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segunda-feira, 5 de maio de 2008

Retro - Azar


O texto a seguir, é dos meus arquivos do tempo de faculdade. Como faz muito tempo que não os leio, me mato rindo lendo-os, porque nem lembrava o que tinha escrito. E assim também me recordo dessa, que possivelmente foi a melhor fase da minha vida. No final de semana revi alguns desses meus amigos lá em Ijuí, e, porra, foi bom relembrar as velhas histórias (e construir umas novas).
Nesse texto tem umas partes pesadas, bom, eu não ia censurar nada, mas tem uns trechos que são absolutamente impublicáveis (já falei que divulgo tudo somente quando estiver rico e famoso, e como isso dificilmente vai acontecer, então, eles vão ficar guardados aqui). Bom, mas as partes publicáveis também são divertidas (pelo menos para mim). Foi um tempo difícil, acho que por isso eu tenho pavio curto algumas vezes com pessoas que acham que tudo que tenho ganhei de graça, sem sacrifício. Eu vivia ferrado, mas estava sempre feliz (acho que isso não mudou muito). Mas enfim, ai vai mais uma história da facul:

O cúmulo do azar

Agora são dez horas da noite e estou caindo de sono. Ou melhor, estava. Acontece que me deitei às nove e meia da noite, e assim que coloquei a cabeça no travesseiro um gato estúpido começou a berrar aqui perto de casa e a vizinha maluca inventou de cozinhar. Para piorar, o cheiro da comida dela invadiu todo meu quarto. Eu na mais pura secura, sem grana para comprar comida e me acontece isso. Daqui a pouco vou catar o dito gato para fazer churrasquinho. Desgraçado. Assim que eu liguei o computador ele parou com a gritaria. Fiquei imaginando se era uma gata dando o rabo, se era um gato que estava sendo torturado, ou se fora atropelado (toda semana atropelam um gato aqui na minha rua). Ou de repente era uma gata parindo. Havia uma grávida andando por aqui esses dias, mas a dita anda sumida. Vai ver era ela. Vagabunda. Dá o rabo sem saber pra quem, e depois fica gritando não deixando os outros dormirem. Não sei quem incomoda mais, se é a gata ou a doida da vizinha. Hoje ela já bateu aqui umas três vezes só para incomodar. Não me dá a mínima, tira uma onda e vai embora. Cadela, qualquer hora dessas... (CENSURADO).
Hoje comi a metade do meio pacote de pão sanduíche, e agora só me sobrou umas cinco fatias. Amanhã é terça-feira e acho que vai acabar o estoque. Ando pensando seriamente em assaltar um banco ou algo assim. Pelo menos se me prendessem não teria que me preocupar com comida, conta de luz, aluguel e outras coisas. Mas por outro lado ficaria com a retaguarda ameaçada. É, acho que não é um bom negócio. A não ser que o assalto desse certo, mas é pouco provável. Ijuí é uma cidade pequena, tem muito policial para pouca gente.
O sono está ficando cada vez mais forte e já nem sei mais o que estou escrevendo. Mas voltando à idéia do assalto, seria legal se desse certo. A primeira coisa que faria, seria... (CENSURADO) e esquecer o resto do mundo. (CENSURADO).
Falando em merda, lembrei do último sábado. Saímos lá em Santo Ângelo (o Dante que bancou tudo, eu estava sem grana) e enchemos a cara em um barzinho perto do posto que é o “point” da galera. Lá a cerveja é mais barata. Sentaram conosco o Jorginho e o Oregano. Os dois são muito doidos. O Oregano uma vez tomou um trago com a gente e queria se atirar pela sacada, mas a galera foi mais rápida que ele, e conseguiram segurá-lo e amarrá-lo em uma cadeira. Eu fiquei só observando, afinal, se ele se atirasse ia sobrar mais cachaça com refrigerante para nós. Eu devia ter 18, no máximo 19.
