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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Passando a chinela

Desde que eu estava no colégio, aí em Santo Ângelo, mais especificamente no Sepé Tiaraju, que venho participando de discussões sobre a pena de morte. Sempre que se propõe um debate sobre um tema polêmico, sempre tem alguém para sugerir: “Pena de morte!”. Aliás, essa é uma discussão eterna. Nunca vai acabar. Se algum dia a pena de morte for implantada no Brasil, a discussão não vai acabar. Muito pelo contrário, vai aumentar. E, seguindo sem pena de morte, segue também a eterna discussão.
Teoricamente sempre fui contra a pena de morte. Acho que há outras formas de penalizar criminosos. Castração e prisão perpétua são boas penas para estupradores. A solitária com um copo de azeite e um pires de arroz para o autor de uma chacina até o fim dos seus dias, também é outra pena aceitável. Entretanto, vou citar mais uma vez o nosso conterrâneo, Fausto Wolff. Certa vez, ao falar para um amigo que era contra a pena de morte, o cara retrucou: “Mas e se pegassem tua mãe ou tuas filhas”. Wolff, sem pensar duas vezes, respondeu: “Eu mato o filho da pu...”. E é verdade. Não tem como você não querer matar alguém que faz mal a quem você ama.
Nesse sentido, lendo o livro Reino do Medo, do jornalista norte-americano Hunter Thompson (que faleceu em 2005), encontrei uma boa orientação para o caso de você que, como eu, tem uma filha, querer matar um fiá-da-pu que quiser se meter a besta com sua família. Ele conta no texto que não tem filha (ele tinha um filho) mas que jamais aceitaria, se tivesse uma filha, um namorado como o tal de Manson, um traste com quem ele tinha desavenças. Vejam vocês que ótima ideia:
“Em primeiro lugar, livre-se da Testemunha. Mande-a lá pra cima para o quarto dela e verifique se não há mais ninguém por perto”. Abro um parêntese aqui para explicar que a Testemunha é a sua própria filha. Segue: “Essa é uma Regra básica nesse ramo... O próximo passo é pegar uma espingarda carregada e atraí-lo para a cozinha com pisadas violentas no chão & gritos enlouquecidos, ao mesmo tempo em que disca 911. Isso fará com que sua situação seja Registrada. Continue gritando: ‘Saia de perto de mim, Charley! Não dê mais nem um passo!’, até que ele entre correndo no recinto com olhos transtornados e você possa acertá-lo bem no meio do peito com os dois canos... Não erre, senão as coisas não demorarão a ficar esquisitas. Certifique-se de que ele está mortinho da silva quando cair, porque você não terá uma segunda chance. Ele virá para cima de você com uma faca de açougueiro... Mas se você fizer tudo Certo, será saudado como Herói, e sua filha pensará longa e profundamente antes de chegar em casa com outro canalha como Manson”. Viram? Simplesmente genial.
Ao ler assim, de forma descontextualizada, você pode até achar que Thompson estava blefando. Entretanto, no capítulo seguinte do livro, que a sua biografia, há o depoimento de uma testemunha que viu Thompson trocar tiros com o seu vizinho, até que o próximo deixasse a sua residência, sendo perseguido pelo jornalista. Aliás, Thompson acaba com a imagem do jornalista bem-comportado. “Eu era o famigerado autor mais vendido de livros estranhos e brutais e um colunista de jornal amplamente temido. Eu também era bêbado, louco e vivia armado até os dentes”. Futuros pretendentes das filhas dos outros, pensem duas vezes antes de fazer algo de ERRADO ou que possa magoá-las, pois os pais delas podem ser algum psicopata como Hunter S. Thompson.
Um bom resto de semana para todos.

*Texto publicado em A Tribuna Regional.

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