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sábado, 3 de setembro de 2011

O exército de um homem só

Tenho que concordar com meu primo Alemão: O Exército de um homem só, do Moacyr Scliar, é um excelente livro. E mais: é um livro bom e barato. Não lembro quanto paguei, mas certamente foi menos que 15 pila, pois ele conta com 162 páginas na versão Pocket da LP&M. Eu o li em quatro dias. 30 páginas cada 24 horas nos três primeiros dias e 72 páginas hoje. Acabei de ler agora, às 20 para a uma da madrugada, após mais ou menos uma e meia hora ininterrupta de leitura. Isso é para vocês verem como o livro é de prender a atenção do leitor, pois, dependendo do livro, leio meia hora e fico meio viajando, sentindo-me obrigado a dar uma arejada na cabeça antes de seguir em frente.
Bom, sobre a obra, realmente as minhas impressões das primeiras 27 páginas, mencionadas no outro post, estavam corretas. O livro realmente trata de um judeu-comunista-quixotesco. Aliás, pode-se falar que a história é meio que uma mescla, muito bem feita, diga-se de passagem, de Dom Quixote com A revolução dos bichos. Claro que a história, a narrativa e os personagens são diferentes, tem suas particularidades próprias, mas daria para se formar uma trilogia: Dom Quixote, A revolução dos bichos e O exército de um homem só. Na verdade, os três livros não se imitam, mas sim, complementam-se, mesmo sendo escritos em épocas, países e culturas completamente diferentes. Só para resumir a história do Exército de um homem só, o personagem principal, que é chamado de Capitão Birobidjan, passa por diversas etapas de vida, vendo homenzinhos e fazendo amizades com animais, tentando construir uma nova sociedade mais justa, mais equilibrada, enfim, uma sociedade bem diferente de todas as que tivemos até hoje. Essa sociedade se chamaria Nova Birobidjan. Enfim, vou resumir a vida do capitão em quatro etapas:
1) Birobidjan, que se chamava Mayer Guinzburg, é criança e adolescente rebelde, causando problemas ao seu pai, justamente pelas primeiras idéias comunistas e pela descrença na religião.
2) O capitão se casa, tem filhos e sua loucura vai ficando cada vez mais acentuada, enxergando homenzinhos de 10 centímetros que são o público de seus discursos. Acaba deixando a família para viver em uma casa abandonada, onde resolve fundar a nova sociedade, tendo como aliados os companheiros Porco, Cabra e Galinha, apesar de ele não gostar muito da galinha. Acaba se envolvendo numa confusão com quatro vagabundos e uma mulher, Santinha, até que dá tudo errado e é forçado a voltar para a mulher e os filhos.
3) Devido ao sofrimento que a mulher e os filhos passam pela sua loucura e pela falta de grana, entra no mercado imobiliário e fica rico. Tem um caso com sua secretária e passa de oprimido a opressor, bem como os porcos da Revolução dos bichos, de George Orwell. Mas, em um estilo meio Joseph Klimber, tudo dá errado, vai à falência, a família o abandona e ele abandona a amante, que na verdade é filha de um grande amigo, enfim, mete-se em uma porrada de rolos...
4) Acaba em uma pensão, que é uma espécie de asilo. Lá comanda uma “revolução” com os outros hóspedes, todos idosos e doentes, prendendo a dona da pensão em um quarto. Só que quando tenta fundar uma nova sociedade, os outros moradores da pensão não querem saber de trabalhar pelo coletivo....
O resto não vou contar, pois a idéia é que vocês, preguiçosos leitorinhos, leiam o livro. Vale a pena, isso eu garanto!
Como diria o velho capitão: Hasta, companheiros!

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