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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Olha o palhaço!!

É impressionante como o ser humano, em especial os brasileiros, tem vocação para ser palhaço. Apesar do mega volume de informações que circulam pela internet com denúncias de corrupção, abusos de autoridade, injustiças cometidas pela “Justiça”, falcatruas feitas por debaixo dos panos com os caras de pau mentindo descaradamente para os veículos de comunicação, nada acontece e ninguém faz nada. Prestei-me a comprar uma revista semanal de notícias nessa semana para me informar mais sobre o fantástico mundo tupiniquim. A revista escolhida foi a Época.
Tudo bem, não chego a ser ingênuo ao ponto de dizer que tudo o que está na revista ou na imprensa ou na mídia ou nas redes sociais é verdade. Mas, em alguns textos, há fatos públicos, que todos sabem, com o acréscimo de alguns comentários pertinentes que me fizeram ficar pensando: nossa, como somos palhaços.
Comecemos pelo absurdo do absurdo. Na página 52 da revista tem uma matéria com o título “Extravagância amazônica”, que aponta uma denúncia de que no Amapá, um dos estados mais pobres do país, cada deputado ganha R$100 mil por mês, além do salário, para gastar com seus mandatos. Para se ter uma idéia do absurdo da coisa, o segundo estado que mais gasta é Alagoas, do nosso querido Collor (aquele mesmo que passou a mão na sua poupança descaradamente) com R$39 mil. Já São Paulo, que é onde seria até mais justificável ter um gasto maior, o valor é de R$20 mil. A lista vai até Pernambuco, com R$11.500. O Rio Grande do Sul, por exemplo, nem aparece. Agora, por que diabos um deputado do Amapá precisa de R$100 mil para gastar no seu gabinete?? Não há justificativa para isso. E, na matéria, está estampada a cara deslavada do deputado Moisés Souza, que dobrou a verba, que já era absurda: R$50 mil. Pensem vocês no que vocês fariam com esse dinheiro por mês? Isso que nesse valor não está incluído o salário dos nobres deputados. Agora, pensem no que uma família miserável do Amapá, que conta com seis, sete, dez pessoas, faria com 1/10 desse dinheiro por mês? Pensem em quanto poderia ser elevado os salários dos professores, em quantas obras poderiam ser feitas com esse dinheiro todo em um ano? Ou melhor: não pensem mais. Não pensem senão vocês vão sentir vontade de pegar uma metralhadora e invadir a Assembléia Legislativa do Amapá, atirando em todos os seres engravatados que por lá se encontram.
Outro texto da revista que me fez ter certeza do quanto somos palhaços é o “A CPMF é vital para a saúde (dos companheiros)”, do Guilherme Fiuza, aquele mesmo que escreveu o livro, que virou filme, Meu nome não é Johny. Enfim, ele questiona, em uma grande revista, o óbvio: como o governo tem a cara de pau de dizer aos brasileiros que eles devem contribuir mais com impostos enquanto são gastos milhões em comerciais na rede Globo, como por exemplo, aquele em que o MEC defendia os livros didáticos com erros de português, e enquanto o próprio Tribunal de Contas divulga que foram desviados R$2 bilhões da SAÚDE nos últimos nove anos (como destaca o Johny, isso sem contabilizar o que o Tribunal não contabilizou). Para além desse fato, dias atrás saiu uma matéria na Revista Exame, apontando que são desviados cerca de R$50 bilhões por ano no Brasil...
Enquanto essa zona toda acontece o nosso querido povo tupiniquim enche um estádio com quase 100 mil pessoas para ver 22 caras sem caráter, como o Ronaldinho Gaúcho, correndo atrás de uma bola. E, enquanto esses 100 mil estão no estádio, meia dúzia de gato pingado está protestando todos os dias em Brasília por algum motivo (aliás, motivo é o que não falta). O dia em que 100 mil se mobilizarem para protestar em Brasília e “derrubarem reis”, como diz a letra do Geração Coca-Cola, o mundo termina. E isso nunca vai acontecer porque a geração Coca-Cola está muito ocupada tomando Coca-Cola, vendo novela, coçando o saco, etc.
Mas, como nem tudo está perdido no circo chamado Brasil, temos o futebol para nos desestressar. E, na onda de comprar revistas, comprei a revista da ESPM. Nela tive que rir ao ler o Messi dizendo, em entrevista, que não viu o Pelé jogar e que “não me faz falta”. Coitado. Quando ele pegar o documentário do Pelé Eterno para ver vai descobrir que não joga grande coisa, pois lá tem imagens do Pelé destruindo o Boca e os argentinos na Bombonera. Os gringos arrancam o calção do negão e nada de parar ele, que dribla o time todo e solta uma bomba pra dentro do gol. O que Messi faz é fichinha, comparado com que fez o Pelé.
Porém, o mais engraçado foi na matéria sobre as histórias das chuteiras imortais. É a legítima tragi-comédia dos palhaços brasileiros. O Tupãzinho, por exemplo, conta que ainda tem a chuteira do gol do primeiro título nacional corintiano (1 a 0 no São Paulo em 1990). Porém, como ele está sem grana, ele quer leiloá-la por lance mínimo de R$10 mil. Mas, como o que está pior sempre pode piorar, o ídolo corintiano perdeu a tal chuteira: “Preciso achar a chuteira. Jogador muda muito, vai de um lado para outro e não sei onde a chuteira foi parar. Mas vou achar”.
As bizarrices das chuteiras imortais não param por aí. O nosso Aílton, autor do gol do título nacional do Grêmio em 1996, num chutaço contra a Portuguesa, conta que, após usar várias vezes aquelas chuteiras, acabou dando um fim trágico a elas: “Cheguei a costurar o que estava rasgado, até um dia que não dei mais. Joguei no lixo, infelizmente”. Mas, antes dos colorados darem risada, eles devem ler a história da chuteira do Gabiru, a que ele usou na final do título mundial contra o Barcelona. Ao ser questionado se daria o almejado objeto para o museu do Inter, veja o que ele respondeu: “A chuteira é minha, está na minha casa. Por que eu iria dar para o museu do Inter? Fui eu que comprei com o meu dinheiro”.
A história mais tosca, entretanto, é a da chuteira do Edmundo que ele usou nos históricos 4 a 1 aplicados pelo Vasco contra o Flamengo, na reta final do Brasileirão de 1997. Não vou nem explicar, só vou transcrever o que ele disse: “Eu e a Adriana, minha ex-mulher, que admiro muito, brigávamos bastante. Em uma dessas brigas, eu saí de casa, mas não levei nada porque achei que a gente ia voltar logo. Só que não deu certo. A separação foi definitiva e as chuteiras ficaram com os meus filhos”. Porra. Já o goleiro Galato, que defendeu o pênalti na batalha dos Aflitos contra o Náutico em 2005, conta que estava guardando as suas luvas daquela partida, até que as roubaram em uma pelada. “Me roubaram as luvas. Lavadinhas. Nunca mais vi”. Claro que a matéria também traz algumas histórias de chuteiras históricas bem guardadas, mas essas não têm graça. O que me interessa é o tragi-cômico da história dos palhaços tupiniquins.
Hasta!

