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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Rua Fausto Wolff


Há alguns anos descobri um santo-angelense que é famoso no eixo Rio-São Paulo (principalmente no Rio) e que é praticamente um desconhecido em solo gaúcho e missioneiro: Fausto Wolff. O jornalista e escritor nasceu em Santo Ângelo, mais especificamente na nossa famosa Buriti, em 1940, e faleceu em 2008 no Rio de Janeiro. Já tinha lido alguma coisa dele na internet, mas estou embasbaco lendo o livro A Imprensa Livre de Fausto Wolff, publicado pela editora LP&M. Trata-se de uma aula de jornalismo, política, filosofia, sociologia e crítica para quem quiser saber mais sobre a vida. Inclusive, confesso envergonhado, que cursei os quatro anos de jornalismo em uma universidade da região, sem que nenhum professor nunca me falasse de um dos maiores jornalistas nascidos na área de abrangência Noroeste-Missões... Mas, sempre há tempo de correr atrás do conhecimento perdido e, eis que agora, em 2011, estou degustando esse livro que deveria ser lido por todos os brasileiros, principalmente os de nossa região...
A família de Wolff saiu quando ele ainda era muito pequeno, buscando prosperidade financeira (ou simplesmente para fugir da miséria no interior) em Porto Alegre. Eis um trecho do texto A Terra Prometida: “Sou filho de camponeses e sei o que sofreram até serem obrigados a deixar alguns acres de terra seca num lugar chamado Buriti, no Rio Grande do Sul, e buscar refúgio no El Dorado que para eles era a cidade grande”. Enfim, esse santo-angelense foi (e é) aclamado por grandes jornalistas e escritores, esses sim, conhecidos dos missioneiros e não-missioneiros, como Luis Fernando Verissimo, Millôr Fernandes, Ziraldo, Carlos Heitor Cony, Fernando Morais e muitos outros. Ou seja, o nosso Fausto Wolff (mesmo que renegasse Santo Ângelo – não sei se ele o fez ou não - enfim, ele é santo-angelense) foi reconhecido, admirado e exaltado por esses nomes ilustres menos por nós mesmos, conterrâneos desse jornalista, que foi um dos mais ousados que esse país já teve (uma espécie de Paulo Francis da esquerda)... Ou seja, enquanto vejo ruas, escolas e outros espaços públicos de Santo Ângelo ganharem nomes de pessoas que nunca passaram por Santo Ângelo, ou ainda, por intendentes sanguinários de séculos passados, não vejo nenhuma grande homenagem a esse escritor, nascido na Buriti. Tudo bem, admito, talvez até tenha tal homenagem, mas está tão escondida, que nos mais de 15 anos em que morei em Santo Ângelo nunca ouvi falar. Nunca ninguém me disse que mora na rua ou avenida (ou sequer travessa) Fausto Wolff ou que estuda na Escola Fausto Wolff... Enfim, fica a sugestão aí para nossos políticos de plantão, que tanto foram criticados e zoados pelo nobre jornalista...
Aliás, no texto “Terra prometida” ele fala justamente das famílias que deixam a área rural em busca do tesouro perdido na cidade grande. Uma grande falácia, por sinal, que está causando, a cada ano que passa, um abismo maior entre a população urbana e a rural. Mas isso não vai ficar assim. Com poucas pessoas produzindo no campo, é questão de anos para que produtos, hoje comprados a preço de banana (como a própria banana) passem a valer ouro. Enquanto isso não acontece, vou lendo os livros do Fausto Wolff, questionando-me o que ele pensaria de sua terra natal se ele voltasse ao nosso mundo e visse que pouca coisa mudou em quase 60 anos...
Um bom resto de semana a todos.

* Texto publicado em A Tribuna Regional

3 Comentários:

  • Pois veja você manolo... se ele criticou tanto os políticos, é meio difícil que esses aí homenageiem ele neh...

    mas nunca se sabe neh...

    Aliás, mais fácil ele ser homenageado na Buriti, que em Santo Ângelo...

    Abraço aí, Manolo!

    Ahh, jah foi no médico? tchê loooko... hahaha

    flws!

    Por Blogger Mr. Gomelli, às 5 de outubro de 2011 às 10:19  

  • Também nunca tinha ouvido ou lido algo sobre ele.
    E o Gomelli tá certo! Vai te cuidar guri! Nem eu que tô com quase 60 tenho esses piripaque... abre o olho alemão!

    Por Blogger Marcos, às 5 de outubro de 2011 às 12:18  

  • Igualmente nunca ouvi\vi falar dele; mas sempre é bom descobrirmos tesouros de nossa terra. Abraço, guri, e te cuida; vai ver estes pitis aí, pra não repetir mais. Abraço pra ti e turma.

    Por Blogger Lorení , às 5 de outubro de 2011 às 12:25  

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