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sábado, 8 de abril de 2017

Marcas no copo plástico

Mais uma do Fronza Brother:

Marcas de batom na borda de um copo plástico
No peito euforia, abraços, riso fácil
E com desconhecidos, seguia, criando laços
Transpirava alegria era dona dos seus passos

Quando fui servir teu copo plástico branco e vi a marca de batom nele, automaticamente me veio à mente a letra da música do Maneva. Aliás, essa deve ser apenas mais uma das várias músicas ou bandas que conheci através de ti. Gosto de viajar pelo passado, presente, futuro e para outros mundos, outros planetas, outras galáxias ouvindo elas. Lembra aquela vez que estávamos todos na beira da praia – amigos, conhecidos e desconhecidos - no final de tarde, com a turma tocando violão cantando Charlie Borwn, Nenhum de Nós, Raul Seixas, Engenheiros e outras? Até Robocob Gay cantei e dancei depois que o sol deu lugar para a lua e todos conversavam e cantavam e bebiam e viviam e olhavam a quebra incessante das ondas do mar. Era quase madrugada quando metade do pessoal já tinha ido embora e fiquei ali, sentado sozinho na areia, pensando como devia ser a vida dos milhões de peixes que moram entre o nosso litoral e o litoral africano... Fiquei imaginando como deve ser a vida na África, como seria bom viajar contigo para as praias de Angola, do Marrocos, de Serra Leoa, da África do Sul... Na minha mente eu já passeava contigo em cima de um elefante quando você se sentou ao meu lado e sem dizer nada escorou a cabeça no meu ombro, agarrou o meu braço direito, e ficamos ali, sentados, olhando para o mar. Como você já me disse algumas vezes: o silêncio às vezes é bom. E não precisávamos dizer nada um ao outro, pois o mar dizia tudo para nós. Quando você encostou a sua cabeça em mim eu não cheguei sequer a estranhar. Até esqueci de seu medo de que nossos amigos descubram o que já estava rolando com nós a um bom tempo. Dessa vez, ao contrário das outras em que me insinuei na frente dos outros, você não me chamou de maluco e eu não pude rir para dizer “maluco por você”. Assim, dessa vez não rolou aquela carinha de brava, que te deixa tão linda, mas que faz lembrar a carranca sem muita brabeza que a minha mãe fazia quando eu aprontava alguma quando era pequeno... Dessa vez foi diferente. Não fomos a Mônica e o Chandler do Friends que, no início do namoro, tentavam esconder tudo do Ross (brother dela).
Afinal, não estávamos namorando. Não éramos noivos, casados, nem nada. Éramos amigos? Companheiros? Não sei, acho que um pouco de cada coisa. Como chamam isso, não importa, o fato é que aqueles minutos em que você escorou a sua cabeça em meu ombro na frente do mar foram mágicos. Eu fiquei eufórico e calmo ao mesmo tempo. Tudo ocorreu tão naturalmente que ninguém sequer lembrou de nos olhar, pois cada um estava em seu próprio mundo, cantando, dançando, bebendo, falando. Foi então que beijei a sua testa e você me olhou e sorriu. Sem dizer nada, levantou-se, pegou-me pela mão e me conduziu de volta ao grupo, onde cantamos e dançamos a noite inteira.
Ah, baby, você me faz sentir tão bem. Lembrando do seu olhar e do seu sorriso eu canto de madrugada sozinho em casa. E lembrando o nosso primeiro beijo acordo com vontade de apertar a campainha do vizinho para desejar bom dia e de beijar o português da padaria, como na música do Zeca Baleiro. Gosto de citar músicas, pois várias delas parecem terem sido escritas para descrever como você me inspira. Mas, baby, eu adoro você como você é: livre, dona dos próprios passos. Por isso você é tão linda e inspiradora: você é como o peixe do oceano, o pássaro do céu, a leoa da selva africana. E por isso deixamos tudo em off, nem eu nem você queremos os estigmas e os rótulos colocados pelos outros. Queremos algo que é só nosso. Algo que ninguém pode controlar – às vezes, nem nós mesmos.

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