Já o Jorginho não me traz nenhuma lembrança, porém, as histórias que ele conta são sinistras. Pra começar, ele diz que quando está bêbado come todo mundo. O Oregano confirmou, dizendo que ele tinha comido uma gordona em cima de uma mesa de sinuca de um barzinho lá de Santo Ângelo. O Jorginho tentou justificar dizendo que ela que se “abriu” para ele e o Oregano emendou: “claro, você não parava de incomodar a coitada por um minuto. Parecia que ia trepar nela enquanto falava”. O Jorginho retrucou brabo, ressaltando que ela que quis ficar com ele. Afirmou ainda que depois disso pegou outra mina e meteu ela no carro. Segundo ele, quando ele foi comer ela, enfiou o celular naquele lugar que você está pensando. O Oregano não resistiu e disparou: “só falta dizer que o celular tocou!”. O Jorginho deu um pulo da cadeira, um soco na mesa e gritou: “TOCOU! PIOR QUE TOCOU MESMO”. Perguntamos ainda o que ele fez, e ele respondeu sem hesitar que simplesmente deu o telefone para a mina atender.
O Oregano também contou uma história interessante. Estava rolando um festerê no apartamento dele, e depois que todos foram embora só ficou ele com uma mina e o Goela com outra. Na hora eu não entedi porque o apelido do Goela era Goela, mas agora eu sei. O Oregano foi num quarto, enquanto o Goela foi no recinto ao lado. Quando tudo ia bem, rolando o maior clima, o Oregano ouviu um grito que vinha do quarto ao lado: “PUTA QUE PARIU! ESTOUROU! NÃO ACREDITO, ESTOUROU MESMO!”. Deu um minuto e uma mão batia na porta, parecendo que ia derrubar o prédio e matar todo mundo. Quando o Oegano abriu a porta, o Goela entrou aos berros:
- O MEU! TU NEM SABE O QUE ACONTECEU?
- Pois nem me conte - respondeu o Oregano.
No fim ninguém comeu ninguém, e o Oregano teve que largar a mina dele para consolar o Goela, que achava que ia ser pai. Dessa vez não passou de um susto. O problema foi que nas outras vezes o Goela não teve a mesma sorte e hoje tem duas filhas.
O interessante da conversa foi os planos da gurizada, mais especificamente do Jorginho. Ele perguntou o que cada um estava fazendo. Eu e o Dante falamos que estávamos trabalhando e estudando em Ijuí. Ele olhou com a cara mais séria do mundo e largou um: “hmmmmm, interessante” e ficou com o olhar perdido como se estivesse planejando o mais diabólico dos crimes. Depois o Oregano contou que estava trabalhando lá em Santo Ângelo mesmo, além de beber muito e comer muita mina (palavras dele). Então o Jorginho resmungou “mentira desse larápio”. O Oregano ouviu e perguntou: “e tu seu doente? O que anda fazendo?”. O Jorginho ficou sério, e depois de uns 30 segundos decidindo se pulava no pescoço do amigo ou não, ele respondeu com um leve sorriso no rosto, como se tivesse achado a solução para todos os problemas da humanidade: “eu? Eu vou fazer faculdade de Física na Universidade Federal de Santa Maria”. Eu e o Dante nos entreolhamos surpreendidos. “Vejam só: por trás de todas aquelas maluquices poderia existir um futuro Einstein!”, pensei. Mas o Oregano, conhecendo a figura, tratou de perguntar logo: “e pra que você quer fazer Física, o animal?”. O Jorginho, pensando mais profundamente ainda, respondeu: “pra fazer concurso na Polícia Federal e matar cinco mil pau por mês. Ai só vou sentar num barzinho com duas pistolas na cintura e ficar esperando”(??). A resposta veio em tom de profecia. Só não me perguntem o que tem a ver a faculdade de Física com o concurso da Polícia Federal. Já o que ele ia ficar esperando sentado em um barzinho dá até para imaginar. Eu mais ouvia a conversa do que falava, afinal, não é todo o dia que aparecem caras mais loucos que você. Imagina se eles fossem escrever um livro. Quantas histórias! Na verdade no meu passado existe um monte delas, algumas até mais macabras que estas. Acho que na verdade eu ando muito bitolado e saindo pouco. Ainda por cima sem grana. Espero sair logo dessa. Na metade do ano que vem pretendo me formar. Estarei com 24 anos. Até lá tem muita bola pra rolar. Depois disso será vida nova. Pelo menos assim espero”.
***
Agora voltando a atualidade, só mais uma da galera lá na Pastelaria no último final de semana: me criticaram que eu troquei os nomes mas coloquei a foto da galera! Mas que cosa. É que na verdade não é a galera, são todos atores contratados para essas histórias de ficção.... (acho que não convenceu muito, mas tudo bem...)

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