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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

On the road Rio 2005 - Retro

Caraca, vocês não vão acreditar no que eu achei aqui, fuçando em meus arquivos (aquele com todas as histórias da facul). Um relato sobre a inesquecível excursão ao Intercom do Rio de Janeiro, em setembro de 2005. Porra, estou emocionado. Mas como é muito grande (14 páginas de word) vou postar em partes. Aí vai a primeira, mas vale lembrar que todos os nomes estão trocados (inclusive o meu) e que já nem lembro mais quem era quem para destrocar... Ah, o título do texto, nos meus arquivos, está como "Passos desconhecidos".
Chega de papo e vamos ao que interessa:

Passos desconhecidos - Parte I

Não sei ao certo o que escrever. Na verdade não tenho mais condições psicológicas para continuar esta obra. Aliás, nem sei se ainda existe condição psicológica para mim. Apesar de tudo, tentarei, já que vim aqui para isso. Não sei se conseguirei relatar os fatos exatamente como foram, mas farei o possível.
Dia 4 de setembro meus amigos de Novo Hamburgo, Sandro e Régis chegaram à Santo Ângelo para irmos ao Intercom 2005 no Rio de Janeiro. O ônibus sairia às duas horas da tarde de Ijuí e chegaria às quatro da tarde de segunda-feira no Rio. Vinte e seis horas de viagem. No domingo pela manhã fomos até Ijuí para embarcarmos rumo a capital carioca. Como eu não teria muito dinheiro para gastar lá, levei uma caixa com 12 latinhas de cerveja para a viagem. Entrei dentro do ônibus e assim que saímos de Ijuí se ouviu o primeiro “Tssssss” da latinha sendo aberta. Tomei um gole, e foi como se tivessem atirado um pedaço de carne para os leões. Todo mundo se atracou na minha caixa, devorando as 12 latinhas rapidamente. Minha contribuição para a bebida estava dada e agora os outros teriam que gastar. Paramos várias vezes para comprarmos cerveja, e aos poucos fomos ficando bêbados. Durante as primeiras horas de viagem (até por volta das 10 da noite) estava todo mundo animado, cantando e dançando as mais variadas e toscas músicas (do funk ao sertanejo), mas com o passar do tempo o pessoal foi se acalmando e o barulho foi diminuindo. A uma da madrugada, quando acabou o segundo filme que colocaram para o pessoal se aquietar, todos estavam dormindo. Paramos para tomar café da manhã em uma cidadezinha na divisa do Paraná com São Paulo, e logo se animaram ao ver a nossa guia, Vivi, andando em uma motinho com o Laurinho (espécie de Vera Verão da nossa viagem) na carona. Depois do almoço, quando já estávamos no estado do Rio de Janeiro, paramos em um restaurante de beira de estrada, completamente bêbados, para comprar mais cerveja. Meu amigo Régis compôs uma música genial que fez sucesso entre os que lá estavam:
Nasci na Bolívia!!! (Bolívia! Bolívia!) Passei por Paraguaiiiii!!!! (Paraguai! Paraguai!) Andei pelo Peru!!! (Peru! Peru!) Fui para o Brasil! (Brasill! Brasil!) Morri no Chile!! (Chile! Chile!) Ressuscitei no México!!!! (México! México!)...
Essa letra era cantada com uma melodia do caralho, e apesar de ter sido inventada na hora era como se todos nós conhecêssemos a letra. Ainda cantamos músicas gauchescas e o hino do Grêmio e do Inter. O pessoal já estava começando a se revoltar com a nossa presença, então uma de nossas professoras, que ainda estava mais ou menos sã, conseguiu colocar a gente para dentro do ônibus (até agora não sei como). O porre foi passando, e quando vimos já estávamos no Rio de Janeiro. Ah, Rio de Janeiro. Como é bom te rever! Cidade Maravilhosa, já estava com saudades!
Estava indo tudo bem, até que percebemos que o ônibus começou a dar várias voltas, e passava pelos mesmos lugares. Eu, que estava com o cabeção pro lado de fora da janela, resolvi falar quando passamos por uma rua no centro:
- Olha só: Rua Acre. Daqui há poucos vamos chegar em Rio Branco! HAHAHAHAHA
Apesar da piada não ter a mínima graça, todo mundo riu, menos a Vivi, que ficou me olhando com seus olhões, que ficaram do tamanho de uma bola de tênis. Ela colocou a mão na cabeça, me segurou pelos ombros, e disse:
- Arthur! Você é um gênio! Rio Branco! É nessa avenida que fica nosso hotel! E eu tinha dito para o motorista que era na Avenida Brasil! Peraí que vou lá avisar ele.
Como vocês devem imaginar, o motorista amou quando ela disse que o hotel ficava na Avenida Rio Branco e não na Brasil. Ele entrou em uma rua onde não podia dobrar à direita, e o hotel ficava justamente para esse lado, então eu e a Vivi resolvemos descer na esquina enquanto o ônibus faria a volta. Nós dois chegamos no hotel, verificamos se tudo estava OK, e fomos à frente do prédio esperar o ônibus com o pessoal. Passou cinco minutos, dez, quinze, vinte, meia hora... até que a Vivi disse:
- Olha só lá longe! Vem vindo um ônibus andando todo torto!
Eu olhei bem e disse:
- É mesmo! Só pode ser o nosso.
- Ih, olha só. É mesmo.
E no meio da Avenida Rio Branco, às seis horas da tarde, apareceu um ônibus prateado zigue-zagueando no meio de carros e outros ônibus. Metade da nossa excursão estava na cabine do motorista, espiando a cidade como um hamster em um labirinto de um laboratório de algum cientista maluco qualquer. Bom, esqueci de falar para vocês que eu não iria ficar no hotel, mas sim na casa do Marcos, um amigo meu que mora na Ilha do Governador. Como ele trabalha até a meia-noite, eu tinha combinado d’ele me pegar no hotel lá pela uma. Tratei então de ligar para o Fernando (aquele amigo meu que me hospedou no verão) para ele me pegar lá no hotel para darmos umas voltas. Ele foi lá, e saímos: o Fernando, o Dante, o Huguinho, o Luis Fernando e o Laurinho. Fomos numa tal de Taberna do Joaquim ou do Juca, não lembro bem. Só lembro que era na Lapa. Tomamos um trago lá, e para variar consegui quebrar um copo. Nos divertimos pedindo Polar com picadinho para os garçons, que não entendiam patavinas do que falávamos. Lá pelas tantas lembrei que teria que ir para o Marcos, mas embalado pela cerveja, resolvi ligar para ele e avisar que só ia para lá no outro dia, que nesse eu ficaria no hotel. Ele disse que não havia problema, e assim fiz. O Fernando e eu dormimos entre as três camas (do Hugo, do Dante e do Luis Henrique) em cima de um lençol estendido no chão. Acordamos e quando descemos para a recepção o ônibus já havia partido para a UERJ, local onde acontecia o Intercom. Subimos para tomar café, e lá estava preparada uma mesa para três pessoas. O problema é que éramos cinco, e o garçom logo percebeu.
- TODOS AQUI ESTÃO NO 407? – perguntou.
Ninguém falou nada, mas todos fizeram sinal afirmativo com a cabeça.
- É bom saber! – resmungou.
Em seguida ele foi ligar não sei para quem para avisar que haviam dois intrusos na parada. Como o ônibus da excursão já havia saído, fomos para a UERJ de ônibus de linha. O Fernando foi embora e passou as coordenadas: “peguem o 255 ou o 234”. Pegamos o 255, pagamos a taxa de R$1,80, e nos acomodamos nos quatro primeiros bancos em frente à cobradora. No meio do caminho ela perguntou, olhando para o Huguinho:
- Para quem fiquei devendo 20 centavos?
Ninguém respondeu. Eu cutuquei o Huguinho, mas ele estava no mundo da Lua. A cobradora voltou a perguntar, agora impaciente:
- Para quem fiquei devendo 20 centavos?
Ninguém respondeu de novo. Agora ela já estava olhando para nós quatro com uma certa fúria. Eu sabia que para mim não era, e o Huguinho, o Luis e o Dante nem se mexiam. Ai ela resolveu esculachar conosco:
- Escuta meninos. Vocês não falam não?
Foi como se o Dante estivesse se despertado de algum sonho.
- Ãh? 20 centavos? Ah, são meus.
Realmente os ares do Rio estavam afetando o cérebro da gurizada.

