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segunda-feira, 17 de abril de 2017

Have a good trip, Fronza Brother!

Depois de uma séria discussão com Dudu Fronza, o Fronza Brother do grande Ronaldo Fronza Júnior, aceitei (por intervenção do Ronaldo) publicar o texto que se segue:

Escrevi esse texto após uma discussão com o Mr. Ritter, pseudo dono desse blog. Eu mandei um texto meloso e ele me retornou dizendo, de forma educada – quase acadêmica - algo como: “porra, xará, assim não dá mais! Isso aqui tá virando novela das nove, novela mexicana, música sertaneja, o caralho! Mais um texto desses e será o último!”. Parece um membro da família Ochs dando mijada em jornalista do New York Times ou algum descendente de Assis Chateaubriand achando que ainda manda no Correio Braziliense. Confesso que fiquei ofendido com o Mr. Ritter, que disse cagar e andar para o que eu penso ou sinto. Ainda fez uma das coisas que mais odeio, comparou-me ao meu irmão: “Porra, nem parece irmão do Ronaldo! Ele sim, leva jeito para escrever para o blog, mas nunca quer, aquele grandíssimo filho da puta”. Ok. Então, combinei com o Mr. Ritter o seguinte: esse será o meu último texto, a minha última contribuição para esse espaço. (Até parece que ouço a voz do larápio falando “contribuição? Só se for para esse lugar ficar mais às moscas do que já está!”).
Vou escrever esse último texto para falar de coisas boas. Para falar de você. Para falar do quanto eu gosto de você. Do quanto eu gosto de falar com você, de ver você, de pensar em você e de escrever sobre você. Deve ser por isso, aliás, que você ficou de saco cheio - quase tão cheio quanto o do Mr. Ritter. Da última vez em que conversamos falei várias coisas sem sentido, que não valeria a pena comentar ou tentar explicar – do tipo, “vou abandonar o meu gato para ficar com você, afinal você tem alergia a pelos de animais. Mas uma coisa em especial, dentre as várias que você me disse, fez com que eu brigasse com o Mr. Ritter para publicar esse último texto. Foi algo como “eu ainda não sei o que você viu em mim”. Pensando nas coisas que vi em você, eu poderia escrever uma música e mandar para o pessoal do Kings of Leon gravar em inglês e fazer um clipe que seria o maior sucesso musical do século. Poderia escrever um livro de poesias que voltaria a colocar o gênero na lista de best sellers assim como acontecia quando Vinícius de Moraes se inspirava nas suas deusas gaúchas, cariocas e paulistas, em Copacabana, Ipanema e Leblon (nenhuma chegava aos seus pés), nos bons tempos em que palavras e sentimentos eram valorizados. Poderia escrever um romance de ficção em que eu seria o Dom Quixote e você a minha doce e linda Dulcineia del Toboso. Aliás, até poderia dizer que você é a minha Dulcineia, no entanto, a diferença entre você e a musa do Dom Quixote é que você é exatamente como eu te enxergo, enquanto a do Dom Quixote é apenas fruto da imaginação dele... Mas já enrolei demais, e antes que o impaciente Mr. Ritter corte esse texto ou desista de publicá-lo, vou explicar aquilo que você ainda não sabe.
Se não estou enganado, no dia em que conversamos sobre isso eu falei algo como aquela letra do Deixa em off, “eu sei que não era pra gente se envolver, que não era pra gente se encontrar, mas esse amor bandido não posso evitar”. E completei dizendo que no início eu não tive a intenção de me encantar tanto por você, mas foi acontecendo e que eu não entendia o motivo daquilo. Então, você concordou, dizendo a tal frase: “sinceramente, eu também não sei o que você viu em mim”. Agora, quando decidi escrever esse último texto, eu vi tudo claramente. Pois o que vi em você só está em você e em mais ninguém.
Primeiro, vi teus olhos lindos (compará-los aos olhos da Capitu faria com que o Mr. Ritter caísse duro ao ler essas linhas, então, vou poupar você e ele desse clichê horrível). Mas, sim, vi teus olhos e viajei neles. Voltei para os lugares mais maravilhosos pelas quais já passei.
Senti a brisa do mar das praias mais paradisíacas que já conheci (roubei essa foto do arquivo do Mr. Ritter). O clima quente nas areias finas e claras do Atlântico e as rochas formadas pela violência das ondas do litoral frio e belo da Califórnia no Pacífico. Olhando teus olhos fiquei curioso para entender o que mais se passa por trás deles, o que torna esse teu olhar tão profundo e tão encantador. E, quanto mais nossos olhares se encontravam, mais os seus olhos atraíam os meus e mais vontade eu tinha de fitar eles. É como ver o firework do 4 de julho em Los Angeles. Você sempre vai querer mais. Porque é belo, é magnífico, é grandioso e esplendido.
