.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Apostando alto

* Como quero escrever textos específicos sobre alguns tópicos da viagem, ou, de repente, numa semana de inspiração alucinógena escrever uma espécie de On The Road no futuro, posto aqui esse pequeno e singelo texto sobre Vegas e os 7 a 1 aplicados no Brasil, e que, se o editor, o dono do jornal e Deus quiserem, serão publicados no JM de algum dia qualquer. Segue.

Fear and Loathing in las Vegas. Ou simplesmente "Medo e delírio em Las Vegas". Assim que cheguei na cidade do pecado, imediatamente fui conferir os lugares mencionados por Hunter Thompson em seu livro e que também aparecem no filme homônimo. Na entrada do Circus, na porta iluminada pelas milhões de luzes amarelas, fiquei imaginando Thompson e o seu advogado entrando aos trancos e barrancos no casino, trombando em seguranças e quase virando as máquinas caça-níqueis. Depois, no Flamingo, lembrei principalmente da cena em que ele deixa o hotel com uma dívida gigantesca para trás. E, por fim, no Mint, que não existe mais, fiquei tentando formar na minha massa cinzenta a imagem de Thompson e seu advogado chapados no meio de uma conferência cheia de policias para debater o combate aos narcóticos...
Para muitos, o que Hunter fez foi uma irresponsabilidade atrás da outra. Mas, após publicar tudo em livro, ele simplesmente jogou na cara da sociedade americana a piada que é o seu próprio conservadorismo, algumas leis absurdas e a decadência do sonho americano. Da publicação do livro nos anos 1970 para cá, Las Vegas só cresceu. A Strip Boulevard, a principal avenida aonde estão concentrados os casinos mais famosos, é um formigueiro de gente iluminado por luzes platinadas no meio do deserto.
Dentro dos casinos, fui prudente: apostei (e perdi) apenas alguns poucos dólares, mas que foram compensados pelo fato de que, enquanto você está jogando, os drinks e a bebida são de graça. Porém, não apostei mais do que podia. Apenas cumpri a promessa, feita mais de um ano atrás, de jogar uma ficha e tomar um drinque em homenagem aos recalcados dos tempos da ditadura militar. Enfim...
Foi em um casino de Vegas que, vendo pessoas jogar muitas notas de 100 dólares - algumas ganhando e outras perdendo - assisti aos 7 a 1 impostos da Alemanha na semifinal da Copa. E pensei: ao assumir a seleção poucos anos atrás, o Felipão apostou alto. A chance de dar certo um time formado pelos jogadores dessa geração era mínima. Ou ele apostava nas estrelas apagadas e que não rendem mais, como Robinho e Kaká, ou nos jogadores novos e medianos que aí estavam. Ou seja, apenas um milagre poderia salvá-lo. É como você perder 10 mil dólares no cassino, e jogar mais 10 mil torcendo por um milagre de recuperar o que perdeu e ainda lucrar. É uma chance em um milhão. E, por isso, creio que Felipão jogou alto e, depois de ter várias fichas na mão, perdeu tudo.
O espaço acabou, porém, só mais uma coisa: o fiasco não teve um culpado. O fiasco foi resultado do azar do Brasil ter ido tão longe nessa Copa, com um time formado por uma geração de jogadores medíocres.

3 Comentários:

Postar um comentário

<< Home