4 Comentários:

  • Hahahahahahah
    ainda bem q tinha ido ao banheiro antes de começar a ler isso aí.
    Eu n fui nessa viagem, naquela época estava fora do mundo "cool da facul", mas sempre contam uma dessas histórias nos bares, formaturas e outros momentos em qua a galera se reune.
    Eu adorei o nomes "fictícios e jamais identificáveis", gostei mais de Vivi e Laurinho, impossível de saber qm são, ehehehehe.
    Quero mais!

    Por Blogger Unknown, às 24 de outubro de 2008 às 04:14  

  • Cara, hilário o texto dessa viagem ao Rio. Tenho uma puta inveja da forma como você consegue transpor a comicidade das situações pro texto. Tem um ritmo, um timing e tal. Invejo muito. Positivamente. Li o texto que apresenta a entrevista do Dado também. Eu vi Flumensense e Boca do lado desse cabra. Uma colega minha de trabalho é parceira de estádio dele, nos jogos do Flu. O cara é tranquilo. Gente boa. E tricolor fanático. Muito boa a tua sacada sobre Santo Ângelo, "cognição" e "quetais". Mas é isso. Continua escrevendo daí que eu sigo lendo daqui. Um dia a gente ri disso junto, num boteco. Abração, cara. Maikel.

    Por Blogger Bahbèllykós, às 24 de outubro de 2008 às 05:44  

  • "na casa do Marcos, um amigo meu que mora na Ilha do Governador" Quem é esse tazl de Marcos, Eduardo?

    Por Blogger St. Mário, às 27 de outubro de 2008 às 07:18  

  • Eu sou a Vivi...que dúvida hehehe...
    Guia só podia ser eu....
    hahahaha

    Por Blogger Lisiane Ijuí, às 27 de outubro de 2008 às 17:03  

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