4 Comentários:

  • porra alemao, é rir pra nao chorar

    Por Blogger Zaratustra, às 23 de setembro de 2011 às 20:39  

  • Eu estive dentro de uma do Collor. A siderúrgica em que eu trabalhava foi vendida por 10% do valor, financiada pelos bancos do governo e com 10 anos de carência pra pagar! Traduzindo: eu te vendo um bem meu bem baratinho, te empresto do meu dinheiro pra ti comprar e você tem dez anos pra juntar dinheiro pra me pagar! É mole?
    Ah, e ainda eu me obrigo a demitir os funcionários e indenizá-los pras então entragar a empresa.
    É mole ou quer mais?

    Por Blogger Marcos, às 24 de setembro de 2011 às 06:16  

  • Mas dudu, tem que ser positivo. vê o Inter - tem quatro convocados, o time é uma seleção. Enquanto voces, tem o fujão. mas dudu nao desanime. O são luiz está voltando.

    Por Blogger sandro, às 28 de setembro de 2011 às 05:40  

  • Cara, a minha professora de Legislação no Cursinho que to fazendo diz uma coisa que é impressionante. Segundo ela, e ela fala com propriedade, no Brasil, se não houvesse taaaaaanto roubo, o salário MÍNIMO poderia ser superior a R$ 6 mil.

    Cara, imagina isso... tá loko... tem muita grana no país, até porque o país é enoooorme... mas também tem muita corrupção. E isso, infelizmente, não é só na política.

    Abraço aee, manolo!

    Por Blogger Mr. Gomelli, às 29 de setembro de 2011 às 22:21  

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