Segundo, vi seu sorriso. Impossível não se encantar. E tenho certeza que não fui o primeiro nem o único e nem o último. Seu sorriso, combinado com o seu olhar e com a sua boca linda, são mais belos do que todas as palavras que eu possa escrever para tentar defini-los. Seu sorriso é contagiante. Vendo você sorrir, tenho vontade de sorrir também. Meu coração acelera e fico me sentindo um moleque, o personagem de um romance de Mark Twain, que quando via as meninas da escola se aproximando começava a fazer palhaçadas e a plantar bananeira para chamar a atenção delas e fazê-las rir. E digo bobagens com tanta facilidade quando você está diante de mim, sorrindo, porque o seu sorriso simplesmente me inspira e me traz as energias mais positivas possíveis. E você nem sabe, mas você tem vários tipos de sorrisos, e é difícil de escolher qual é o mais belo. Tem a gargalhada, que é quando faço uma piada infame – geralmente relacionada a alguém que conhecemos. Tem o sorriso simpático, que normalmente você faz quando nos encontramos, antes dos cumprimentos. Tem o sorriso nervoso acompanhado do rosto levemente avermelhado, que é quando te faço um elogio.
Tem o riso de boca fechada, que é quando falo algo que não é muito humorístico mas que você concorda por acompanhar meu raciocínio. E tem o riso irônico, que é quando eu te faço qualquer tipo de cobrança, então, você dá uma risadinha e depois solta algo como “engraçadinho”. E, quando isso acontece, sei que na sequência vem algo como chumbo grosso (ainda bem que é chumbo, e não pólvora, aliás, nada do que vem de você me faz sentir mal ou incomodado). E tem o riso escondido por trás de outros sentimentos, como aquele, que está no fundo da sua expressão naquela foto em que você está com a testa franzida e olhar bravo. Eu posso estar cobrindo a guerra da Síria ou passando frio na Patagônia que, sempre que ver essa foto, vou sorrir e um nó de saudades desse breve e bom tempo tomará conta do meu peito.
Além do olhar e do sorriso, há os seus pensamentos. O que vou te dizer agora é um elogio, e não uma crítica: você é incoerente e confusa. E eu me perco nessa incoerência e nessa confusão. Mas eu enxergo isso. E tenho mais vontade de mergulhar nesse mar de incoerências e confusões (mesmo vendo a plaquinha indicando: Perigo, tsunami), pois eu também sou exatamente assim. E os seus pensamentos resultam em conversas fantásticas e inesquecíveis (pois sei que em pouco tempo vão ficar apenas as lembranças). E também refletem-se nos seus textos, escritos para todos os que te encantam, te irritam, te fascinam, te inspiram e te desagradam. Aliás, somos seres humanos, não somos sujeitos lógicos, previsíveis ou que, como você já escreveu, tem manual de uso ou de instrução. E é incrível como as pessoas nos cobram para funcionarmos como se tivéssemos um manual! (viu só, Mr. Ritter?). E é impressionante como todos gostam de nos enquadrar em caixinhas onde há rótulos: você tomou um porre, é O BÊBADO. Você convidou alguém próximo de você para sair, então é O TARADO. Se aceitou o convite, é A PIRINHA. Fumou maconha na frente da praia com os amigos na Califórnia, é O MACONHEIRO. Levou chifre (conceito mais ultrapassado, mas enfim) durante algum relacionamento (mesmo que de uma semana), é O CORNO. Saiu para beber e conversar com amigos que são assumidamente homossexuais, então você é O VEADO ou A SAPATA. Como diria a letra do Cazuza: “te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro, transformam o país inteiro num puteiro...”.
E acho que esses rótulos, e o medo de ser colocada em uma caixinha com um desses nomes fez com que em algum momento você quisesse me deixar dentro da caixinha na qual estou enfiado, quieto em meu canto. Ou não, vai ver eu que estou viajando e isso só faz parte da minha imaginação e da nossa incoerência e confusão. O fato é que não consigo ficar dentro dessa caixinha. Aliás, minha irmã, mãe, pai, ex-namoradas, amigos e amigas sempre me chamam a atenção para isso, e eu sempre digo que estou cagando e andando para essas caixinhas de rótulos, e elas só existem na mente das outras pessoas, não na minha. Provavelmente já te falei isso e possivelmente você não concorda comigo – você e 99% da sociedade. Mas é por isso que sou tão inquieto. E percebo que, no fundo, você também é uma pessoa totalmente inquieta. E por isso as nossas conversas são tão gostosas, tão boas que quando estou contigo eu simplesmente não vejo o tempo passar: 20 minutos, 40, uma hora, duas, quatro...? Não sei... Pode ser no às vezes irritante online, pode ser no cara a cara, os assuntos nunca terminam, bem como as perguntas que você me inspira a fazer... O Mr. Ritter deve estar se questionando: e esse texto de merda, nunca vai terminar? Ok... Provavelmente ninguém leu até aqui... E existe uma possibilidade considerável de que nem você vai chegar ao fim dele... Mas vamos lá...
Não vou entrar aqui em outras questões óbvias, como gosto musical, literário ou, de uma maneira mais ampla, cultural.
