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sexta-feira, 30 de maio de 2008

Uma praça sinistra... muito sinistra!


Sei que escrevi além do que devia no primeiro post dessa série de posts, mas, como diria o Erico, para o diabo, vou escrever o que render e você que também faça o mínimo de sacrifício para ler tudo, senão não rola.
Mas voltando a minha ida para Porto Alegre, depois da aula eu fui na Rádio Gaúcha fazer uma entrevista com o José Aldo Pinheiro, narrador da Rádio Gaúcha, da Sportv, do Premiere Futebol Clube (não lembro onde vai o acento nessa porra, então fica assim), da TV Com e da RBS TV, e que apresenta o Plantão Gaúcha, e que é o mesmo que disse para mim “você é um cara fudido (no sentido de cara de valor)” como contei em um texto anterior, é só procurar no arquivo, porque também não posso fazer tudo por você, nobre leitorinho. A entrevista na íntegra, depois que for publicada nos órgãos de imprensa que me pagam para ter essas informações, eu a colocarei aqui, nesse não menos nobre espaço (até porque nos outros não terei espaço para colocar toda a conversa, que foi muito interessante, entre outras coisas, o Zé Aldo contou que tudo começou quando ele era locutor da Rodoviária de São Luiz Gonzaga). Então vou me limitar a cena que se passou após a entrevista, já que da rádio eu teria que ir para a rodoviária para pegar o ônibus para retornar a nobre terra missioneira.
- Tem alguma parada de ônibus que dê para pegar um bus para a rodoviária? – perguntei ao Zé Aldo e ao Marco Antônio Pereira, que também estava por ali.
Os dois se olharam, e o Marco respondeu:
- Acho que só tem um na João Pessoa. Mas é perigoso você andar com essa sacola por ai...
Eu pensei por um momento, e respondi:
- Bom, então eu vou até a Venâncio e passo no bar do meu tio, e de lá pego o ônibus na João Pessoa.
O Zé Aldo logo exclamou:
- E passar naquela pracinha (Praça Garibaldi) a essa hora?
- Hmmmm – fiquei sem saber o que responder, já que não tinha outra opção. Não tinha dinheiro para táxi, ora pois! – Bom, eu morava lá no ano passado. Sempre passei por ali quando vinha aqui e voltava para casa.
- Bom (sei que é a terceira vez que uso “bom” em cinco parágrafos, mas fazer o que se a gente falava “bom” mesmo?), tem aquela favela ali perto do Tesourinha. Geralmente assaltam o pessoal por ali – disse o Zé Aldo, que ficou um tempo pensativo antes de concluir, me animando – mas pode ser que dessa vez não assaltem!
- É. Tomara – disse eu, e me despedi deles antes de sair pela Ipiranga, ingressar na Erico Verisimo e caminhar rumo a Praça Garibaldi.
Quando cheguei na praça (como provavelmente você nunca passou pela Praça Garibaldi de noite, eu explico que ela é completamente mal iluminada, se é que dá para dizer que tem alguma iluminação) percebi aquele cenário de filme de terror, e atravessando a avenida em direção a praça veio um rapaz negro (era negro pô, fazer o que, não me chame de racista, só estou descrevendo o sujeito), que visivelmente era um morador de rua, e pelo zigue-zague do seu caminhar, deduzi que estava completamente chapado. “Vai me dar um tiro e levar a sacola e ninguém vai ficar sabendo quem foi, coisa mais normal do mundo”, pensei com um leve frio na barriga. E antes de me encher o saco e insinuar que pensei isso por racismo, já digo que se fosse japonês, alemão, seja lá qual for a origem étnica, pensaria a mesma coisa pela situação toda...
Mas por fim, para a minha alegria, ele entrou na praça, e eu a contornei, até chegar ao bar do meu tio. Lá no bar fiquei sabendo que uma das figuras que eu mais admirava no período em que morei com meu tio no ano passado, morrera. Tratava-se de um sujeito magro, que ficava horas da madrugada lá, conversando, jogando dominó, sinuca, sempre com um papo-cabeça, e que, acreditem, era de muita boa fé. Mas não vou me estender mais nesse post. Era isso.

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