumo ao Carrefour, e foi com prazer que peguei um daqueles carrinhos gigantescos e entrei mercado a dentro para comprar meus apetrechos para a minha super-janta. Primeiro encarei a fila da padaria para comprar quatro pãezinhos, depois fui até o freezer dos conservados e escolhi minuciosamente um pacote com bife de frango de hamburguinho da Turma da Mônica, peguei mais uma Coca 1,75 litros fora do gelo (as geladas estavam muito longe) e, para finalizar, me deu uma vontade de comer batatinha frita e fui lá pegar um pacote de batata-palha (o mais barato que tinha). Fui com esses quatro itens dentro daquele carrinho gigantesco para a fila do caixa, e em todos eles haviam famílias inteiras fazendo ranchos com os carrinhos transbordando de todos os tipos de produtos. Eu fiquei ali, esperando pacientemente até que chegou a minha vez. Foi então que me dei conta que talvez o valor dos meus produtos ultrapassasse o valor que tinha na minha niqueleira. Eu sabia que tinha uma nota de 5 reais, uma nota de 2 reais, uma moeda de 1 real e mais moedas de 10 e 5 centavos, que não sabia o total. Bom, pelos meus cálculos se a conta desse até 10 reais daria para pagar tranqüilo, mas se desse mais, sei não. E o pior é que não lembrava quanto custava cada item. Quando chegou a minha vez, perguntei para a caixa, uma mulata com belo sorriso, quanto custava a Coca:
- Não sei – disse ela rindo.
- Putz, acho que não vai dar.
- Quer passar a Coca primeiro?
- Sim.
Ela passou a Coca. 2 reais e 45 centavos. “Não vai dar”, pensei. Mas ela seguiu passando os outros produtos. A conta deu 10 reais e 48 centavos. Eu despejei tudo o que tinha na minha niqueleira na frente dela e começamos a contar na frente das famílias de gordos que estavam atrás na fila com os seus carrinhos transbordando de gorduras e guloseimas. Quando terminei, olhei para ela e disse:
- Faltaram 13 centavos;
- Como? – ela respondeu, ou melhor, perguntou.
- Faltaram 13 centavos. Eu tenho 10 reais e 35 centavos e a conta deu 10 reais e 48 centavos.
Eu lembrava daquela cena do filme O Homem que Copiava, onde o cara tem que escolher entre a carne e a caixa de fósforo porque também faltam alguns centavos para pagar a conta, quando vi que ela sorriu de novo, balançou a cabeça e disse:
- Tudo bem.
Então eu dei tchau e, além do desconto, ainda ganhei um “boa noite”. E, há pouco mais de meia hora, eu acabei de encher o bucho com os pãezinhos, a batata palha, o bife de frango e a Coca-Cola. E pior é que comi tudo isso pensando de onde vou tirar dinheiro para comprar as passagens de ônibus que faltam até o final do semestre....

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