Aliás, aprendi a gostar de muitas bandas e músicos que não conhecia través de ti. Esses dias até encontrei um músico irlandês, Hozier, que eu não conhecia. Não sei se você conhece, gosta ou não, mas as músicas dele – que estava passando em um especial em um canal qualquer – fizeram eu me lembrar de você, pois elas tocam no seu ritmo, no ritmo daquelas outras músicas, que cada vez que ouço também me fazem pensar em você. Contudo, apesar dos gostos em comum, logicamente, há as diferenças. Itália x Alemanha. Hat x Mcc (os segundos têm razão). Cerveja x Skol beat. Querer x Não querer. Ônibus x Avião. Então, prefiro discutir os assuntos, mais para te provocar do que por acreditar que você vá mudar de gosto ou de opinião – aliás, a última coisa que gostaria seria mudar algo em você, pois você é perfeita do jeito que é (inclusive pelas imperfeições e incoerências).
Também não vou falar em detalhes do quanto te acho linda, do quanto a sua pele branca combina com o seu cabelo negro, do quanto a sua boca é tão apaixonante quanto o teu jeito, o teu beijo, o teu olhar e o teu sorriso, do quanto é gostoso ficar te olhando e pensando em você ouvindo uma das dezenas de músicas que aprendi a gostar com você... E gosto de te olhar mesmo que você não goste disso. E, se desvio o meu olhar do teu, se olho para o lado quando estamos no mesmo ambiente, mesmo enquanto conversamos, é porque te quero perto, mesmo sabendo que isso é impossível. Foi desviando de seu olhar que me deparei com as suas unhas de Lady Bug, sua corujinha no colar, e outros detalhes que te deixam ainda mais bela.
E, por saber que você não gosta que eu goste de você do jeito que eu gosto, e pela rabugentice do Mr. Ritter, é que resolvi escrever esse último texto. Um texto que vou guardar para sempre, pois, quem sabe, no futuro, viajando pelo mundo, possamos nos reencontrar. Ou, como diria Humberto Gessinger: “um dia desses, num desses encontros casuais... talvez a gente se encontre, talvez a gente encontre explicação...”. E, então, ao chegar em casa, surpreso por ter te encontrado, vou catar esse texto, vou relê-lo e não vou dormir pensando em você, tentando imaginar como está a sua vida,
quem conquistou teu coração, se seu conquistador não está deixando os seus pés ficarem gelados embaixo das cobertas no inverno, se ele te beija direito, se ele sabe te acariciar como você gosta e merece, se ele consegue te beijar todinha te deixando toda arrepiada de desejo, se você ainda tem os mesmos gostos, se você viajou muito desde a última vez em que nos vimos, se você também pensa em mim de vez em quando... Se você ainda acha que sou o espinho que vai estourar o balão que passa voando, livre, leve e solto diante dos meus olhos. Aquele balão que queria pegar, mas não posso, pois sou um cacto.
Mas, como tem muito tempo até lá, sem ter a perspectiva de te ver e de ouvir a sua voz por muito tempo, enfim, de ter você como minha Dulcineia del Toboso, vou fazer aquilo que mais gosto de fazer: deixar os animais com os vizinhos, vender os meus móveis, minha bicicleta e minha motocicleta, pedir demissão do emprego e cair na estrada. Afinal, como dizia o Mestre dos Magos: para se achar, primeiro é preciso se perder. E, já que não posso me perder em seu coração, vou me perder pelo mundo, que é grande demais para nos deixar encaixotados em pequenas caixas. E, andando pela estrada afora, sem levar os doces para a vovozinha, vou recitando baixinho os versos da poesia do mestre do romantismo, Vinícius de Moraes, afinal, viver algo tão bom não é para amadores, como o Mr. Ritter pensa. Para degustar isso “é preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer ‘baixo’ seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor”.
Hasta la vista, Mr. Ritter! Mandarei um cartão postal das pirâmides do Egito! E você, minha Dulcineia, se quiser me encontrar, já sabe onde procurar! Basta seguir os rastros que deixei pelo caminho. Rastros que só você tem o dom de decodificar, mas isso apenas se você quiser e for impermeável ao diz-que-diz-que que encontrará pelo meio do caminho. Não vou dizer que vou ficar te esperando porque há muitas ondas pra pegar, muito mar pra navegar, muitos ares pra cruzar, muitas multas pelas estradas pra tomar e muita gente pra conhecer e encontrar, enfim, há uma vida para ser vivida ao invés de se ficar parado no tempo e no espaço.


Mas, se você me encontrar enquanto corro por essa órbita, please, say “hello”, pois será um prazer ter a sua companhia nessa infindável viagem sem fim pelos incontáveis cantos do universo. Seja a bordo de um avião, de um elefante africano, de uma nave espacial ou de uma Kombi dos anos 70.
Agora saio de cena deixando um beijo daqueles que não vem da boca para você e um “passar bem” ao Mr. Ritter.

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