Duas curtas ainda sobre a viagem de
Barcelona a Milão.
Na primeira vez em que tive que
abastecer na França, a bomba de gasolina ficava relativamente distante do lugar
onde tinha que efetuar o pagamento. Como não sabia como as coisas funcionavam por
lá, fui até o balcão de atendimento e perguntei a um senhor calvo, magro, com nariz fino e bigodinho
legitimamente francês:
- Como faço para abastecer? –
perguntei em inglês.
Ele torceu o nariz e disse.
- No English.
- Spanish?
- No. Frensh.
Falei pausadamente em inglês,
gesticulando, se eu tinha que pagar antes de abastecer ou eu abastecia e depois
pagava.
- Pay now – ele conseguiu dizer.
Paguei, não lembro exatamente, mas
algo em torno de 20 euros. Saí do escritoriozinho do posto e caminhei até onde
estava o carro. Era um posto pequeno, apenas com duas bombas. Cheguei lá e me
dei conta de que não sabia que gasolina eu tinha que servir, pois estava tudo
em francês. Fiquei olhando a porra da bomba por algum tempo. Voltei lá no
francês.
- Qual daquelas lá é gasolina para
carro? – e citei as quatro possibilidades. Dessa vez ele entendeu e disse, com
cara de Garfield:
- B-95.
Voltei ao carro. Peguei o pistolão
e encaixei no tanque do carro. Tentei apertar uma vez e nada. Duas e nada. Três
e nada. Quando vê, começou a sair a voz do francês por uma caixinha de som ao
lado da bomba, que eu entendi da seguinte forma (não sei se faz sentido, pois
não falo francês):
- Le pistolon! Le pistolon!!
#$@~%&**!@@#!*¨$#*(*@ pistolon!!!!!
Eu comecei a rir. Só entendia
pistolon.
- Eu tô apertando a porra do
pistolão! – Gritei de volta em claro e bom português.
- LE PISTOLON!!!! LE PISTOLON!!!! –
Ele insistia enquanto provavelmente me xingava em francês.
- Porra! Não sai nada, caralho! – eu
berrei em resposta.
- #$@~%&**!@@#!*¨$#*(*@! LEEEEE
PISTOLOOOOONNNNNNNNN!!!!!
Até que eu tive a brilhante ideia
de apertar a porra do gatilho do pistolão e segurar por, sei lá, uns 10
segundos. De repente, começou a sair gasolina. Que côsa. Na Espanha e nos
Estados Unidos não precisava segurar tanto tempo... Enfim, consegui me livrar
do pistolon.
Outro episódio semelhante foi numa
das inúmeras paradas para pagar pedágio. Os protestantes tomaram os postos da
maioria deles (e, believe me, são muuuuitos!!!), mas alguns ainda estavam
funcionando, mais perto da fronteira com a Itália. Aliás, economizei sei lá,
uns 50 euros graças aos protestantes que liberaram quase todos os pedágios.
Pensando bem, valeu a pena as cinco horas em Arles em troca desses 50 euros...
Enfim, paramos num desses pedágios e eu não achava onde enfiar a porra do dinheiro
ou o cartão. Olhava e olhava e olhava e nada. Para a nossa sorte, a estrada
estava praticamente vazia. Eu estava variando entre cartão e dinheiro, mas
naquela joça não havia alternativas. Apertei a campainha. Um cara atendeu em
francês.
- Do you speak English? –
perguntei.
Ele respondeu em francês. Silêncio.
Apertei de novo. Agora uma mulher, também falando em francês.
- Do you speak English? – insisti.
Resposta em francês. Veio um
terceiro carinha falando um inglês pior que o do Joel Santana. Eu só
perguntava:
- Where should I put the fucking
money?
- Box. In the box – ele respondeu
(ou pelo menos foi o que entendi).
Eu olhava para todos os lados e não
via caixa nenhuma. E ele ficava repetindo “the box, the box”. Perdi a
paciência:
- And where's the fucking box ???
O idiota só repetia:
- THE BOX! THE BOX!
Juro por Nosso senhor que não havia
caixa onde botar a merda do dinheiro. Ficamos nessa por uns cinco minutos até
que ambos perdemos a paciência e ele abriu a catraca. Passei sem pagar, mesmo
sem a ajuda dos protestantes. É, a França é um país complexo.
4 Comentários:
Kkkk
Le pistolon foi a melhor
Fuck German!!
Por Zaratustra, às 29 de janeiro de 2019 às 03:53
Típico dos franceses, se negam a falar outro idioma! Fuck german!
Por Marcos, às 29 de janeiro de 2019 às 13:01
Kkkk tu achou uma maneira para nao pagar o pedagio... kkk
Por Ella, às 29 de janeiro de 2019 às 14:24
Apesar de todas as belezas e a grande cultura francesa, os franceses foram os mais mal-educados que encontrei. E se negam a falar inglês, de fato. Nessas viagens sempre há histórias engraçadas a contar. Estou adorando, Dudu. Fizeste uma viagem de sonho. Abraço.
Por Lorení , às 25 de fevereiro de 2019 às 15:55
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